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18 de abril de 2003
Mesma situação. Mesmo destino?

Por Alexandre Giesbrecht

Normalmente, quem fala do Detroit aqui na Slot BR é um dos torcedores do time, Eduardo, Humberto ou Marcelo. No instante em que escrevo esta matéria, não sei se algum deles vai falar sobre os Wings. É, mais uma vez, os Wings são notícia logo na primeira rodada. Por isso, vou falar (também) sobre eles. Notem que, por problemas médicos, estou escrevendo no domingo de manhã, ainda sem saber o resultado do jogo 3, que seria disputado na segunda-feira, a tempo de ser coberto por esta edição.

Sim, os Wings já passaram por isso no ano passado. Exatamente a mesma coisa: enfrentaram um adversário teoricamente bastante inferior e perderam os dois primeiros jogos. Em casa, para piorar. Há um ano, eram os Canucks, ainda como surpresa e não realidade, que implodiram nos quatro jogos seguintes, abrindo caminho para o título do Detroit. Desta vez, são os Ducks, que, antes da série, não eram uma surpresa tão grande quanto os Canucks, que estavam embalados por uma magnífica segunda metade da temporada regular.

"Só porque [viramos] no ano passado não quer dizer que vamos [virar] neste ano", disse Brendan Shanahan depois do jogo 2. "Mas temos aquela experiência para nos basear." A torcida acredita. Mais do que no ano passado. Tomo como exemplo meu amigo Marcelo Constantino, também colunista aqui da Slot BR. No dia seguinte ao jogo 2 contra o Vancouver, ele me demonstrou, por telefone, todo o descrédito quanto a uma virada, que acabou ocorrendo. Hoje, quando falei com ele, não senti o descrédito.

Pode ser. Mas há uma grande diferença entre os dois momentos: os Wings perderam os dois primeiros jogos em 2002 mais para si mesmos que para o adversário. Agora, mesmo jogando muito bem, não conseguem superar um adversário que deveria estar voando para a Califórnia preocupado apenas em ganhar o seu "jogo de honra". O jogo do Vancouver era baseado no ataque; o do Anaheim, na defesa.

Mais uma diferença: os goleiros. Dan Cloutier, dos Canucks, jogou bem — mas não espetacularmente — os dois primeiros jogos no ano passado, mas depois implodiu junto com o time, chegando, inclusive, a ser apontado como vilão pelo frango que tomou no jogo 3, considerado o divisor de águas na série. Já Jean-Sebastien Giguere, dos Ducks, teve uma atuação histórica na quinta-feira, fazendo nada menos que 63 defesas no jogo 1 — recorde para uma estréia em playoffs. Giguere vem se estabelecendo cada vez mais nas duas últimas temporadas, e agora deve estar sentindo que é a sua vez. Se ele mantiver o mesmo ritmo, a tarefa dos Wings vai se complicar ainda mais.

O Detroit não está jogando mal; está finalizando mal. Com a vantagem em todos os aspectos técnicos que o time teve nos dois primeiros jogos, não deveria importar se o goleiro do outro time é uma estrela em ascensão ou um cone com rodinhas. Ora, os Wings ganharam até em face-offs, e os Ducks lideraram a liga nesse quesito durante a temporada regular.

Depois de perder o primeiro jogo, ganhavam o segundo por 2-1 no terceiro período. Até os 13:34 do terceiro período, para ser mais exato. Isso depois de perderem inúmeras chances de ampliar o placar. Acabaram castigados duplamente, pelos gols de Jason Krog e Steve Thomas. É como Luc Robitaille disse: "Quando você está assim na frente, tem que conseguir acabar de vez com [o adversário]. Não fizemos isso [no sábado], então é bastante decepcionante."

Esse é o tipo de coisa que não pode acontecer, especialmente nos playoffs. Especialmente quando se está enfrentando um goleiro em ótima fase. Especialmente quando o seu próprio goleiro não vai tão bem. Curtis Joseph parou 42 chutes na primeira partida, é verdade, mas passou boa parte da temporada sendo questionado — é, substituir Dominik Hasek não deve mesmo ser fácil — e tomou gols em dois chutes considerados fáceis.

O técnico Dave Lewis ainda tentou absolvê-lo, mas não convenceu: "O primeiro gol [Joseph] tinha de ter defendido. Agora, o terceiro gol foi um contra-golpe, uma bomba [de Thomas] e uma mudança de ritmo, que deve ter afetado sua reação."

Com a corda no pescoço, aquele time apontado por muitos (inclusive por todos nós da Slot BR que demos pitacos na semana passada) como favoritíssimo vai enfrentar os motivados Ducks, fora de casa, buscando, além da recuperação, um lugar na história. Se os Wings virarem esta série, serão apenas o terceiro time na história a virar séries que perdia por 2-0 em dois anos seguidos — os outros foram os Islanders, em 1975 e 1976, e os Penguins, em 1991 e 1992. E o primeiro a fazer isso com mando de gelo nas duas séries (esta última informação você não encontra em outro lugar).

Alexandre Giesbrecht, publicitário, comprou (e recomenda) o DVD "Lilo & Stitch".
"NOSSO HERÓI" Os jogadores do Anaheim cumprimentam o goleiro Jean-Sebastien Giguere (35) depois da vitória no jogo 2 (Julian H. Gonzalez/Detroit Free Press - 12/04/2003)
 
O GOL DA MEIA-NOITE O disco chutado por Paul Kariya na terceira prorrogação entra no gol defendido por Curtis Joseph, dando a vitória no jogo 1 aos Ducks (Kirthmon F. Dozier/Detroit Free Press - 10/04/2003)
 
OLHA AQUI! Giguere reclama que um chute de Robitaille na primeira prorrogação do jogo 1 não teria sido gol. E não foi, apesar da euforia da torcida (Julian H. Gonzalez/Detroit Free Press - 10/04/2003)
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Página publicada em 16 de abril de 2003.