Em outubro passado, quando a equipe de TheSlot.com.br se mobilizou para dar os seus palpites para a temporada 2009-10, não hesitei em apostar no Philadelphia Flyers como o próximo campeão da Copa Stanley.

É verdade que, à época, não foi fácil decidir o vencedor do confronto entre Chicago Blackhawks e Flyers, a minha aposta para a final da Copa, mas o fator Chris Pronger me fez escolher os Flyers.

Hoje, preciso confessar, acredito na conquista do Chicago. O Philadelphia enfrentou equipes com ataques anêmicos nestes playoffs e os Blackhawks são muito melhores que New Jersey Devils, Boston Bruins e Montreal Canadiens. Michael Leighton, o goleiro-sensação, não vai conseguir manter os números que construiu nas finais de conferência. Se ele for fora de série, vai prolongar o confronto, mas dificilmente vai roubar a Copa Stanley para os Flyers.

Este texto foi escrito no sábado, 29 de maio, horas antes do primeiro jogo da final, mas não é sobre a decisão. É sobre Pronger.

Em 26 de junho do ano passado, os Flyers trocaram Joffrey Lupul, Luca Sbisa, as escolhas de primeira rodada de 2009 e 2010 e futuras considerações por Pronger, então jogador do Anaheim Ducks.

O impacto imediato da chegada do defensor foi aumentar a cotação dos Flyers nas apostas (vide o próprio exemplo desta revista, onde três colunistas apostaram na equipe como campeã da Copa Stanley). Pronger recebeu um novo contrato, de sete anos de duração – do qual o Philadelphia ainda vai se arrepender, mas isso é assunto para outro texto.

Durante a temporada regular, o defensor disputou todos os 82 jogos, marcando dez gols e 55 pontos, liderando a equipe em saldo +/-, com + 22, e em tempo de gelo, com média de 25:52 por jogo.

A final da Copa Stanley de 2010 será a terceira de Pronger nos últimos cinco anos, sempre jogando por times diferentes. O defensor foi finalista com o Edmonton Oilers em 2005-06, que se classificou em oitavo lugar e surpreendeu o mundo ao eliminar o Detroit Red Wings na primeira fase, e foi campeão no ano seguinte com os Ducks.

Para o Anaheim, a saída de Pronger representou o fim, considerando que o fim é a não classificação para os playoffs. Esse resultado já era previsível. As equipes dependem de Pronger como os homens precisam de oxigênio, dissera alguém certa vez, talvez para outro jogador, mas vale a adaptação. O St. Louis Blues, em 2005-06, e os Oilers, em 2006-07, todos no primeiro ano da vida sem Pronger, também não se classificaram para os playoffs.

O sucesso com os Flyers chega em boa hora. Em fevereiro, durante os Jogos Olímpicos de Vancouver, Pronger foi figurante, não protagonista, da Seleção Canadense. Alguns o consideraram muito velho, muito lento, mas os playoffs mostraram, novamente, qual é o verdadeiro Pronger, um defensor implacável de 1,98 m e 100 Kg, capaz de anular qualquer atacante durante 30 minutos por jogo.

Particularmente, Pronger é o segundo melhor defensor que eu vi jogar em dez anos, atrás apenas de Nicklas Lidstrom. Se eu tivesse que montar um time para disputar os playoffs da Copa, minha primeira escolha seria ele.

Desde que chegou à NHL, em 1993-94, Pronger é o oitavo jogador que mais disputou jogos de playoffs, com 164. Se as finais de 2010 forem a sete jogos, ele será o quinto. Na artilharia, ocupa a décima posição, com 116 pontos. Possui, ainda, o quarto maior saldo de +/-, com + 40, e a liderança em minutos de penalidades, com 304.

Na melhor temporada de sua carreira, em 1999-00, Pronger conquistou seu único Troféu Norris (concedido ao melhor defensor) e tornou-se o primeiro defensor desde Bobby Orr (em 1971-72) a conquistar o Troféu Hart (concedido ao jogador mais importante para seu time). Aquele foi o ano de Pronger, mas os Blues amarelaram na primeira fase diante do San Jose Sharks.

Pronger não é o jogador mais carismático, não tem a ficha limpa (acumula suspensões por jogadas violentas) e é detestado por quase todas as torcidas, mas nenhum dos times por onde ele passou tem qualquer reclamação a fazer.

Não é coincidência que o melhor momento dos Blues, dos Oilers, dos Ducks e dos Flyers nas últimas décadas tenha em comum a presença do defensor.

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