Tudo é tão simples quando a fome se junta à vontade de comer. Ao contrário da novela a respeito da renovação entre Bobby Ryan e o Anaheim Ducks, ou, levanto a outros esportes, ao circo armado pela mídia a respeito da agência livre de LeBron James, Peter Forsberg e o Colorado Avalanche resolveram tudo de modo muito simples. O jogador queria voltar. Pediu para treinar. A franquia acatou. Se sensibilizou com o cara treinando e assinou contrato até o fim da temporada.

Quem entrar na página oficial da NHL dá de cara com a notícia Avalanche assina com Forsberg. Os mais incrédulos podem entrar na página oficial do Colorado que a notícia estará lá. E quem quiser bancar o São Tomé ainda pode conferir o elenco do Colorado Avalanche, para confirmar que o número #21 ali é, sim, o lendário Peter Forsberg. Não, não vou repetir o jargão que o "bom filho blá-blá-blá".

Daqui em diante toda Denver estará de olho nele, Forsberg. E principalmente em seu pé direito. Sua estreia ainda não está definida, mas o time informa que será "em algum momento na próxima turnê". São quatro jogos fora de casa, começando com o Phoenix, passando pelo Minnesota, Columbus e encerrando contra um dos ex-times de Forsberg, o Nashville. Tudo que poderia ser dito a respeito de Forsberg e suas condições de jogo já foi devidamente comentado há duas edições. Até aqui, a única dúvida sanada é a respeito do futuro a curto prazo de Forsberg. As demais perguntas persistem.

A principal delas é... o que o Colorado quer com Forsberg a esta altura?

As respostas variam. A franquia pode ter fé, porque americano adora acreditar. Vide fãs de Boston Red Sox, Chicago White Sox e Chicago Cubs. Ou do New York Yankees até a metade dos anos 90. Não é à toa que tanto atleta norte-americano ganha o apelido de "Comeback Kid", por sua força de vontade em contradizer prognósticos e dar a volta por cima. Forsberg é sueco, mas está tentando responder a fé americana. O talento ainda está lá, mas se o corpo aguenta, não dá para saber. O que os números recentes de Fopps mostram é que, não, ele não aguenta.

Também há o coração que todo time deve ter. Nem sempre em um só atleta, mas em jogadores que vestem a causa daquele time. Como Steve Yzerman e Darren McCarty foram para o Detroit. Numa escala beeeeeeeeeem menor, talvez, como o retorno de Jamie Langenbrunner ao Dallas Stars. Peter Forsberg se encaixaria melhor nos primeiros exemplos. Há algum tempo o Colorado deu crédito a Adam Foote e ele corresponde. Foote é o que esse time significa. O ainda novato Matt Duchene se declara torcedor do Colorado desde criancinha e também tem esse mesmo coração que o Colorado Avalanche foi buscar em Forsberg, talvez o jogador mais talentoso que já tenha vestido essa camisa.

Forsberg seria uma opção para compor elenco? Que baita composição de elenco! Na sua idade e com seu histórico de contusões, Foppa não pode ter muito tempo de gelo, então invariavelmente deve jogar em linhas mais baixas. Uma terceira ou quarta linha com um jogador que tenha um dos melhores controles de disco que já se viu é um privilégio que, sem dúvida alguma, nenhuma outra franquia da NHL deve ter.

Mas Greg Sherman, gerente geral do Avalanche, citou que Forsberg representa liderança para o time e a influência que sua pessoa deve ter sobre os jogadores mais jovens. Ao ler essas palavras, lembrei de como Joe Sakic costumava conversar com Paul Stastny durante os jogos. Se há um líder na defesa em Foote, agora há um no ataque em Forsberg. O problema é que o ataque do Avalanche não é o problema, e sim a defesa.

Então há os dois lados da moeda: em um ataque já forte, Forsberg não terá responsabilidade de resolver. Seu dever de exercer sua liderança e tutelar jovens atacantes, sem necessidade de ser o cara que responde quando o bicho pega.

O próprio Foppa bancou a conta ao dizer que seus treinos recentes lhe dão confiança para jogar. Forsberg disse que se sente (fisicamente) cada vez melhor, especialmente seu pé e tornozelo direitos. O maldito pé teria incomodado durante a semana, mas Forsberg disse ter sentido melhoras graduais desde então. Sherman dá confiança a Forsberg e assina o contrato. Se é seguro, só o restante da temporada regular poderá dizer, uma vez que não é incomum jogador voltar de contusão e se contundir logo de cara. Ou alguém aí não lembra de Ronaldo, com a camisa da Internazionale, pisando para dar um drible e sua rótula deslocando?

Melhor sorte para Forsberg. Até porque, à medida que seu corpo for aguentanto, seu trabalho vai ser muito duro. O Colorado é 12º no Oeste, quatro pontos atrás do oitavo colocado Los Angeles Kings. São mais 30 jogos até o fim da temporada regular e o Avalanche vive seu pior momento.

Se antes os olhares nos noticiários do Colorado procuravam resposta a respeito da situação legal de Forsberg, agora todos estarão de olho em seu boletim médico.

E há tempo para uma última pergunta: será a última temporada de Forsberg?

• Capa
• Editorial
• A balança de Montreal
• Um time sem centrais
• Números mágicos
• Dez surpresas da temporada
  
• O time de Corey
  
• Pacíficos em fúria
• O último canto do cisne?
• Algo curioso no novo contrato de Semin