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27 de dezembro de 2002
Por dentro da troca de treinadores

Por Rafael Roberto

O Colorado Avalanche vem mal na temporada, não porque tem várias derrotas (os Avs são um dos times que menos perdeu na temporada até agora), mas, sim, porque não está conseguindo converter os empates e derrotas na prorrogação em vitórias, com um golzinho apenas.

E o que está faltando ao Colorado para conseguir esse gol? Para Pierre Lacroix, gerente geral do time, falta paixão, emoção e, para ele, uma mudança deveria ser feita. Lacroix decidiu mudar o treinador. Bob Hartley foi demitido e seu ex-assistente Tony Granato foi promovido à posição de treinador principal.

Bob Hartley -- O ex-treinador do Avalanche acumulou vitórias e títulos por onde passou. Em 1987 começou sua carreira treinando o fraco Hawkesbury Hawks da Liga Canadense de Hóquei Júnior (CJHL). Nos Hawks, Hartley ganhou dois títulos e perdeu apenas três dos 27 jogos de playoffs que disputou.

Em 1991 Hartley foi treinar o Laval Titans da Liga Principal de Hóquei Júnior de Québec (QMJHL) e, em duas temporadas, obteve uma campanha de 81-52-7, foi às semifinais na primeira temporada e campeão na segunda. Em 1993 entrou para o Quebec Nordiques como assistente do Cornall Aces e, no ano seguinte, foi promovido a treinador principal do time. Em 1996, quando a franquia se mudou para Denver, Hartley foi treinar o Hershey Bears, sendo campeão em sua primeira temporada.

Em 1998 Hartley foi promovido mais uma vez, agora a treinador principal do Avalanche. Em quase quatro temporadas e meia, Hartley conseguiu uma campanha de 193-109-48, sempre venceu sua divisão, nunca ficou de fora das finais de conferência (quando eliminado, sempre num jogo 7 fora de casa) e foi campeão da Stanley Cup uma vez.

Aos 40 anos, Hartley é usado como válvula de escape dos problemas do Colorado e é demitido.

Teoria da conspiração -- Hartley foi demitido porque é um treinador muito competente. Por causa desta competência e obsessão por bons resultados, Bob pressionou demais os jogadores do Avalanche, que estavam sufocados, jogando sem identidade e precisavam de liberdade de expressão e liberdade.

Para comprovar esta teoria, a maioria dos discursos da comissão técnica do Avalanche depois da promoção de Granato dizia que os jogadores deveriam relaxar e se divertir mais no gelo. Com Hartley, o hóquei se tornou um trabalho, não mais um jogo.

Muitos jogadores comentaram que Granato, por ter sido um grande jogador, sabe como deve ser tratado um jogador, principalmente quando eles precisam de motivação para reverter uma situação difícil.

Por isso, há quem diga que os próprios jogadores forçaram a saída de Hartley na hora em que deixaram, propositadamente, de marcar aquele golzinho no final do jogo para dar a vitória ao Avalanche, desempatando o jogo. Todos os jogadores negaram que isto tenha acontecido.

Tony Granato -- Mas, afinal, quem é ele? Granato ela um jogador que passou por New York Rangers, Los Angeles Kings e San Jose Sharks (onde se aposentou, dois anos atrás). No ano passado trabalhou como comentarista televisivo dos Sharks e era mais conhecido como o irmão de Cammi Granato, estrela do time de hóquei feminino dos Estados Unidos.

De jogador de baixa linha a treinador principal de um time em crise. Assim como os antigos treinadores do Avalanche, Granato não tem nenhuma experiência como treinador na NHL. A diferença para os dois primeiros técnicos é que eles possuíam experiência como treinadores de ligas menores, o que Granato não tem.

Mas Tony tem uma vantagem sobre Hartley e Marc Crawford: ele conhece o jogo como poucos, vive o hóquei desde os cinco anos de idade e conhece todas as malícias que um jogador precisa conhecer. Resta saber se ele conseguirá passar todas estas dicas para os jogadores, motivá-los e liderar o time sem pressionar ninguém.

Lacroix acredita que ele conseguirá superar o desafio: "Granato poderá fazer parte desta organização por muitos anos; eu acredito nisso. Tony trará a paixão pelo jogo, novo entusiasmo e novas idéias. Ele sempre foi conhecido como um grande líder", falou Pierre, durante a apresentação de Granato.

Lacroix tem sido bastante criticado nesta temporada. Primeiro por trocar Chris Drury, e agora por não contratar um técnico experiente para dirigir o time. Mas se os Avs vencerem pela nona vez sua divisão, batendo o recorde do Montreal Canadiens de vitórias de divisão consecutivas, Lacroix vai ser aclamado pelo seu brilhantismo, mais uma vez.

Pierre vai fazer qualquer coisa para conseguir vencer a Divisão Noroeste nesta temporada: ele quer ser conhecido como o gerente geral que tem o recorde de títulos seguidos de divisão, já que muitos gerentes gerais venceram duas vezes a Stanley Cup, e esta não é uma marca tão difícil de conseguir quanto nove títulos seguidos de divisão.

Outra coisa que Lacroix sabe é que Granato vai precisar de mais um assistente técnico. Este novo assistente terá papel fundamental no trabalho do novo treinador. Por exemplo, quando Crawford foi campeão em 1996, seus assistentes eram Jacques Martin e Joel Quenneville — ambos se tornaram treinadores de sucesso hoje.

Rafael Roberto lamenta que o preço pela má fase de um time sempre seja pago pelo treinador, mas concorda com a mudança do Avalanche.
NOVIDADE Tony Granato manda as instruções para os seus jogadores em sua estréia como técnico do Avalanche (Barry Gutierrez/Rocky Mountain News - 19/12/2002)
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Página publicada em 25 de dezembro de 2002.