Detroit Red Wings e Pittsburgh Penguins classificaram-se para a final
da Copa Stanley de 2009 e têm tudo para protagonizar uma série histórica.
Se a final do ano passado é aclamada como a melhor tecnicamente dos
últimos tempos, esta tem tudo para ser a melhor tecnicamente, emocionalmente
e historicamente, seja lá o que tudo isso significar.
A última vez em que um campeão da Copa Stanley defendeu seu título na final do ano seguinte foi em 1998. Foi o próprio Detroit Red Wings, que vencera o Philadelphia Flyers no ano anterior e venceria o Washington Capitals naquele ano, selando o último bicampeonato conquistado na NHL.
A última vez em que houve revanche nas finais da Copa Stanley foi em 1984 (esta informação foi publicada equivocadamente por mim em nosso blog, e posteriormente corrigida graças ao alerta do leitor José Roberto, a quem agradeço). Era o encontro de duas dinastias da NHL, o New York Islanders e o Edmonton Oilers dos anos 80. Era um momento que marcava o fim da dinastia dos Isles de Mike Bossy, enquanto começava a dos Oilers de Wayne Gretzky. No ano anterior, os Islanders venceram a final por 4-0, mas em 1984 os Oilers deram o troco com 4-1. O NY Islanders nunca mais chegou a uma final de Copa Stanley.
A última vez que houve revanche nas finais da Copa Stanley com um mesmo vencedor foi em 1978. O Montreal Canadiens, então comandados por Scotty Bowman, venceu o Boston Bruins nas duas finais consecutivas (1977 e 1978).
E agora temos o embate entre Detroit Red Wings e Pittsburgh Penguins. Poucas vezes foi visto um confronto entre times tão diferentes quanto os dois. O Detroit é um time bem mais velho, que joga de forma cadenciada, objetivando ostensivamente a posse do disco, e que insiste em rolar quatro linhas de ataque -- mesmo sofrendo com diversas contusões no elenco.
O Pittsburgh é o time de duas das maiores estrelas da NHL. Sidney Crosby e Evgeni Malkin são dois dos três melhores atacantes da NHL no momento. E possivelmente seguirão sendo por mais dez anos. É um time mais jovem, que geralmente prefere um jogo mais corrido (e, se conseguir isso contra o Detroit, pode ser uma chave para vencer).
No Detroit não é incomum que Henrik Zetterberg, Pavel Datsyuk, Nicklas Lidstrom não apareçam com pontos nos boxscores. No Pittsburgh, um jogo em que Crosby e Malkin não pontuem é provavelmente um mau sinal. Alguns poderão deduzir que "basta parar os dois para vencer". Como se fosse fácil parar jogadores do calibre de Crosby e Malkin.
Há MVPs "ocultos" de cada lado. Bill Guerin vem jogando uma barbaridade, como se tivesse dez anos a menos. Não fosse a presença dos dois grandes, ele seria tiro certo para MVP pelo lado dos Pens. Brad Stuart vem sendo efetivamente o defensor número 1 do Detroit, o mais regular dentre todos. Sim, mais que ele, Lidstrom.
Há "hard-hitters" de cada lado. Nicklas Kronwall dispensa apresentações (foi angustiante ver Martin Havlat inconsciente e de olhos abertos no gelo, sobretudo por ter sido um tranco legal), mas Brooks Orpik não fica muito atrás. Há experiência e Copas Stanley com Brian Rafalski, mas Kris Letang vem jogando melhor nos playoffs do que na temporada. Marc-André Fleury foi (levemente) criticado por suas atuações nas finais do ano passado e vem dando a volta por cima? Esta é a história de vida de Chris Osgood.
Há um Darren Helm de um lado, um jogador que passou a temporada jogando pela liga menor sem marcar gols e agora vem sendo uma baita surpresa nos playoffs, com direito a gols decisivos. Do outro você tem o escolado Ruslan Fedotenko, também marcando gols decisivos e dando o sangue para mostrar que o Pittsburgh está muito longe de ser um time de uma linha só. A semelhança entre ambos é que os dois (Helm e Fedotenko) já têm uma Copa no currículo.
Não se iludam com as contusões do Detroit. Mesmo jogando com metade da defesa titular contundida (Lidstrom, Jonathan Ericksson e Andréas Lilja), o time foi capaz de fechar a final de conferência no jogo 5. Lilja não joga as finais, mas não se sabe quanto aos outros dois. Possivelmente ainda veremos um pouco de Chris Chelios, aos inacreditáveis 47 anos de idade, nas finais.
Consta que Marian Hossa também contundiu-se no jogo 5. Hossa, aliás, é o personagem das finais, já que esteve do outro lado no ano passado e pediu ao Detroit para ser contratado para esta temporada. No aspecto contusões os Pens levam a melhor. Pelo menos até o momento. Mas vai que o Detroit coloca no gelo Lidstrom, Datsyuk e Hossa, e mais, todos realmente recuperados. Aí teremos efetivamente uma grande final entre grandes com seus grandes jogando.
Que seja o grande espetáculo prometido.
Marcelo Constantino adora trancos, mas ficou angustiado ao ver Martin Havlat inconsciente no gelo.