Há times que em TheSlot.com.br recebem mais destaque do que outros. Não é questão de favorecimento, desprezo ou coisa do tipo. Às vezes apenas seguimos a tendência da imprensa internacional, ou mesmo dos jogos que conseguimos ter algum acesso — leia-se, baixar na Inet —, nos fornecendo mais material para falarmos sobre a equipe.

Uma das equipes mais injustiçadas nessa temporada pela equipe de TheSlot.com.br tem sido o Buffalo Sabres. Enquanto exaltamos campanhas de franquias de sucesso recente, como os Predators, ou franquias canadenses que há muito tempo não tinham um time competitivo, mas que agora são fortes candidatos a vencer a Copa Stanley nesta temporada, como Oilers e Flames, nos esquecemos de ver o surgimento silencioso dos Sabres como uma força no Leste.

Caso não houvesse a velha e injusta regra dos líderes de divisão, de acordo com a tabela de classificação do dia 19 os Sabres seriam os vice-líderes da Conferência Leste, atrás apenas dos quase imbatíveis Senators — sem alusões ao Liverpool —. Para aqueles que acham pouco, os Sabres seriam ainda terceiro colocados no geral, afinal da Conferência Oeste somente os Red Wings têm melhor campanha que a franquia de Buffalo.

O modesto elenco dos Sabres, sob a tutela do veterano treinador Lindy Ruff, no comando há oito temporadas, vem mostrando que a cidade pode adotar um outro esporte no coração. Acostumada a torcer pelo seu time de futebol americano, os Bills, a comunidade já pode vibrar e se familiarizar com outra modalidade. Apesar do lento começo, com uma campanha não mais do que regular no mês de Outubro, os Sabres engataram uma série de bons resultados a partir de meados de Novembro, chegando à grandiosa campanha de 14-1-1 nos últimos 16 jogos — a única derrota em tempo regular veio contra os revigorados Sharks após a chegada de Joe Thornton.

O mais surpreendente disso tudo é a dificuldade em apontar um responsável único pelo sucesso dos Sabres. Para exemplificar: o Buffalo não possui um jogador sequer dentre os maiores pontuadores da liga; Ales Kotalik, líder no quesito, possui 25 pontos, contra 28 do 50° colocado. Entre os goleadores, apenas Daniel Briere e Kotalik aparecem no top 50.

Vinculado a isso, temos a profundidade dos Sabres, em diversos setores. Tudo bem que não há grandes estrelas, mas a equipe é recheada de talentos em desenvolvimento. Como já foi citado no Guia da Temporada 2005-2006, Ruff tem à sua disposição uma gama tão vasta de jogadores talentosos que pode mexer nas linhas o quanto quiser para achar as melhores combinações. Um exemplo disso é a posição central. Quem não gostaria de ter em seu elenco os habilidosos Briere, Chris Drury, Jochen Hecht — agora improvisado na asa esquerda — e Tim Connolly? Completam ainda os versáteis Derek Roy e Adam Mair.

A defesa segue apoiada em Teppo Numminen, que parece ficar cada vez melhor com o passar dos anos. Apesar de ainda ser o ponto fraco da equipe, não há do que se queixar de uma defesa desfalcada de seus grandes talentos dos últimos anos: Alexei Zhitnik e James Patrick. Os esforçados McKee, Kalinin, Fitzpatrick e Lydman tentam fazer o possível — e vem funcionando.

No gol, os Sabres se apresentam melhor do que pelo menos 90% da liga. Enquanto alguns times se gabam por possuir dois bons goleiros, Ruff vive o drama de não ter como dividir o cargo por três nomes. Ryan Miller, suposto titular do time, quebrou um dedo ao longo da temporada e foi substituído com excelência pelo bom Martin Biron. Mika Noronen tem sido o elo frágil e pode estar de malas prontas para Edmonton. A troca envolveria ainda Afinogenov e Fitzpatrick, enquanto os Oilers enviariam Radek Dvorak, Cory Cross e Marty Reasoner, todos promissores porém passando por má fase em Edmonton.

Frente ao bom elenco, é perceptível que a própria torcida não caminha junto com a equipe. Mesmo com o time fazendo bonito, a média de público na HSBC Arena é de apenas 14.947 pessoas por jogo. Para traçar um comparativo com as equipes com campanhas parecidas, os Senators têm uma média de 19.385 espectadores em jogos em casa, enquanto os Wings apresentam números ainda melhores, com 20.101 fãs dentro da Joe Louis Arena.

Não à toa, o maior adversário dos Sabres na fase atual pode ser os rumores fora do gelo. Enquanto o time faz bonito na NHL, Dargy Regier, o gerente-geral, luta para segurar a franquia em Buffalo. Não faltam propostas: Kansas City e Cleveland aparecem como favoritas, mas outras cidades canadenses, como Winnipeg, sonham em repatriar uma equipe para voltar à NHL.

Enfim, frente às novas regras da liga e o novo cenário econômico, os Sabres têm tudo para ser bem sucedidos, ainda mais com os competentes gerentes da equipe, dentro e fora do gelo. Falta saber se a comunidade vai ajudar a equipe a ser bem sucedida em Buffalo ou então restará vê-la pela TV brilhar NHL afora.


Daniel Novais esreveu essa matéria ouvindo Straylight Run, assistindo NFL, negociando na LBH e acompanhando os Sabres vencerem os Flyers, tudo ao mesmo tempo.
PEQUENOS VENCEDORES Mesmo não sendo o foco central da foto ou da liga, quem mais tem comemorado ultimamente é o Buffalo Sabres (Rick Stewart/Getty Images - 14/12/2005)
QUENTÍSSIMO Após péssima pré-temporada, o goleiro Martin Biron vem sendo fundamentel na boa campanha dos Sabres (David Duprey/AP - 08/12/2005)
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Página publicada em 21 de dezembro de 2005.