Não, não está claro que a Conferência Oeste seja do Anaheim Ducks. Para ser, vai ser necessário superar os outros três grandes adversários que despontam no horizonte deste começo de temporada, e dois deles deverão ser também grandes adversários nos playoffs: o San Jose Sharks e principalmente o Minnesota Wild, líder pela terceira semana consecutiva dos Rankings da Slot. O outro grande adversário é o Dallas Stars, que provavelmente fará bonito na temporada mais uma vez, apenas para Marty Turco (e parte do time) amarelar mais uma vez quando chegar a hora que realmente conta.

Apesar de todo o surrealismo que é apontar um vencedor antes de uma centena de jogos ao longo de mais de meia dúzia de meses, é realmente justo apontá-los como um dos favoritos. Sobretudo na Conferência Oeste, onde a competição entre times gabaritados em playoffs parece escassa, em princípio restrita aos times citados.

Descartados os Red Wings (são apenas mais um este ano, ou seja, sequer são cotados para amarelar nos playoffs; simplesmente porque não são favoritos a passar da primeira fase), o Avalanche (meros competidores por uma vaga nos playoffs), os Flames (parecem piorar a cada ano, simplesmente parecem estar em litígio com o gol adversário), os Predators (embora constantemente melhorando, ainda estão um pouco distantes de alçar um vôo realmente maior), Canucks (bom começo, mas falta poder de fogo) e os Oilers (têm um ótimo, jovem e rápido elenco mas deverá faltar o ponto de experiência que eles carregavam com Chris Pronger, e sobretudo o mesmo raio que levou àquela excepcional escalada não deverá cair novamente no mesmo lugar), dentre outros, restam Ducks, Sharks, Stars e Wild.

O Wild é o Buffalo Sabres do Oeste, o tipo de time sólido e constante, que combina juventude, rapidez, combatividade constante e trabalho de equipe, ou seja, uma equipe que tem a característica de alçar vôos maiores nos playoffs na nova NHL. O jogo entre Ducks e Wild na semana passada já foi um bom demonstrativo da batalha que poderá acontecer no futuro.

Vai ser uma briga boa pelo título da Divisão do Pacífico? Não, vai ser ótima. Anaheim, San Jose e Dallas são três dos quatro melhores times da Conferência Oeste na temporada. E o mais interessante: no máximo dois deles terão a vantagem de jogar em casa na primeira fase dos playoffs. Ou seja, a briga no Pacífico será ótima durante a temporada e qualquer tropeço frente aos sacos de pancadas Los Angeles Kings e Phoenix Coyotes poderá ser pesar na hora final.

Favorito
A maioria dos analistas de hóquei da NHL apontou o Anaheim como o grande favorito para a Copa Stanley deste ano. Para tanto, havia dois fatores que traziam esse favoritismo: a ascensão de Ilya Bryzgalov para fazer duo com Jean Sebastien Giguere, e, principalmente, a contratação de Chris Pronger, o quase-MVP dos playoffs de 2006.

Seja por causa da concorrência do novato ou não, o fato é que esse começo de temporada de Giguere está sendo ótimo, como há muito não se via. Desde que ganhou o Conn Smythe, Jiggy ganhou também muitos holofotes, e aí ele já não era mais o mesmo. Penou nas temporadas seguintes, andou sendo barrado até mesmo em playoffs — justamente por Bryzgalov na última vez. Até aqui ele segue ótimo, deixando pouco espaço para o competidor novato aparecer.

Pronger vem fazendo um bom começo de temporada. A rigor, melhor até que o começo no ano passado com o Edmonton Oilers, quando custou a engrenar. Melhor que o começo de Scott Niedermayer nos Ducks, que também custou a engrenar. Depois do período de adaptação, os dois reinaram soberanos em seus times. Agora deverão reinar em conjunto num mesmo time. Ninguém duvida de que é, de longe, a dupla de defesa de maior qualidade atualmente na NHL.

Com tudo isso, os Ducks vêm fazendo um sólido começo, com derrotas apenas na disputa de pênaltis para os Islanders e Stars (coisa que não tem absolutamente qualquer importância para se traçar um perfil de um time para os playoffs). Tudo dentro das expectativas.

Esse é um time que, apesar da experiência recente em playoffs, vem se renovando constantemente. Lembram-se da troca em que se desfizeram de Sergei Fedorov? Boa parte dos analistas (eu inclusive) na época considerou a troca desvantajosa para o Anaheim. Ledo engano, somente o jovem defensor François Beauchemin já teria valido a pena. Atualmente, priorizando a renovação, o técnico Randy Carlyle se dá ao luxo de deixar no banco nomes relativamente conhecidos como Travis Green, Ian Moran (credo!) e o velocista Stanislav Chistov — aquele que foi trazido de volta da Rússia, onde andou jogando no time de coração no nosso colunista Eduardo Costa, o Metallurg Magnitogorsk.

Toda essa conjectura, falar de playoffs e de quem vai estar como quando chegar a hora, não é tudo uma grande forçada de barra com apenas 10% da temporada realizada? Claro que é. Mas as coisas são assim mesmo, com base no cenário atual e no conhecimento passado, traçamos projeções futuras. Ou futurescas.

Marcelo Constantino recomenda “Pequena Miss Sunshine”.