Por Marcelo Constantino

A jovem esperança de dias melhores em Atlanta, Dany Heatley, fez de tudo no Jogo das Estrelas (JDE) da NHL deste domingo: anotou quatro gols e deu assistência para o outro, nos cinco gols que a Conferência Leste marcou no tempo normal da partida; veio a disputa de pênaltis e ele foi o único que marcou para o seu time. Apesar do esforço colossal, o Leste perdeu.

Com 22 anos de idade, Heatley foi o jogador mais jovem a marcar um hat-trick num JDE. Apesar da atuação de gala do jogador, o ponto mais comentado da partida não foram os seus cinco pontos.

O assistente de técnico da Conferência Oeste, Dave Lewis, disse que foi um típico JDE da NHL por 50 minutos. Jogadores sorrindo e se divertindo numa partida menos competitiva que um amistoso.

"Mas tudo mudou quando faltavam de oito a dez minutos para o fim", disse Lewis. "Todos começaram a falar sobre isso no banco".

A transformação foi que uma exibição das Estrelas tornou-se competitiva, com o Oeste finalmente vencendo o Leste por 6-5, na primeira disputa de pênaltis num JDE.

"Os últimos 15 minutos foram provavelmente os melhores na história dos JDE", disse o defensor dos Blues Al MacInnis.

Oficialmente foi a primeira prorrogação desde 1988, quando Mario Lemieux destruiu com o jogo, marcando seis pontos e o gol da vitória no tempo extra.

Mas a vitória deste domingo foi diferente porque incluiu uma prorrogação de cinco minutos sem gols e porque abriu o debate sobre se a NHL deve considerar a disputa de pênaltis como forma de desempatar partidas na temporada normal.

Quando o locutor do estádio anunciou que haveria a disputa, veio então a mais forte gritaria da torcida.

"Eu acho que os torcedores gostaram muito", disse Markus Naslund, do Vancouver Canucks, que marcou um gol na disputa. "Mas eu preferiria que terminasse no tempo normal porque dá nos nervos".

Numa disputa de pênaltis, tal qual no futebol, cada time bate cinco pênaltis, por cinco jogadores diferentes. O time que mais gols marcar vence.

O Oeste venceu o Leste por 3-1 na disputa de pênaltis, mas tradicionalmente a disputa vale apenas um gol a mais no placar final. Naslund, Bill Guerin e Paul Kariya marcaram para o Oeste, enquanto Heatley marcou para o Leste.

O goleiro do Oeste, Marty Turco, defendeu os pênaltis de Alexei Kovalev e Miroslav Satan, enquanto o ídolo local Olli Jokinen acertou a trave, ficando a vitória com o Oeste.

"O único Jogo das Estrelas que chegou perto da intensidade deste foi o de 1996 em Boston, quando Ray Bourque marcou o gol da vitória no fim", disse o defensor Nicklas Lidstrom, do Detroit Red Wings.

Lidstrom disse que houve mais preocupação defensiva do que o habitual. "Mas só esquentou mesmo com cinco ou seis minutos para o fim".

Jeremy Roenick é tradicionalmente o único jogador que desfere trancos num JDE, e ele o faz mais como atrativo para o Jogo. Próximo do fim da partida Eric Brewer deu um tranco em Marian Hossa, e Zdeno Chara, um cavalo de defensor no tamanho, fez o mesmo com outro adversário. A torcida delirava, aprovando a atitude de Chara.

Prelúdio de que poderemos ter melhores Jogos das Estrelas daqui pra frente.