Havia um tempo em que a Quebec Major Junior Hockey League era mais conhecida pelos grandes talentos ofensivos que produzia. Jogadores como Mario Lemieux, Mike Bossy e Guy Lafleur, por exemplo. Mas a natureza ofensiva daquela liga deu espaço a um inesperado efeito da última década: o melhor grupo de goleiros do hóquei. Patrick Roy, do Colorado, é o "padrinho" do movimento, mas é bom destacar que todos os quatro goleiros que começaram os jogos 1 das finais de conferência — Martin Brodeur, do New Jersey, Patrick Lalime, do Ottawa, Manny Fernandez, do Minnesota, e Jean-Sébastien Giguere, do Anaheim — são ex-jogadores da QMJHL. Vale lembrar que Roberto Luongo, do Florida, o goleiro que liderou o Canadá na conquista do recém-encerrado Mundial na Finlândia, também é. Lalime, aliás, estabeleceu um recorde dos playoffs modernos ao limitar os adversários a dois gols ou menos por 11 jogos consecutivos.

O Minnesota, que já é o único time na história da NHL a virar duas séries que perdia por 3-1 no mesmo ano, vai para o jogo 3, em Anaheim, enfrentando outro desafio estatístico: apenas 34 times na história dos playoffs viraram séries que perdiam por 2-0, tendo apenas 15 destes perdido os dois primeiros jogos em casa, como o Wild. O precedente claramente favorece os Mighty Ducks, apesar de nenhum dos dois times estar considerando a fatura liqüidada. "Olhe para o que esses caras fizeram", disse Rob Niedermayer, dos Ducks. "Eles estiveram atrás, 3-1, nas suas duas séries e acharam um jeito de virar. Não queremos dar nenhuma chance para eles. Eles são um time bastante perigoso."

Jean-Sébastien Giguere, goleiro do Anaheim, conseguiu shutouts contra o Wild quatro vezes nesta temporada, incluindo nos jogos 1 e 2 das finais do Oeste. Ele parou todos os 63 chutes que encarou durante a série até aqui e é o primeiro goleiro a conseguir dois shutouts seguidos no início de uma semifinal da Stanley Cup desde que Terry Sawchuk, do Detroit, o fez contra o Toronto em 1952. Ele não toma gols há 153 minutos e 17 segundos de trabalho.

O intimidador Rob Ray, do Ottawa, não tem conseguido fazer parte do time titular nestes playoffs, então tem assistido a muito hóquei. Para piorar as coisas ele não tem mais permissão para fazê-lo em sua posição preferida. Oficiais da liga disseram a Ray que ele não pode mais ficar sentado em um banquinho no corredor que liga o banco dos Senators ao seu vestiário durante os jogos no Corel Centre. Ray disse ao jornal Ottawa Sun que ele acredita que a liga agiu em resposta a uma reclamação do gerente geral do Philadelphia, Bob Clarke, cujo time enfrentou os Senators na segunda fase. Ray acatou, ao menos por enquanto, mas não deixa de cogitar a possibilidade de ignorar o pedido no futuro. "Eu só estava tentando agir como parte do time", disse ele. "Não é como se eu ficasse no banco."

O goleiro Roman Cechmanek, dos Flyers, provavelmente não vai retornar ao time depois de um final decepcionante de playoffs. "Acho que vai ser muito difícil trazer Roman de volta", disse o gerente geral Bob Clarke. "Acho que ele não quer voltar. Acho que ele pensa que aqui não é um bom lugar para ele." Cechmanek, de 32 anos, assinou uma extensão de três anos de seu contrato em janeiro do ano passado, a US$ 3 milhões por ano. Clarke disse que tentará trocá-lo. Cechmanek já voltou para sua terra natal, a República Tcheca, para passar o verão, e Clarke não tem certeza se Cechmanek ainda quer jogar na NHL.

Doug Wilson foi contratado como gerente geral do San Jose Sharks, que ficou de fora dos playoffs pela primeira vez em seis temporadas. Wilson, o primeiro capitão da história da franquia e o diretor de desenvolvimento de jogadores profissionais do time nos últimos cinco anos, vai substituir Dean Lombardi, demitido em março.

O goleiro Patrick Roy, do Avalanche, vai esperar até o fim dos playoffs da NHL antes de anunciar se vai ou não se aposentar. Foi a primeira declaração pública de Roy, que está com 37 anos, sobre seu futuro desde que o Colorado foi eliminado, em 22 de abril.