ERA PARA TER SIDO ONTEM Este cara e o resto da torcida dos Hurricanes — não deve ter acordado muito feliz hoje de manhã (Jim McIsaac/Getty Images - 14/06/2006)
por Allan Muir
Não importa para quem você está torcendo nesta série: há que se ter pena da torcida dos Hurricanes que esteve presente no jogo 5.
Com o defensor do Edmonton Steve Staios no banco de penalidades no início da prorrogação — mais uma prova, se é que era necessário, do comprometimento da NHL em apitar o jogo corretamente —, o RBC Center começou a tremer, como um foguete preparando-se para decolar. Apesar de a torcida não poder ver, ela certamente já sentia a última camada de polidor sendo passada no velho caneco de prata em algum lugar nos bas-tidores do estádio. Com cinco jogadores contra os quatro do Edmonton, em breve seria deles.
Quando o disco caiu, alguns Caniacs deram-se as mãos. Outros olhavam por entre os dedos que cobriam seus olhos, quase incapazes de assistir ao drama que se desenrolava à sua frente. Mas todos podiam sentir o coração batendo forte, os nervos esguichando eletricidade, prevendo a chegada iminente do momento mais perfeito do esporte: uma conquista da Copa Stanley na prorrogação em casa.
E por que não? Os Hurricanes vinham sendo brutalmente eficientes com um homem a mais durante o tempo regulamentar, marcando três vezes em seis chances. E, numa série que vinha sendo definida, mais do que qualquer outra coisa, pelo sucesso da vantagem numérica do Carolina contra o andar trôpego à Clousseau do Edmonton, parecia certo que este jogo seria decidido com um jogador dos Oilers no banco de penalidades.
E foi. E, claro, nada poderia ter sido mais desastroso para aquela platéia do que o chute em desvantagem numérica de Fernando Pisani achar o caminho por cima do ombro de Cam Ward… a não ser, talvez, ver a Copa ser colocada com carinho de volta em sua caixa acolchoada, com seu novo dono a ser decidido em outra noite, talvez em outra cidade.
Ainda assim, eles testemunharam um magnífico jogo, não? O jogo 5 ofere-ceu três viradas, vários discos na trave e a mesma raça e intensidade que temos visto nestes playoffs. E, já que é para perder, como diria um bom torcedor, ao menos eles perderam com um gol bonito, ao invés de algum lance de sorte. A disparada de Pisani, criada em cima de um passe fraco de contra-ataque de Cory Stillman, foi um belo gol, mais um em uma fantásti-ca série de gols de autoria desse hoerói improvável.
Agora, há novas perguntas nesta série, que volta a Edmonton para o jogo 6. Certamente a saúde de Doug Weight e de Aaron Ward, duas peças-chave que ficaram fora de períodos significativos de jogo devido a contu-sões sofridas durante a partida, serão um problema. Ambos podem jogar no sábado, mas será que suas atuações serão comprometidas?
Cam Ward, embora não possa ser culpado por nenhum dos quatro gols, já não oferece uma clara vantagem no gol para os Canes. Depois de ser empalado por cinco gols no jogo 2, Jussi Markkanen tem dado ao seu time a chance de vitória em três jogos seguidos. Será que ele é capaz de ao menos mais uma boa atuação, a fim de carregar seu time até o jogo 7?
E, apesar de finalmente marcar um gol em vantagem numérica ontem, será que o Edmonton realmente espera completar a virada mesmo sendo supe-rado tão violentamente nos times especiais?
Mesmo com esse último pensamento, uma derrota como esta significa que não havia muitos torcedores felizes dos Hurricanes hoje de manhã. Talvez eles possam se consolar com uma simples lembrança: imagine quão doce seria aquela conquista da Copa na prorrogação se ela se desse no jogo 7.
Allan Muir é jornalista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.