Por
Thomaz Alexandre
Nas corridas de cavalo, o coelho é aquele cavalo que dispara
no início do páreo, já sabendo que não tem
chance, buscando pelo menos ter seu nome citado pelo anunciante durante
alguns instantes. Já o cavalo que começa administrando,
controla o páreo e atropela no final é aquele que leva
a coroa.
Claro que na NHL os times que partem na frente volta e meia também
terminam na frente. Mas numa liga com trinta equipes não podemos
chamar de 'a que está na frente' apenas a equipe com melhor campanha
no geral. Uma equipe na oitava posição geral, por exemplo,
pode ser campeã de sua divisão e, assim, conseguir a vantagem
de mando de gelo na primeira -- e, quiçá, nas subseqüentes
-- fase dos playoffs.
Introdução OK, vamos dar nomes aos bois. Os Blues e os
Senators têm sido nestes últimos anos estes ditos coelhos,
pelas Conferências Oeste e Leste, respectivamente. Mas, diferente
do que pode parecer, estes times não têm construções
parecidas. Nada parecidas, na verdade.
Allez, Les Bleus -- St. Louis é um time com pinta de campeão.
Forte defesa, muitas linhas de ataque bem distribuídas, ótimos
times especiais, liderança, técnico experimentado. É
verdade, a inexperiência em playoffs da dupla de goleiros depõe
contra, mas para tudo há uma primeira vez. Até para Brent
Johnson, que será uma das maiores incógnitas destes playoffs:
após uma ótima temporada de calouro na reserva de Roman
Turek, sua presença fez o time dispensar o tcheco e apostar suas
fichas nele*. Brent respondeu sendo muito inconstante, sofrendo gols
bobos num momento e jogando os dez jogos da seqüência de
vitórias dos Blues, a maior desta temporada na NHL.
*À boca pequena: algumas pessoas ligadas aos Blues, no entanto,
dizem que o time queria mesmo era assinar com Dominik Hasek após
dispensar Turek, mas o agente do goleiro, o mesmo de Turek, barrou o
negócio por recomendação do outro cliente. Para
piorar, após ouvir as fofocas, Hasek teria pedido para ir para
um time rival de divisão do Blues...
De volta à vaca fria. Os Blues têm liderança, ataque,
defesa, times especiais, blá, blá, blá. Mas, chegando
aos playoffs, o que faz? Perde para o San Jose Sharks. Alguém
explica? Ninguém... é por isso que, mesmo depois de tantas
observações, não se deve desprezar o time do Missouri
para 2002 (ressaltando, mais uma vez: isso caso Scott Young e Keith
Tkachuk estejam no ponto e não percam o entrosamento com Doug
Weight e Pavol Demitra, respectivamente). E, para terminar, neste ano
os Blues não dispararam como coelhos...
Les Senateurs d'Ottawa -- O que dizer desses Senators? Nós
os amamos? Queremos adotá-los para criar? Vamos com calma...
Os Sens (diminutivo para Senators) têm ido aos playoffs com freqüência
depois que Jacques Martin, vencedor do Troféu Jack Adams para
melhor treinador, conseguiu impor sua filosofia e desenvolver seus jovens
com o apoio e paciência de torcedores e franquia. Inclusive, eventualmente,
têm vencido a divisão.
Mas os Senators caem nos playoffs. Caem para os Maple Leafs. Em anos
seguidos. Também, o que fazer? Os Sens têm bom ataque,
bem distribuído? Decerto que sim. Defesa e intimidação?
Nem tanto, apesar da adição de Zdeno Chara na última
entre-safra ter ajudado neste departamento. Têm técnico?
Sem dúvida, Jack Martin é o que há. Times especiais?
Bons, mas costumam cair nos playoffs. Liderança? Alguns salivam
sobre o "C" de Daniel Alfredsson, mas quem é que mostra
com fatos essa liderança? E os goleiros? Outro porém.
Patrick Lalime, ou "La Lama", não é o que se
possa chamar de um jogador experimentado. Nem uma promessa. É
daqueles que estão fadados a ser um goleiro competente e olhe
lá. Nada de mais. E o reserva, Jani Hurme, titular da Finlândia
nas Olimpíadas e ex-jogador mais valioso da Eliteserien daquele
país, não vai muito além quando o nível
de competição é a NHL.
Recapitulando: ataque e treinador, sim (e quantos times perdedores em
playoffs não tiveram isso?). Defesa, intimidação,
times especiais, liderança, goleiros, não.
E querem saber de mais? O Ottawa terminará em quinto e o Toronto
em quarto. Confronto repetido. NHL, por favor, poupe os Leafs disso
e passe-os à segunda rodada.
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Thomaz Alexandre, estudante de estatística e apreciador de artes,
tem na redação o seu hobby e profissão ideais. |
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ISSO NÃO SE VÊ NOS PLAYOFFS
A comemoração de Marc Bergevin e seu St. Louis Blues
tem sido só na temporada regular mesmo (Tim Sharp/AP - 03/04/2002) |
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