Por
Eduardo Costa
Na última temporada Jiri Dopita chegou à América
do Norte trazendo na bagagem o rótulo de melhor jogador de hóquei
do mundo fora da NHL. Porém, o central tcheco decepcionou vestindo
a camisa dos Flyers. Foram raras as vezes em que demonstrou merecer
tal título. Apenas 27 pontos em 52 jogos e uma transferência
para o Edmonton Oilers em 18 de junho, por uma mísera escolha
de terceira rodada em 2003 e uma condicional na quinta rodada de 2004.
Petr Cajanek, também central, chega à NHL com uma história
parecida. Já não é mais um novato, tem 27 anos
e foi eleito pela imprensa especializada da Europa como o melhor jogador
do Velho Continente na última temporada, rivalizando com Henrik
Zetterberg, entre outros. Atuando pelo HC Zlín, recebeu o prêmio
de jogador mais valioso da Liga Tcheca pela revista Hokej Magazine;
também foi escolhido o melhor pela Associação de
Jogadores Tchecos e na escolha popular. Foram 54 pontos em 49 jogos
na temporada regular, segundo na liga, quatro a menos que seu companheiro
de linha Petr Leska.
Cajanek foi o único jogador sem passagem pela NHL a disputar
os Jogos Olímpicos de 2002 pela seleção Tcheca.
Em Salt Lake City, teve poucas oportunidades, devido ao trio de centrais
Robert Lang, Dopita e Pavel Patera. Mas seu histórico em competições
internacionais não deve ser desprezado. No Mundial deste ano,
disputado na Alemanha, foram cinco pontos em sete partidas. Possui dois
títulos mundiais no currículo: 2000 e 2001. O Mundial
de 2000, em São Petersburgo, Rússia, foi memorável,
com uma final eslava entre a República Tcheca e a Eslováquia.
Em 2001, teve sua atuação mais destacada, o que despertou
o interesse de alguns olheiros da NHL.
No mesmo ano, foi selecionado pelo St. Louis Blues na oitava rodada
do recrutamento (253.ª escolha geral). A tardia escolha talvez
se deva ao tamanho do jogador (1,81 m e 80 kg) e a idade, considerada
avançada para uma estréia na NHL, além da pouca
vontade do atleta em tentar uma carreira em outro continente.
Talvez o responsável pela escolha tenha sido Peter Stastny, lenda
do hóquei eslovaco e ex-jogador de Nordiques, Devils e Blues.
Foi por indicação dele que Michal Handzus, Ladislav Nagy
e Lubos Bartecko vestiram a camisa da equipe nas últimas temporadas.
Por coincidência, nenhum deles atua mais nos Blues. Stastny primeiro
convenceu o jogador e depois a direção dos Blues. Em 3
de julho de 2002, Cajanek assinava com a equipe.
Na pré-temporada, foram seis pontos (1+5) em sete jogos. Criatividade,
velocidade e boa porcentagem de face-offs vencidos, aliadas a poucas
opções ofensivas da equipe e dúvidas sobre as reais
condições físicas de Weight garantiram uma vaga
entre os doze principais atacantes da equipe. Outro fator positivo é
a versatilidade do jogador, que também pode ser utilizado como
asa esquerdo.
Começou a temporada centrando Dallas Drake e Jamal Mayers na
terceira linha, mas a chegada de seu compatriota Martin Rucinsky pode
mudar tudo. Quenneville deve colocar Rucinsky no lado esquerdo da linha
de Doug Weight, com Cory Stillman indo para a direita. Assim, o novato
Eric Boguniecki centrará a linha de Cajanek. A primeira linha
continua sendo Tkachuk-Demitra-Mellanby.
Em sete partidas até agora, Cajanek somou sete pontos. Números
melhores que os obtidos pelos dois principais nomes ofensivos da equipe,
Tkachuk e Demitra. Ainda comparando, Dopita, em oito partidas nesta
temporada, marcou apenas duas assistências. Se Cajanek se tornará
figurinha carimbada nos álbuns da NHL só o tempo irá
dizer, mas seu início na liga leva a crer que mais um tcheco
conquistará a América.
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Eduardo Costa fica impressionado como um país tão
pequeno produz tantos craques no hóquei. |
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