JOGO 2
Carolina 5-0 Edmonton

JUSSI MARKKANEN
Um dos motivos por que os Oilers sofreram tanto só para se classificar aos playoffs, agora ele é o titular (Dave Sandford/Getty Images - 07/06/2006)
por Michael Farber

Existem os mais variados tipos de fórmula para ganhar a Copa Stanley, mas usar os três goleiros do seu elenco nos primeiros dois jogos provavelmente não é uma delas.

Tendo de escolher entre o goleiro Vende-Mais-Porque-É-Fresquinho e o É-Fresquinho-Porque-Vende-Mais depois de perder o titular Dwayne Roloson pelo resto da série no fim do jogo 1 — ou Ty Conklin ou Jussi Markkanen, ambos com horríveis 88% de defesas durante a temporada regular —, o técnico do Edmonton Oilers, Craig MacTavish, decidiu-se pelo É-Fresqui-nho-Porque-Vende-Mais, o às vezes fraco finlandês. Depois de ver cinco luzes vermelhas atrás de si, iluminadas pelo determinado Carolina Hurricanes, Markkanen pode até passar a ser chamado de É-Fresquinho-Porque-Sofre-Mais. Pelo menos é isso que os Hurricanes estavam fazendo com ele.

E o fato mais preocupante numa noite em que os Oilers não só perderam, mas patinavam por aí como crianças no recreio, é que Markkanen se encaixou perfeitamente: não foi melhor nem pior que o time à sua frente. Na verdade, MacTavish poderia ter usado Markkanen e Conklin no gol ao mesmo tempo. Isso mal teria importado.

"Achei que [Markkanen] jogou bem", disse o ponta Ryan Smyth, dos Oilers. "Ele nos manteve no jogo no início. Para alguém que não jogava há um bom tempo" — Markkanen não jogava desde 1.º de março, e não consegue uma vitória desde 25 de janeiro — "ele foi bem. Não há por que colocar a culpa nele."

Tudo bem. É claro, sua porcentagem de defesas em sua estréia em play-offs acabou sendo 80,8% — cinco gols em 26 chutes na goleada por 5-0 —, mas ele foi vítima de um time que simplesmente derreteu. Depois de alguns minutos promissores no primeiro período, quando os determinados Hurricanes foram forçados a bloquear 11 chutes, os Oilers simplesmente nunca entraram no gelo. Eles jogaram como time de fundo de quintal nos primeiros oito minutos, permitindo três 2-contra-1 e sofrendo o primeiro gol quando Andrew Ladd marcou com a ajuda do patim de Marc-Andre Bergeron, que está matando seus goleiros (lembre-se de que foi Bergeron que empurrou Ladd contra Roloson a menos de seis minutos do fim do terceiro período no jogo 1, nocauteando o goleiro com uma contusão no joelho, o que acabou por deixar os Oilers neste dilema; se o Carolina for campeão, Bergeron pode ganhar uma parte do bicho).

Eles não conseguiram se manter fora do banco de penalidades e, quando estavam em desvantagem numérica, não conseguiram manter a integridade de seu quadrado de quatro homens, permitindo que o Carolina marcasse três gols de vantagem numérica em dez oportunidades. Como MacTavish apontou, houve alguns lances realmente de sorte nos gols do Carolina, mas Markkanen deixou alguns rebotes, como quando não conse-guiu segurar o chute de Nic Wallin que acabaria por dar origem ao gol de Cory Stillman com poucos segundos faltando no segundo período, um gol que pareceu ter feito os Oilers desmoronar junto com sua disciplina.

"Acho que estávamos muito impacientes", avalia o central Michael Peca, dos Oilers. "Fomos pegos no jogo aberto que eles gostam de jogar, e isso nos tornou vulneráveis. Eles se aproveitaram disso. A última coisa de que precisávamos era continuar a dar a eles a oportunidade de marcar gols em um cara que não jogava havia quatro meses."

Agora MacTavish não tem mais para onde ir, a não ser para Edmonton para o jogo 3, no sábado. Ele está decidido a manter Markkanen pelo resto da série, na esperança de que o nível de confiança do goleiro — um dos motivos por que ele prefriu Markkanen a Conklin, que cometeu o erro no domínio de disco que resultou no gol da vitória do Carolina no último minuto do jogo 1 — melhore. De acordo com MacTavish, se a atuação indiferente de Markkanen foi uma questão de nervos, isso teria sido evidenciado pelo jeito com ele lidou com o disco. Com isso ele não teve problemas. E ele certamente foi buscá-lo no fundo do gol com serenidade.

Se o Edmonton vai conseguir se recuperar nesta série, tem que tornar quer quer que seja seu goleiro irrelevante. Os Oilers precisam vedar Markkanen, colocar-se no caminho de ainda mais chutes a ser bloqueados e jogar da mesma maneira que na era pré-Roloson, quando o gol era responsabilidade do frágil trio formado por Markkanen, Conklin e Mike Morrison (trocado para o Ottawa no dia-limite). Os Oilers têm de evitar penalidades, marcar firmemente a defesa do Carolina e pressionar na zona neutra.

MacTavish tem uma dura tarefa de convencimento até sábado, para fazer seu time ignorar que está perdendo por 10-1 na série desde os últimos instantes do segundo período do jogo 1. E que seu goleiro titular está seriamente contundido, com sua barba de playoffs uma memória tão distante quanto suas geralmente sólidas atuações, e deu lugar a um reserva que foi um dos motivos por que os Oilers, oitavos no Oeste, sofreram tanto só para chegar à pós-temproada.

Se você torce para os Oilers, isso é o suficiente para chorar.



Michael Farber é jornalista da revista Sports Illustrated. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht..
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Página publicada em 8 de junho de 2006.