10 de abril de 2002
Thomaz: Sens e Blues, os verdadeiros coelhos nos últimos anos

Por Thomaz Alexandre

Nas corridas de cavalo, o coelho é aquele cavalo que dispara no início do páreo, já sabendo que não tem chance, buscando pelo menos ter seu nome citado pelo anunciante durante alguns instantes. Já o cavalo que começa administrando, controla o páreo e atropela no final é aquele que leva a coroa.

Claro que na NHL os times que partem na frente volta e meia também terminam na frente. Mas numa liga com trinta equipes não podemos chamar de 'a que está na frente' apenas a equipe com melhor campanha no geral. Uma equipe na oitava posição geral, por exemplo, pode ser campeã de sua divisão e, assim, conseguir a vantagem de mando de gelo na primeira -- e, quiçá, nas subseqüentes -- fase dos playoffs.

Introdução OK, vamos dar nomes aos bois. Os Blues e os Senators têm sido nestes últimos anos estes ditos coelhos, pelas Conferências Oeste e Leste, respectivamente. Mas, diferente do que pode parecer, estes times não têm construções parecidas. Nada parecidas, na verdade.

Allez, Les Bleus -- St. Louis é um time com pinta de campeão. Forte defesa, muitas linhas de ataque bem distribuídas, ótimos times especiais, liderança, técnico experimentado. É verdade, a inexperiência em playoffs da dupla de goleiros depõe contra, mas para tudo há uma primeira vez. Até para Brent Johnson, que será uma das maiores incógnitas destes playoffs: após uma ótima temporada de calouro na reserva de Roman Turek, sua presença fez o time dispensar o tcheco e apostar suas fichas nele*. Brent respondeu sendo muito inconstante, sofrendo gols bobos num momento e jogando os dez jogos da seqüência de vitórias dos Blues, a maior desta temporada na NHL.

*À boca pequena: algumas pessoas ligadas aos Blues, no entanto, dizem que o time queria mesmo era assinar com Dominik Hasek após dispensar Turek, mas o agente do goleiro, o mesmo de Turek, barrou o negócio por recomendação do outro cliente. Para piorar, após ouvir as fofocas, Hasek teria pedido para ir para um time rival de divisão do Blues...

De volta à vaca fria. Os Blues têm liderança, ataque, defesa, times especiais, blá, blá, blá. Mas, chegando aos playoffs, o que faz? Perde para o San Jose Sharks. Alguém explica? Ninguém... é por isso que, mesmo depois de tantas observações, não se deve desprezar o time do Missouri para 2002 (ressaltando, mais uma vez: isso caso Scott Young e Keith Tkachuk estejam no ponto e não percam o entrosamento com Doug Weight e Pavol Demitra, respectivamente). E, para terminar, neste ano os Blues não dispararam como coelhos...

Les Senateurs d'Ottawa -- O que dizer desses Senators? Nós os amamos? Queremos adotá-los para criar? Vamos com calma...

Os Sens (diminutivo para Senators) têm ido aos playoffs com freqüência depois que Jacques Martin, vencedor do Troféu Jack Adams para melhor treinador, conseguiu impor sua filosofia e desenvolver seus jovens com o apoio e paciência de torcedores e franquia. Inclusive, eventualmente, têm vencido a divisão.

Mas os Senators caem nos playoffs. Caem para os Maple Leafs. Em anos seguidos. Também, o que fazer? Os Sens têm bom ataque, bem distribuído? Decerto que sim. Defesa e intimidação? Nem tanto, apesar da adição de Zdeno Chara na última entre-safra ter ajudado neste departamento. Têm técnico? Sem dúvida, Jack Martin é o que há. Times especiais? Bons, mas costumam cair nos playoffs. Liderança? Alguns salivam sobre o "C" de Daniel Alfredsson, mas quem é que mostra com fatos essa liderança? E os goleiros? Outro porém. Patrick Lalime, ou "La Lama", não é o que se possa chamar de um jogador experimentado. Nem uma promessa. É daqueles que estão fadados a ser um goleiro competente e olhe lá. Nada de mais. E o reserva, Jani Hurme, titular da Finlândia nas Olimpíadas e ex-jogador mais valioso da Eliteserien daquele país, não vai muito além quando o nível de competição é a NHL.

Recapitulando: ataque e treinador, sim (e quantos times perdedores em playoffs não tiveram isso?). Defesa, intimidação, times especiais, liderança, goleiros, não.

E querem saber de mais? O Ottawa terminará em quinto e o Toronto em quarto. Confronto repetido. NHL, por favor, poupe os Leafs disso e passe-os à segunda rodada.

Thomaz Alexandre, estudante de estatística e apreciador de artes, tem na redação o seu hobby e profissão ideais.
 
ISSO NÃO SE VÊ NOS PLAYOFFS A comemoração de Marc Bergevin e seu St. Louis Blues tem sido só na temporada regular mesmo (Tim Sharp/AP - 03/04/2002)
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Página publicada em 08 de abril de 2002.