Pare
um instante o que você está fazendo. Só um
instante. Veja ao lado a classificação da Divisão
Central, como ela estava antes dos jogos de segunda-feira.
Não, não é um erro. Os Predators estavam,
sim, em primeiro lugar. E só não estão lá
neste instante porque os Red Wings têm dois jogos a mais.
Mas talvez essa presença no topo da divisão não
seja tão surpreendente assim. Provavelmente, o que é
mais surpreendente é a campanha até aqui perfeita,
com cinco vitórias em cinco jogos, sendo, ao lado dos Senators,
um dos únicos times ainda invictos. Ou talvez nem isso,
mas a defesa menos vazada de toda a Conferência Oeste. Ou
quem sabe os 25% de aproveitamento em vantagem numérica
ou ainda os 90% em desvantagem, ambos os números entre
os cinco primeiros da liga.
A essa altura, se você não estiver acompanhando a
temporada 2005-06 de perto, já tem certeza de que
há, sim, algum erro.
Pois bem, posso garantir que não há. São,
sim, os Predators os donos desses números até aqui
impressionantes. É claro que a base de comparação
ainda é pequena, com esses míseros cinco jogos.
Eles só garantem que a campanha do time quando abril chegar
não será pior que 5-77. Mas já é o
melhor início da ainda curta história dos Preds,
um grande feito para um time que tem no currículo apenas
uma temporada vitoriosa em seus seis anos de existência.
"Algumas pessoas estão questionando se estamos tendo
sorte porque ganhamos alguns jogos nos pênaltis", reclama
o goleiro Tomas Vokoun. "Mas mostramos que podemos vencer
de diferentes maneiras — saindo atrás, jogando na
frente no placar, nos pênaltis. Acho que na maioria das
vezes que você tem sorte isso foi fruto de trabalho."
Esse trabalho tem aparecido de diversas maneiras. Nas vitórias
sobre Colorado, na quarta-feira, e Phoenix, na quinta (esta nos
pênaltis), seis dos nove gols marcados foram durante vantagens
numéricas. Já no jogo seguinte, no sábado,
contra os Blues, todos os quatro gols da vitória por 4-1
foram construídos no cinco-contra-cinco. "A vantagem
numérica não vai conseguir carregar o time nas costas
o tempo todo", alertou o atacante Steve Sullivan. Foi o que
aconteceu: o aproveitamento da vantagem numérica caiu de
33,3% antes do jogo para 25% depois de desperdiçar as sete
oportunidades.
Apesar desse ponto negativo, pela primeira vez na temporada o
time não chegou a ficar atrás no placar em nenhum
momento do jogo. "Foi uma boa sensação não
ter de correr atrás no terceiro período ou em qualquer
outro ponto do jogo", comemorou o mesmo Sullivan. Para conseguir
isso, bastou um esforço de 60 minutos, apertando desde
o início, construindo uma vantagem de dois gols ao fim
dos dois primeiros períodos e mantendo um estilo de jogo
agressivo no último. Não foi, pois, nenhuma surpresa
a quebra de um jejum de vitórias em St. Louis que se estendia
desde janeiro de 2001.
Outra surpresa envolvendo o time está no quadro de estatísticas.
Mais especificamente, na coluna de minutos de penalidades. Quem
lidera a categoria é o atacante Paul Kariya. Sim, o mesmo
Paul Kariya que tem dois troféus Lady Byng (dado ao jogador
que demonstra mais espírito esportivo) na sala. Os Predators
esperavam que ele liderasse o time em várias categorias,
mas essa certamente não era uma delas.
Seus 14 minutos de penalidade são quatro a mais do que
tem o zagueiro Danny Markov e pelo menos oito a mais que qualquer
outro colega de time. Só no jogo em Phoenix, por exemplo,
ele foi quatro vezes para o banco de castigo.
Kariya, que só teve mais de 40 minutos de penalidades uma
vez em sua carreira, sabe que precisa fazer algumas mudanças:
"Acho que algumas faltas foram por estar no lugar errado
na hora errada ou por estar no lado errado de alguém, especialmente
naquelas disparadas de dois contra um."
Como a principal contratação do time antes de a
temporada começar, a responsabilidade tem o tamanho de
seu salário, US$ 9 milhões por duas temporadas sob
contrato. Ele é o pilar de um estilo de jogo baseado na
velocidade, com dois bastiões, o goleiro Vokoun e o cada
vez melhor zagueiro Marek Zidlicky. Tudo comandado por Barry Trotz,
o único técnico da história da franquia.
Esse estilo de jogo tem tudo para dar certo à luz das novas
regras do jogo. Por enquanto, está dando. "É
uma sensação diferente estar invicto, com certeza",
opina o atacante Scott Hartnell. Será, também, uma
sensação razoavelmente curta, já que nunca
time algum começou uma temporada com mais de dez vitórias
seguidas — sempre vale lembrar que, na nova NHL, não
existem mais empates.
E, do mesmo jeito que essa sensação deve ser tão
boa quanto é diferente, a sensação de favoritismo
que eles estão começando a construir deverá
ser ainda melhor. Quando ela estiver construída, não
será mais uma surpresa encontrar o time de Nashville no
topo da divisão.
Alexandre Giesbrecht, 29 anos,
considera a sexta temporada de Arquivo X a melhor entre as
que já teve a oportunidade de assistir em DVD.