E AGORA? Os Canes têm a história a seu lado, mas os Oilers de Fernando Pisani e Raffi Torres têm o embalo (Bruce Bennett/Getty Images - 17/06/2006)
por Allan Muir
Depois de vencer o jogo 4, em Edmonton, a tarefa do Carolina Hurricanes era totalmente óbvia: se ganhassem qualquer um dos três jogos seguintes, conquistariam a Copa Stanley.
Duas dessas chances já se foram. Na primeira, um confronto rigorosamen-te igual, em que um chute na trave no fim do terceiro período quase deu a vitória aos Canes. No segundo, uma das atuações com menos brilho de todos os tempos, exceto pela seleção canadense decidindo uma medalha de bronze.
Nenhuma dessas derrotas importa mais agora, ao menos não no sentido de ter diminuído a capacidade de o Carolina cumprir sua tarefa. Mas há apenas mais uma chance, e ela se dará amanhã à noite. A pergunta que fi-ca é se os Hurricanes ainda terão algo no tanque para se aproveitar dela.
Às vezes, um time pode tirar algo de uma derrota como essa surra por 4-0, mas não é muito encorajador para os Canes saber que não é possível eles jogarem pior e que, com ou sem embalo, o Edmonton não tem como jogar tão impecavelmente de novo.
Por outro lado, recuperar-se de uma goleada como essa poder ser bem mais fácil que se recuperar do abalo emocional de uma prorrogação de roer as unhas quando a Copa está no estádio. Isso permite ao time jogar tudo fora, recomeçar do zero. Isso lembra a eles o que foi necessário para chegar aonde eles estão.
Isso certamente funcionou para os Oilers depois de ter sido humilhados no jogo 2. Aquela goleada por 5-0 não chegou a ser parelha em instante algum, enquanto o Edmonton lutava para se ajustar à presença de Jussi Markkanen no gol e ao peso emocional de imaginar se seus sonhos de título tinham acabado com a contusão do titular Dwayne Roloson.
A diferença, claro, é que os Oilers usaram os últimos lances daquele es-pancamento para estabelecer a presença física que têm usado desde então para mudar o curso da série a seu favor. O Carolina, um time que sofreu para construir um único lance decente no jogo 6, falhou até ao tentar lutar para não cair.
Os Hurricanes foram atormentados a noite toda por uma marcação feroz por parte dos Oilers. O tempo todo, o primeiro passe em direção à zonha neutra era interceptado. Se não era o primeiro, era o segundo. De saco cheio ou cansado, o Carolina simplesmente não conseguiu estabelecer a velocidade pelo meio que definiu seus melhores jogos na série.
Mesmo as muitas penalidades que os Canes sofreram à medida em que sua frustração crescia foram sem sentido e não conseguiram exigir muito fisicamente do adversário, o que poderia ajudar a produzir um resultado positivo no jogo 7.
Então foi uma falha por completo. Digna de se jogar fora. Os Hurricanes têm pouco mais de 24 horas para achar uma maneira de mudar seu "mojo".
Eles queimaram uma opção ao escalar Erik Cole para o jogo 6. Depois de 45 dias parado, havia motivo para esperar por um tranco emocional incen-tivado por sua presença. Isso não aconteceu, e Cole, apesar de bastante ativo em seus primeiros lances, pareceu em todos os aspectos um jogador que passou quase quatro meses sem participar de um jogo para valer. O que será que ele terá a oferecer amanhã?
Os Canes ainda têm a opção de trocar seu goleiro. Cam Ward não foi mal nos jogos 5 e 6, mas ele não os ajudou a ganhá-los tampouco. Sofrer quatro gols em dois jogos seguidos de um time que estava com a corda no pescoço manchou seu ótimo início de série. Seria uma decisão ousada escalar Martin Gerber para o jogo 7, mas o técnico Peter Laviolette já arriscou antes nestes playoffs e venceu.
Ou talvez eles deixem as coisas como estão e usem a vantagem por que eles trabalharam durante 82 jogos para merecer. Graças ao mando do gelo, os Canes têm algumas coisas a seu favor. A história, por exemplo. Das 13 finais anteriores que chegaram ao sétimo jogo, o time da casa venceu em 11 delas. A barulhenta platéia de Raleigh irá ajudar, assim como a última troca de linhas e aquela pequena vantagem no círculo de face-offs.
Mas, por outro lado, o Carolina encara toda a pressão que recai sobre um time que venceu trêz vezes, mas não conseguiu converter suas duas primeiras chances de acabar com os Oilers.
E, agora, só resta uma chance.
Allan Muir é jornalista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.