Por
Marcelo Constantino
Vamos imaginar alguém que tivesse acompanhado o começo da temporada
2002-2003 da NHL e tivesse viajado para algum lugar distante sem informações,
para Bagdá que seja, ali por novembro. Vamos imaginar agora que esse
alguém tivesse voltado agora. Ele não acreditaria no que veria do Pittsburgh
Penguins.
No início era uma confiança só, com Mario Lemieux arrasador e soberano
na liga, ao lado de um atirador de primeira como Alexei Kovalev. As
linhas de vantagem numérica tinham um percentual magnífico. Playoffs
eram tidos como certos, duvidoso era se o time teria como disputar a
Stanley Cup.
Durante a temporada veio o pavor. Lemieux se machucou por algum tempo,
a crise financeira recrudesceu, o rendimento do time caiu. Aí, Kovalev
foi doado aos Rangers. Ali foi o sinal claro de que esta temporada estava
fora dos planos da gerência do Pittsburgh.
De lá pra cá, o time seguiu caindo nas tabelas e o foco passou a ser
exclusivamente a saúde financeira diante do fim do acordo entre a NHL
e seus jogadores, daqui a uma temporada. Com isso, foi feita uma verdadeira
limpeza no time no dia limite de trocas, quando ainda cederam o bom
central Jan Hrdina a preço de banana. Em troca dele e de outros vieram
linhas inteiras de juniores. Vovô Lemieux agora joga cercado de meninos
enquanto vê o Troféu Art Ross (concedido ao líder em pontos na temporada)
cada vez mais longe.
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Lá pelo final do ano passado eu escrevi que Joe
Thornton era a grande ameaça ao Super Mario na corrida pelo Art
Ross. Foi uma indesculpável desconsideração com Markus Naslund que,
já na época, se posicionava muito bem na corrida. Desconsideração esta
devidamente corrigida por um belo artigo
do amigo Alessander Laurentino. Eis que agora Lemieux ficou para
trás e a briga praticamente se resume a Thornton e Naslund. É bem verdade
que, para o Hart, Mario terá suas chances, mas somente o aspecto emocional
irá contar-lhe favoravelmente. Com os Penguins beirando o último lugar
na Conferência Leste tudo fica mais difícil.
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É bem provável que a NHL nos proporcione dois grandes confrontos já
na primeira fase dos playoffs. É praticamente certo que no Oeste teremos
St. Louis Blues x Colorado Avalanche. Confronto que poderia ser perfeitamente
a final de conferência, já eliminará de cara um dos candidatos ao título.
Você pode até discordar que os Blues sejam realmente um candidato ao
título, eu também discordo, mas se Chris Pronger voltar em forma, o
panorama fica bem diferente.
No Leste teremos possivelmente Philadelphia Flyers x Toronto Maple Leafs
também logo na primeira fase. De um lado o time de mais peso no mundo
do hóquei, com boas novidades e pronto para disputar seriamente o título.
Do outro, Jeremy Roenick e Tomy Amonte reunidos, sob a batuta de Ken
Hitchcock. É lamentável que um dos dois saia logo de início, ainda mais
quando um dos outros possíveis confrontos é entre Washingotn Capitals
e Tampa Bay Lightining, ambos com menos pontos que Flyers e Leafs. Coisas
das regras baseadas nas Divisões.
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O que dizer de Pierre Lacroix, que andou rifando Alex Tanguay e
Martin Skoula pela liga durante quase toda a primeira metade da temporada?
O mesmo Lacroix, o mestre das trocas antes do dia limite, que pouco
fez nesse dia desta temporada. Tanguay e Skoula foram oferecidos por
pacotes envolvendo Martin Lapointe, depois Alexei Kovalev e, dizem (é
duro de acreditar), por Jarome Iginla recentemente.
Depois da saída de Bob Hartley, Tanguay voltou a ser o jogador de alta
produção ofensiva que se esperava e Skoula voltou a ter atuações sólidas
na defesa. Denver deve estar agradecida que nenhuma das trocas saiu.
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Quando esta edição já estiver no ar, o leitor já terá uma posição
melhor sobre a briga final dos Rangers para conseguir uma vaga nos playoffs,
então é melhor ainda não falar nada. Lembrem-se que Glen Sather garantiu
que classificaria o time quando assumiu o posto de técnico da equipe.
Ninguém acreditou. Ainda é possível, vamos assistir de camarote.
Ah, em Nashville os torcedores receberão seu dinheiro de volta, conforme
prometido pela gerência no início da temporada caso o time não fosse
para os playoffs.
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Marcelo Constantino ainda ri da piada que
é uma Copa do Mundo de futebol no Brasil, seja lá em que ano for. |
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FORA DO TOPO Mario Lemieux
tem pouco a comemorar hoje em dia, com um time cheio de jovens pouco
conhecidos e em último lugar na Divisão Atlântico.
(Gene J. Puskar/AP - 22/02/2003) |
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FAVORITO AO ART ROSS
Markus Naslund foi constante durante toda a temporada e hoje é
o favorito para ganhar os troféus Art Ross e Hart (David
Duprey/AP - 07/02/2003) |
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