JOGO 2
Carolina 5-0 Edmonton

JOGO DE EQUIPE
O time do Carolina vem esbanjando confiança nestas finais (Bruce Bennett/Getty Images - 07/06/2006)
por Scott Burnside

Após a sua derrota mais vergonhosa nos playoffs, os Oilers têm de encarar a dura realidade de que estão sendo superados por um time que de repente roubou a sua identidade. Ao sapecar 5-0 ontem e, conseqüentemente, assumir uma vantagem de 2-0 nas finais da Copa Stanley, os Hurricanes absorveram cada elemento positivo do plano de jogo dos Oilers nesta pós-temporada e mandou-o de volta na cara dos Oilers.

Depois de parecer cambaleante no jogo 1, a defesa do Carolina foi sólida como uma pedra no jogo 2, bloqueando 24 chutes, incluindo 11 no primeiro período. Os Oilers, cujo bloqueio de chutes nestes playoffs tem sido exemplar, bloquearam apenas sete.

"É sempre frustrante para um time quando o outro está bloqueando chu-tes. E nós já fomos esse outro time", reconheceu o atacante Michael Peca, do Edmonton, que pouco tem produzido depois de ter dominado nas finais da Conferência Oeste.

Enquanto os Oilers ganharam a batalha física no início do jogo 1, os Hurricanes é que as dominaram no jogo 2, com uma vantagem de trancos de 17-9 e repetidamente tirando o disco dos Oilers com trancos e pressionando sua defesa.

Com Cam Ward continuando a provar que é sério candidato ao Troféu Conn Smythe com suas atuações consistentes, os Hurricanes simplesmen-te esperaram pacientemente até achar rachaduras na fachada dos Oilers e depois atacaram com impressionante precisão.

"O jogo em 5-contra-5 tem sido bastante equilibrado, mas eles têm tido mais oportunismo do que nós até agora", assume o técnico do Edmonton, Craig MacTavish.

Lembra-se da confiança que os Oilers demonstraram contra o Anaheim, quando nunca pareciam achar que as coisas iriam dar errado? Lembra-se daquele time dos Oilers que nunca parecia correr perigo mesmo quando os Sharks levaram os dois primeiros jogos da série, só para depois perder os quatro seguintes?

Ver os jogadores do Edmonton patinando sem rumo no terceiro período ontem fez parecer que aqueles momentos triunfantes aconteceram com outro time.

"Sabe, já estivemos nessa situação antes. É um pouco mais decepcionante quando você é humilhado por 5-0 no segundo jogo do que o que tinha acontecido na série com o San Jose quando também perdemos os dois pri-meiros", lamenta MacTavish. "Então, estamos um pouco mais abalados nesse aspecto, mas também temos confiança e podemos nos confortar com o fato de que já viramos uma série antes."

Isso começa e termina pelo gol, é claro.

Enquanto o titular Dwayne Roloson estava usando de sua mágica, antes da contusão que acabou com sua temporada no jogo 1, os Oilers podiam levar seu jogo físico até o limite e além. O Edmonton chegou às finais com a melhor unidade de desvantagem numérica na pós-temporada, jogando com um sentimento de invencibilidade, de que podia ditar seu estilo com impunidade, porque, no final, nada de mau iria acontecer, do jeito que Roloson estava jogando.

Ontem, os Oilers sofreram três gols de vantagem numérica em dez chances, e foram os Hurricanes que dominaram enquanto em desvanta-gem numérica, acabando com todas as seis chances dos Oilers. No total, os Canes têm uma vantagem de 9-1 sobre os Oilers nos últimos quatro período; 10-1 se você contar o primeiro gol dos Canes no finzinho do segundo período do jogo 1.

Agora as atuações de Ward, de apenas 22 anos, que parece não ter aquele frio na barriga de finais da Copa Stanley, têm dado aos Hurricanes esse mesmo sentimento, essa mesma vantagem.

"Ele é um garoto legal, e acho que nada consegue distraí-lo", elogia o capitão do Carolina, Rod Brind'Amour. "Estamos orgulhosos dele, porque ele batalha por nós e tem sido a diferença nesses dois jogos."

O shutout, com 25 defesas, de Ward foi o primeiro de um novato nas finais desde que Patrick Roy fez o Calgary passar em branco, 1-0, no jogo 4 das finais de 1986.

Alguém perguntou a Brind'Amour se a atuação de Ward lembrava a de Roy em sua campanha de Conn Smythe como novato, quando o Montreal sur-preendeu a todos levando a Copa em 1986.

"Não me lembro dessa época tão distante, mas é essa a idéia", respondeu Brind'Amour. "Você não chega longe assim sem um goleiro bom, e não há como olhar para o gol e não perceber que é por isso que ainda estamos jogando."

Esse sentimento de ser incapaz de fazer algo errado irradia-se de Ward e torna possíveis coisas como o primeiro gol dos Hurricanes. Instantes após cortar um ataque maciço dos Oilers, os Hurricanes contra-atacaram dois-contra-um. Ao invés de passar de volta para o superstar em ascenção Eric Staal, Andrew Ladd chutou. O disco bateu no calcanhar do patim de Marc-Andre Bergeron e passou por Jussi Markkanen, dando aos Canes a vantagem por 1-0 com 6:21 de jogo.

Foi a mesma coisa no gol de Cory Stillman, que quebrou os Oilers a 2,4 segundo do fim do segundo período, dando aos Hurricanes uma vantagem de 3-0. Stillman errou o gol com seu primeiro chute. O disco subiu, caindo do outro lado da rede. Com Markkanen sem conseguir achá-lo, Stillman disparou por trás do gol e mandou-o para dentro.

"Esse foi o gol que realmente acabou com a gente [ontem], com certeza", lamentou MacTavish.

O fim da mágica dos Oilers pode ter coincidido com a perda de Roloson no fim do jogo 1. Mas seria injusto sugerir que a derrota no jogo 2 foi culpa de Markkanen. Apesar de o goleiro de 31 anos ter sofrido cinco gols em 26 chutes em seu primeiro jogo como titular desde 1.º de março, não havia muito que ele pudesse fazer.

"Houve alguns lance de sorte meio loucos nos gols", observa MacTavish. "Acho que muitos de nós estão tentando fazer coisas demais, numa situa-ção em que um monte de gente está tentando fazer a diferença, e precisa-mos de uma atuação mais previsível de vários de nossos jogadores."

Provavelmente, o que MacTavish quer dizer com "previsível" é voltar ao modo de pensar e ao plano de jogo de seu passado recente. Infelizmente para ele, parece que essas qualidades fixaram residência no vestiário ao lado.



Scott Burnside é jornalista da ESPN.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 8 de junho de 2006.