Por: Marcelo Constantino

Se o Pittsburgh Penguins vencer essa Copa Stanley, o time já tem a quem agradecer.

E não é exatamente a Evgeni Malkin, que vem destruindo nos playoffs e que ontem destruiu o Detroit Red Wings. Também não é aos excessivos e constantes turnovers que os Wings proporcionam a cada jogo. Também não é ao time de matar penalidades do Detroit, que dá a certeza aos Pens de marcar pelo menos um gol por jogo.

Não, nada disso. Os Pens deverão agradecer primeiramente àquele gol em desvantagem numérica do jogo 4, marcado por Jordan Staal.

O jogo 4 começou com toda a pinta de que seria mais uma vitória dos Penguins. O time da casa jogava melhor, encurralava mais e provocava os já tradicionais e convidativos turnovers do adversário. E aí vem uma penalidade e, claro, gol dos Pens em vantagem numérica. Os Red Wings são generosos nesse aspecto: raras são as partidas em que o time não cede um gol nessa situação.

Com 1-0 no placar, os Penguins seguiam melhores. Bem melhores. As chances reais de gol, os maiores perigos — ainda que não tenham sido numerosos — eram deles. Mas eis que um turnover, dessa vez do Pittsburgh, faz com o que o disco caia no taco de Darren Helm, que o manda pra dentro do gol. "Opa! Será que assistiremos a mais um daqueles jogos em que o adversário começa melhor, não capitaliza o necessário e acaba perdendo para o Detroit no fim?"

Era o que começava a sinalizar, ainda mais quando Brad Stuart acertou um tiro de longe logo no começo do segundo período. Mais ainda quando os Pens foram penalizados. Vantagem numérica (VN) para o Detroit: era a chance de ampliar o marcador para 3-1 — e, no fim do horizonte, ampliar a série também para 3-1.

Mas os Wings desperdiçaram a chance. Tudo bem, logo no fim daquela VN houve outra. Outra VN para o Detroit, mais uma chance. E aí o panorama mudou.

Jordan Staal partiu com o disco dominado, num daqueles avanços em desvantagem numérica que geralmente não dão em nada. Mas ele avançou, progrediu, circulou em volta de Brian Rafalski, tomou a frente dele, protegeu o disco e a si próprio e mandou para o gol. Gol.

Ali a história das finais da Copa Stanley de 2009 mudou.

Quando o Detroit teve nas mãos a chance de ampliar o jogo e provavelmente a série para 3-1, quando todas as expectativas giravam em torno da possibilidade de o time marcar (ou não) o gol que seria o passo adiante, o time não apenas não marca, mas sofre um gol em desvantagem numérica. Ao invés de 3-1, 2-2. No jogo e na série. Como num passe de mágica.

Sim, na série também, porque daquele momento em diante o Detroit acabou. Um gol em desvantagem numérica desmoraliza. E, naquele momento, com a expectativa de ampliar o placar e a série (e mesmo diante do histórico de mediocridade do próprio time de matar penalidades do Detroit), eis que o time de matar penalidades do Pittsburgh mudou a história do jogo e das finais. Desmoralizou e muito.

Na cabeça de cada jogador certamente estava algo como "ei, nós sempre sofremos gol quando matamos penalidades, e agora sofremos também quando eles matam". Imagine então o que se passava na cabeça dos Penguins.

Mas nem precisa. Os Wings prosseguiram com a VN, mas sem nem coçar o gol de Marc-André Fleury. Nenhum chute a gol. Era um sinal. E aí tome turnover e tome contra-ataque dos Pens. E tome gol dos Pens. Malkin e Sidney Crosby, gol. Crosby não marcava gols, não pontuava nas finais? Quem não marca gols nem pontua chama-se Marian Hossa, não Crosby.

Mas tinha mais. Turnovers do Detroit, claro. E contra-ataques do Pittsburg. Chris Kunitz, Crosby, Tyler Kennedy, gol. Golaço, pintura de jogada e de gol. 4-2. Fim de jogo. Ainda que houvesse todo o terceiro período para jogar.

Com esse segundo período arrasador, o Pittsburgh acabou com o Detroit em mais uma noite espetacular de Evgeni Malkin, o grande nome da série, do Pittsburgh e dos playoffs até aqui. O jogador que efetivamente vem desequilibrando, com cinco pontos nos dois jogos em casa.

Mas a vitória não se deve somente a ele e ao gol de Staal. Os Penguins têm feito um excelente trabalho defensivo, praticamente eliminando espaços e chances para o Detroit.

E, ressalte-se, não houve qualquer ajuda de Chris Osgood aos Pens. Pelo contrário, o goleiro deu todas as chances possíveis ao Detroit de manter-se no jogo. A rigor, ontem foi uma boa atuação de Osgood. Fosse uma noite ruim e os Pens teriam saído do jogo com um placar bem mais elástico.

Com a história das finais alterada, cabe agora aos Penguins seguir escrevendo essa história. Ou ao Detroit retomar a caneta e reescrevê-la.

Marcelo Constantino perdeu o encanto com o NHL GameBufferingCenter.

Jamie Sabau/Getty Images
Evgeni Malkin destruiu no jogo 4, tendo sofrido a penalidade que levou ao primeiro do gol dos Penguins, marcado por ele; e ainda por ter assistido em outros dois gols: o de empate e o da vitória.
(04/06/2009)
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Página publicada em 5 de junho de 2009.