Por
Marcelo Constantino
Segunda-feira à noite, dia de jogo decisivo para o Detroit Red Wings.
Surpreendidos por uma atuação absurda do goleiro Jean Sebastien Giguere
no jogo 1, quando fez nada menos que 63 defesas, os atuais campeões
confrontaram a mesma barreira no jogo 2. Este seria o jogo da redenção,
tal qual na série contra os Canucks em 2002.
Para felicidade geral da nação de torcedores do hóquei no Brasil, a
ESPN nos agraciou com uma rodada dupla, ao vivo, na noite de segunda.
Depois de assistirmos à fácil vitória dos Avs sobre o Wild por 3-0,
era hora de Detroit x Aneheim, já pelas 23:30 da noite.
Bem que os Wings começaram pressionando. Dominaram as ações na primeira
metade do período inicial e chegaram a mandar um disco na trave no final.
O Anaheim logo demonstrou que não iria ficar para trás e equilibrou
as ações. Veio o segundo período e este foi inteiro dos Ducks. Sim,
o Detroit manda muito mais discos para Giguere defender, mas é nítido
que os Ducks conseguem lidar bem com isso.
O novato Dmitri Bykov errou um passe na zona neutra, veio Stanislav
Chistov, roubou o disco e passou para Samuel Pahlsson, que avançou e
mandou para o gol, por cima do ombro de CuJo.
Típico gol que um grande goleiro deveria defender, típico gol que os
Wings tentaram nas mais de 130 vezes que mandar o disco para o gol de
Giguere e não conseguiram. Deste ponto em diante, até que os Wings marcassem
um gol, o domínio da partida foi do Anaheim.
No fim do segundo período a frustração do Detroit foi extravasada, com
jogadores querendo arrumar briga com os Ducks. Steve Rucchin e Brendan
Shanahan foram penalizados.
A trave salvou Giguere por duas vezes e Joseph por uma na partida. Durante
o desesperado terceiro período, poucas chances reais de gol foram criadas
pelos atuais campeões.
A linha de Chistov - um garoto de quase 20 anos de idade - dominava
as ações da linha de Fedorov, supostamente a mais forte dos Wings. Paul
Kariya nem precisava mostrar todo seu potencial ofensivo, o jogo dos
Ducks é nitidamente mais voltado para a defesa atualmente.
Como sempre, a única linha do Detroit que se salvou do desastre foi
a grind line de Draper, Maltby e McCarty. Desferindo trancos,
brigando interminavelmente pelo disco nas bordas e inclusive criando
boas chances de gol, trata-se da única linha que realmente não decepciona
no time. Do lado do Anaheim, a linha de Chistov e Pahlsson era o ponto
mais alto do time.
E foi ele, Chistov, o nome do jogo, que marcou o segundo gol. Logo no
início do período final, CuJo saiu para buscar o disco atrás de sua
rede, mas errou e teve de voltar correndo para o gol. Chistov, por trás
da rede, mandou o disco no corpo do desesperado goleiro, que acabou
empurrando para dentro do gol.
Péssimo gol para se levar, numa falha imperdoável para um goleiro que
já vinha sendo criticado e que assistia, pela terceira vez consecutiva,
o colega adversário fazer uma atuação digna de um goleiro de um grande
clube de playoffs.
Se os Red Wings já estavam desesperados, dali em diante isso somente
se agravou. Sem conseguir superar Giguere, a frustração voltou a ficar
evidente através, acreditem, do capitão Steve Yzerman. Logo após uma
boa jogada de ataque, o disco sobrou para Fedorov mandar para o gol,
livre. O disco explodiu na trave, Yzerman perdeu a cabeça no lances
eguinte e mandou o taco num jogador dos Ducks. Penalidade marcada, Wings
em desvantagem numérica.
Assim que terminou a desvantagem, uma penalidade foi marcada em cima
do Anaheim. Era a última chance para o Detroit tentar alguma coisa.
E deu certo. Logo após a disputa de disco, Lidstrom manda um chute de
longe que Tomas Holmstrom desvia. Giguere defende, mas o atacante completa
o próprio rebote.
Os campeões tentam o gol de empate de qualquer forma e pouco produzem
de reais chances de gol. Giguere salva tudo. É o fim.
Apenas dois times em toda a história da NHL conseguiram sair de um déficit
de 0-3 e vencer a série por 4-3, e isso data de 1942 e 1975. Dificilmente
não é o fim.
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SAUDAÇÕES DA DISNEY
Samuel Pahlsson (26) é saudado pelos colegas depois de marcar
o gol que abriu o placar em Anaheim (Donald Miralle/Getty Images
- 14/04/2003) |
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CELEBRAÇÕES DA DISNEY
Stanislav Chistov celebra com os colegas o gol que marcou após
falha grotesca de Curtis Joseph. O gol acabou por ser o da vitória
por 2-1 sobre os Wings (Kevork Djansezian/AP - 14/04/2003) |
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Detroit Red Wings |
0 |
0 |
1 |
1 |
Anaheim M. Ducks |
0 |
1 |
1 |
2 |
PRIMEIRO PERÍODO -- Gols: Nenhum. Penalidades: Bench, Ana (too many men served by M
Chouinard), 18:32.
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SEGUNDO PERÍODO -- Gols: 1, Anaheim, Samuel Pahlsson 1 (Stanislav
Chistov), 2:31. Penalidades: - Bench, Det (too many men served by P
Datsyuk), 3:29; P Kariya, Ana (elbowing), 13:01; M Leclerc, Ana
(hooking), 16:25; M Schneider, Det (roughing), 18:59; S Rucchin, Ana
(roughing), 20:00; B Shanahan, Det (roughing), 20:00.
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TERCEIRO PERÍODO -- Gols: 2, Anaheim, Stanislav Chistov 2 (sem assistência),
1:44. 3, Detroit, Tomas Holmstrom 1 (vantagem numérica) (Nicklas Lidstrom,
Sergei Fedorov), 13:44. Penalidades: S Yzerman, Det (slashing), 11:08;
S Pahlsson, Ana (holding stick), 13:38. |
Detroit Red Wings |
11 |
13 |
13 |
37 |
Anaheim M. Ducks |
10 |
10 |
6 |
26 |
Vantagens numéricas: DET - 1 de 4, ANA - 0 de 3. Goleiros: Detroit,
Curtis Joseph (26 chutes, 24 defesas; campanha: 0-3-0). Anaheim,
Jean-Sebastien Giguere (37, 36; campanha: 3-0-0). Público: 17.174.
Árbitros: Brad Watson, Don Van Massenhoven. Assistentes de linha: Brad
Lazarowich, Lonnie Cameron. |
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