JOGO 2
Carolina 5-0 Edmonton

ELE NÃO É O CULPADO
Markkanen bem que tentou, mas o time não colaborou (Paul Chiasson/AP/CP - 07/06/2006)
por Matt Romig

Para um cara que passou e um relativo anonimato direto para o estrelato das finais da Copa Stanley Cup finals, Jussi Markkanen segurou muito bem as pontas ontem.

Não quero dizer que não houve momentos de ansiedade. Houve um passo em falso atrás do gol que praticamente fez o goleiro do Edmonton se espatifar contra as bordas. Alguns momentos depois, ele tropeçou e quase caiu, mais parecendo um torcedor nervoso por entrar no gelo para alguma promoção de intervalo do que um confiante goleiro de calibre internacional.

Mas eventualmente ele se acalmou. E aí os Oilers é que implodiram à sua frente.

Pense em uma estratégia perfeita para ganhar um jogo fora de casa. Depois vire-a do avesso. Foi assim que o Edmonton jogou ontem.

Silenciar a torcida? Sem chance. A agressividade inicial dos Oilers cruzou a fina linha que a separa do descuido. Primeiro um 4-contra-1 que fez os torcedores se levantar de suas cadeiras. Pouco depois, mais um disco perdido acabou se tornando mais uma escapada, desta vez resultando em um gol do Carolina.

Manter-se fora do banco de penalidades? Não nesta noite. O Carolina veio para esta série com a melhor vantagem numérica da pós-temporada, então os Oilers sabiam que cometer penalidades era a mesma coisa que brincar com fogo. Ainda assim, ontem, 9 das 13 últimas infrações do jogo foram cometidas pelo Edmonton. O previsível resultado: três gols do Carolina em vantagem numérica.

Ganhar as batalhas físicas? Não aconteceu. O Edmonton não é um time de fugir da briga, mas no jogo 2 o Carolina teve uma vantagem de 17-9 no quesito trancos.

Enquanto isso, Markkanen fez o seu melhor para manter os Oilers vivos. Ele não foi brilhante ontem, mas também não foi mal. Dos cinco gols que sofreu, apenas o segundo pode ser considerado frango, e mesmo ele veio em vantagem numérica.

O técnico Craig MacTavish manteve secreta a sua decisão no gol o dia inteiro. Só nos minutos antes de o disco cair é que a torcida soube que Markkanen, e não Ty Conklin, começaria o jogo pelos Oilers.

Não haverá tal mistério para o jogo 3, no sábado. MacTavish ficou impres-sionado o suficiente por Markkanen para já o anunciar como o titular de sábado.

Terceira estrela da noite
Cory Stillman só marcou um ponto ontem, mas, cara, foi de quebrar as pernas do adversário. Se já houve uma ocasião onde um simples gol mereceu valer dois pontos para um jogador, esta ocasião foi quando Stillman bateu Markkanen a menos de três segundos do fim do segundo período. Stillman pegou um disco sem dono ao lado do gol, e, como Markkanen estava cobrindo aquela trave, o veterano do Carolina jogou o disco pelo alto para o outro lado do gol, patinou por trás deste a fim de receber seu próprio passe e então acendeu a luz vermelha com um chute de backhand. Aquele gol facilitou as coisas, já que o Edmonton voltou despedaçado para o terceiro período, arrumou umas penalidades bobas e só ficou vendo o jogo escapar de suas mãos.

Segunda estrela da noite
Cam Ward não fez a torcida levantar de suas cadeiras como o tinha feito mo jogo 1, ao roubar o gol de Shawn Horcoff por duas vezes com mergulhos no terceiro período. Pode-se dizer que ele foi um fator mais importante na abertura da série, apesar de ter sofrido quatro gols, mas não há nada de errado em ser queito e eficiente. Ward defendeu todos os 25 chutes que encarou, não deixou nenhum rebote suculento e mais uma vez demonstrou uma segurança que não reflete a sua idade. Ao se manter atento mesmo em um jogo ganho, Ward não permitiu que os Oilers conse-guissem embalo algum para levar de volta a Edmonton.

Primeira estrela da noite
O último jogo com mais de um ponto de Frantisek Kaberle foi no começo de março, e o defensor do Carolina não tinha tido nenhum jogo de três pontos na temporada toda. Só que no jogo 2 ele dominou a artilharia. Depois de lançar Eric Staal no 2-contra-1 que levou ao primeiro gol do Carolina, ele se enfiou no entre-círculos durante uma vantagem numérica no segundo período e recebeu um passe de Ray Whitney que converteu no seu terceiro gol dos playoffs. Kaberle coroou sua noite com uma assistência no gol em vantagem numérica de Mark Recchi.

Penalidade menor
Mesmo se o Edmonton visse o gol de Stillman como fim de jogo — e, dada a atuação de Ward e a propensidade do Carolina para bloquear chutes, isso era uma dedução razoável —, ainda havia trabalho a ser feito no terceiro período. Os Oilers poderiam ter marcado um gol para evitar o shutout e ganhar algum embalo. Eles poderiam ter se recuperado na frente de Markkanen e permitido ao novo titular, em seu primeiro jogo de playoffs, ganhar alguma confiança. Ao invés disso, os Oilers desanimaram. O Edmonton cometeu duas penalidades menores nos primeiros cinco minu-tos do período, e ambas deram origem a gols. Depois George Laraque conseguiu uma maior por got a major for tranco ilegal e foi expulso. Talvez um esforço para mandar uma mensagem, mas no final o Edmonton terminou frustrado, não físico.

Penalidade maior
A defesa do Edmonton deixou Markkanen na mão quando mais importava. No começo do jogo, o goleiro dos Oilers pareceu um pouco instável. Em uma tentativa de cobrir o disco nos minutos iniciais, ele acabou empurrando-o ao longo de sua área, embora de forma inofensiva. Algumas vezes no primeiro período ele tropeçou nos próprios patins. Ele parecia alguém que precisava de tempo para se acostumar às condições da Copa Stanley, mas não teria tempo para tal luxo. Primeiro, uma disparada de 4-contra-1 do Carolina. Esta foi abortada por um passe errado. Mas pouco depois uma perda de disco de Steve Staios resultou em mais uma disparada, desta vez um 2-contra-1 que se tornaria o segundo gol de Andrew Ladd nos playoffs.

O que assistir no sábado
O Edmonton já esteve aqui antes, tendo perdido os dois primeiros jogos em San Jose, antes de eliminar os Sharks em seis partidas. Aquela foi uma série bem diferente, claro. Dwayne Roloson agora está froa e, ao invés de sofrer quatro gols em dois jogos como contra os Sharks, os Oilers foram vazados dez vezes na Carolina do Norte. A cidade de Edmonton certamen-te não desistiu desta série, e não por que imaginar que Ryan Smyth, Chris Pronger e os Oilers vão cair sem lutar. Ficar fora do banco de penalidades e mandar mais discos na direção de Cam Ward serão essenciais para o plano de ataque do jogo 3.

Melhor momento da noite
O gol quase no último segundo de Stillman no segundo período foi uma obra de arte. O chute de backhand já seria o bastante para elegê-lo o mais bonito da noite. Mas o passe para si mesmo — seja improvisado, seja intencional — simplesmente coroou o lance.



Matt Romig é jornalista do site Yahoo! Sports. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 8 de junho de 2006.