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30 de outubro de 2002
O novo Dopita?

Por Eduardo Costa

Na última temporada Jiri Dopita chegou à América do Norte trazendo na bagagem o rótulo de melhor jogador de hóquei do mundo fora da NHL. Porém, o central tcheco decepcionou vestindo a camisa dos Flyers. Foram raras as vezes em que demonstrou merecer tal título. Apenas 27 pontos em 52 jogos e uma transferência para o Edmonton Oilers em 18 de junho, por uma mísera escolha de terceira rodada em 2003 e uma condicional na quinta rodada de 2004.

Petr Cajanek, também central, chega à NHL com uma história parecida. Já não é mais um novato, tem 27 anos e foi eleito pela imprensa especializada da Europa como o melhor jogador do Velho Continente na última temporada, rivalizando com Henrik Zetterberg, entre outros. Atuando pelo HC Zlín, recebeu o prêmio de jogador mais valioso da Liga Tcheca pela revista Hokej Magazine; também foi escolhido o melhor pela Associação de Jogadores Tchecos e na escolha popular. Foram 54 pontos em 49 jogos na temporada regular, segundo na liga, quatro a menos que seu companheiro de linha Petr Leska.

Cajanek foi o único jogador sem passagem pela NHL a disputar os Jogos Olímpicos de 2002 pela seleção Tcheca. Em Salt Lake City, teve poucas oportunidades, devido ao trio de centrais Robert Lang, Dopita e Pavel Patera. Mas seu histórico em competições internacionais não deve ser desprezado. No Mundial deste ano, disputado na Alemanha, foram cinco pontos em sete partidas. Possui dois títulos mundiais no currículo: 2000 e 2001. O Mundial de 2000, em São Petersburgo, Rússia, foi memorável, com uma final eslava entre a República Tcheca e a Eslováquia. Em 2001, teve sua atuação mais destacada, o que despertou o interesse de alguns olheiros da NHL.

No mesmo ano, foi selecionado pelo St. Louis Blues na oitava rodada do recrutamento (253.ª escolha geral). A tardia escolha talvez se deva ao tamanho do jogador (1,81 m e 80 kg) e a idade, considerada avançada para uma estréia na NHL, além da pouca vontade do atleta em tentar uma carreira em outro continente.

Talvez o responsável pela escolha tenha sido Peter Stastny, lenda do hóquei eslovaco e ex-jogador de Nordiques, Devils e Blues. Foi por indicação dele que Michal Handzus, Ladislav Nagy e Lubos Bartecko vestiram a camisa da equipe nas últimas temporadas. Por coincidência, nenhum deles atua mais nos Blues. Stastny primeiro convenceu o jogador e depois a direção dos Blues. Em 3 de julho de 2002, Cajanek assinava com a equipe.

Na pré-temporada, foram seis pontos (1+5) em sete jogos. Criatividade, velocidade e boa porcentagem de face-offs vencidos, aliadas a poucas opções ofensivas da equipe e dúvidas sobre as reais condições físicas de Weight garantiram uma vaga entre os doze principais atacantes da equipe. Outro fator positivo é a versatilidade do jogador, que também pode ser utilizado como asa esquerdo.

Começou a temporada centrando Dallas Drake e Jamal Mayers na terceira linha, mas a chegada de seu compatriota Martin Rucinsky pode mudar tudo. Quenneville deve colocar Rucinsky no lado esquerdo da linha de Doug Weight, com Cory Stillman indo para a direita. Assim, o novato Eric Boguniecki centrará a linha de Cajanek. A primeira linha continua sendo Tkachuk-Demitra-Mellanby.

Em sete partidas até agora, Cajanek somou sete pontos. Números melhores que os obtidos pelos dois principais nomes ofensivos da equipe, Tkachuk e Demitra. Ainda comparando, Dopita, em oito partidas nesta temporada, marcou apenas duas assistências. Se Cajanek se tornará figurinha carimbada nos álbuns da NHL só o tempo irá dizer, mas seu início na liga leva a crer que mais um tcheco conquistará a América.

Eduardo Costa fica impressionado como um país tão pequeno produz tantos craques no hóquei.
 
 
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Página publicada em 28 de outubro de 2002.