De
Jesenice a Ljubljana, passando por cada vilarejo desse intrigante
e longínquo país. Não há parte da Eslovênia em que não se fale
sobre o novo ídolo do Los Angeles Kings. O orgulho do povo esloveno
transborda tão intensamente quanto as jarras de chope ao final
de cada dia — ou melhor, de cada hora de trabalho aqui na redação
da sua TheSlot.com.br. Nunca a Eslovênia esteve tão no mapa, nunca
foram tão gloriosos! E tudo isso se deve a Anze Kopitar!
E se
Anze ocupa todos os noticiários e periódicos desse aprazível país,
não poderíamos ficar de fora. Por isso ele também toma de assalto
as páginas da única revista de hóquei no gelo do hemisfério
sul. E não é por causa do começo demolidor do jovem central na
NHL — bem, em grande parte é por isso, sim —, mas por
diversos fatores. Enumeramos algumas facetas do novo ídolo dos
Kings. Veja que não são poucas!
Anze Kopitar, o pioneiro
Não é à toa que, com apenas 19 anos de idade, Kopitar é tido como
o maior jogador esloveno de todos os tempos. É o primeiro de seu
país a ser recrutado e atuar na mais prestigiosa liga do globo.
É óbvio que o atleta — filho de Matjaz Sekelj, ex-jogador
que hoje treina uma das forças (?) da liga eslovena, o Acroni
Jesenice — teve que tomar um atalho mais significativo que
a débil liga de seu país, então foi crescer como jogador na competitiva
Elitserien sueca, quiçá a melhor liga do Velho Continente.
Em suma, ao ser recrutado numa primeira rodada (11.ª escolha geral
de 2005), ao atuar na liga profissional do país campeão olímpico
e ao chegar à NHL, Kopitar está dizendo a muitos pequeninos eslovenos:
"Não aceitem 'não' como resposta! A NHL é um sonho possível." Um
pioneiro, sem dúvida.
Anze Kopitar, o viking (?) esloveno!
A aventura escandinava do nosso ídolo foi essencial para sua formação
como jogador. Como já citamos acima, os suecos são os atuais campeões
olímpicos — e também levaram o mundial, disputado há poucos
meses, na Letônia. Possuem ótimos programas para desenvolver jovens
atletas. Na Suécia, Kopitar chegou a atuar na primeira divisão
aos 17 anos e sempre figurou entre os melhores novatos do país.
Nesse período, ganhou fama ao marcar dez gols — com mais
três assistências — em apenas cinco (!) jogos no Mundial
Júnior de 2005 (que, para variar, teve cobertura exclusiva para
o Brasil pela TheSlot.com.br).
Anze Kopitar, o sábio!
Saber defender suas posições não é característica marcante de
jovens humanos. Após o final da temporada de 2004-05, a diretoria
dos Kings queria que Kopitar atuasse na insossa AHL para se adaptar
ao estilo norte-americano. Anze agradeceu o convite, mas disse
um 'não' inesperado para a equipe que o recrutara. Até porque isso
teria gerado problemas contratuais com a equipe que defendia da
Suécia. Passou 2005-06 na Elitserien, e o tempo vem dando razão
a essa escolha. Na Suécia fortaleceu-se, chegando aos atuais 100
kg (para 1,93m de altura) tornando-se fisicamente
apto para a impiedosa e cruel NHL.
Anze Kopitar, com a realeza a seus pés!
Três jogos. Seis pontos. Nem o próprio central sonhava com um
começo de temporada tão produtivo. Dois gols na estréia contra
o forte Anaheim Ducks, no clássico local, em plena Honda Arena.
A derrota frente aos rivais não mascarou a bela estréia do jogador.
Muitos se impressionaram com a maturidade que demonstrou frente
a uma defesa com Scott Niedermayer e Chris Pronger. Na partida
seguinte, os Kings enfrentaram o ignóbil St. Louis Blues. Aí, o
lado mais generoso do novo ídolo monárquico apareceu. Três assistências
e vitória fácil por 4-1. Excetuando os defensores Rob Blake e
Lubomir Visnovsky, é o jogador de linha que vem recebendo maior
tempo de gelo do treinador Marc Crawford, que tem apostado na
química entre Kopitar e Alexander Frolov.
Anze Kopitar, o insolente!
O ótimo defensor eslovaco Lubomir Visnovsky notou uma das facetas
do destaque desta matéria. Quando não está de posse do disco,
Kopitar se faz de Mike Ribeiro (finge-se de morto). Mas, ao contrário do jogador do Dallas Stars, Anze ressuscita
(?) e, na primeira oportunidade, explode e aí se torna quase imbatível
no mano a mano. Tamanho, aceleração, habilidade e por aí vai.
Entre as vítimas, já se encontra Chris Pronger. A autoridade com
que passou pelo defensor dos Ducks — quando marcou um dos
gols contra o time de Anaheim — foi muito comentada entre
os próprios colegas de equipe. Como um bom esloveno, Anze Kopitar
não respeita nomes e nem autoridades. E isso o torna ainda mais
ídolo!
Poderia ficar horas aqui, escrevendo e escrevendo sobre outras centenas
de características do ídolo esloveno, mas, como a nossa redação fica em
frente a um bar — essa é uma distração com que eu não
consigo lidar por muito tempo —, finalizo dizendo que imaginar
uma produção como a desse início de outubro por toda a temporada
é utopia, até mesmo porque os treinadores inimigos já estão de
olho, estudando como diminuir o estrago causado por Kopitar, mas
sem dúvida os Kings, após anos e anos amargando com falsas
promessas e prospectos bizarros, parecem ter acertado na mão nos
últimos recrutamentos. Quem sabe tenha saído da improvável
Eslovênia o responsável por levar essa franquia novamente a uma
pós-temporada da NHL.
Eduardo Costa reviu, após nove anos,
o jogo 4 das finais da Copa Stanley de 1997 e é imensamente
grato ao nobre amigo Humberto Fernandes por isso.
GOL DE KOPITAR
Anze Kopitar (de lado) celebra seu gol, enquanto
Jean-Sébastien Giguere, dos Ducks, de joelhos, pede perdão
por já ter usado equipamentos de proteção
maiores do que o permitido pela NHL
(Chris Carlson/AP)
SÓ NO
TRANCO A inveja consome o rústico Arvids Rekis
durante o clássico dos emergentes entre Letônia
e Eslovênia. Rekis utiliza a única forma de parar
o ídolo de todos os eslovenos, Anze Kopitar (quem mais
seria?)!
(Reuters)
TINA MAZE Ela
não joga hóquei, mas também pratica um
esporte de inverno e é eslovena! Por isso está
aqui... A quem queremos enganar? Ela está aqui porque
é muito boa! P.S.: Para provar meu prestígio, Tina usa um gorro em
homenagem às minhas colunas (?) aqui na TheSlot.com.br
(Arquivo pessoal e íntimo — notem a intimidade! — de
Eduardo Costa)