Por
Marcelo Constantino
Saku Koivu é uma das principais razões pela renovada febre
de hóquei em Montreal. Certo, o time teve o MVP da NHL na temporada
passada e chegou aos playoffs, mas a batalha vitoriosa do capitão
contra um câncer no abdome emocionou a todos os torcedores do
esporte mundo afora.
O finlandês Koivu passou a maior parte da temporada passada em
tratamento de quimioterapia até conseguir vencer a doença.
Completou 27 anos de idade durante esse período. Vencida a maior
batalha de sua vida, era hora de retornar ao gelo, ainda em tempo de
ajudar o time.
A volta dele ocorreu justamente na partida em que o Canadiens se classificou
para os playoffs, coisa que não acontecia havia quatro anos.
Coisa de cinema de qualidade (no cinemão picareta provavelmente
colocariam Koivu arrebentando, marcando gols e, quem sabe, liderando
o time rumo ao título).
Ele não tocou muito no disco, jogou pouco. Nem precisava, sua
presença ali já era tudo. Era a vitória: simples,
mas grandiosa.
Saku ainda conseguiu duas assistências nas últimas três
partidas do time na temporada regular, mesmo com pouco tempo de jogo.
Na surpreendente campanha nos playoffs, quando eliminaram o primeiro
colocado da conferência e acabaram eliminados de forma avassaladora
pelos Hurricanes na série seguinte, Koivu teve quatro gols e
dez pontos em 12 partidas.
No fim da temporada, verdadeira barbada, venceu o Troféu Bill
Masterson pela dedicação ao hóquei. No verão,
casou-se. A vida voltando ao normal, os frutos sendo colhidos.
O desafio agora é participar da longa e cansativa temporada de
82 jogos, recuperar a forma técnica e voltar a exercer o papel
decisivo dentro do time para não só chegar aos playoffs
novamente, mas fazer também uma campanha mais longa. Na nivelada
Conferência Leste isso é plenamente viável.
O defensor Stephane Quintal reforça a meta: "Espero não
só que cheguemos novamente aos playoffs, mas que terminemos entre
os cinco primeiros da nossa conferência.
Se a renovada balela da NHL quanto às punições
ao agarra-agarra predominante nas partidas fosse séria, o ataque
de jogadores com baixa estatura (Koivu, Audette, Gilmour, Petrov, Zednik)
dos Habs seria claramente beneficiado. Pena.
Para esta temporada, os Canadiens trouxeram mais força e liderança
ao time, com Randy McKay, e mais ofensividade, com Mariusz Czerkawski.
E mais: Doug Gilmour aceitou jogar por mais uma temporada, a sua 20.ª
na carreira. Donald Audette também está de volta, depois
de perder boa parte da temporada passada contundido.
Sobre Audette, há boatos de que ele andou sendo oferecido pela
NHL. Num mau começo, descambou para a quarta linha, não
pontuou até a partida contra os Leafs e já acumulava um
alto mais/menos negativo.
Com o MVP Théodore no gol (o contrato mais rico da história
dos Habs: três anos por US$ 16,5 milhões), o reserva Jeff
Hackett provavelmente deveria ser negociado. Seu alto salário,
na faixa de US$ 3,6 milhões, é convidativo a isso, além
de ele mesmo considerar que poderia ser titular em outra equipe. No
fim, tudo se encaixaria, já que o terceiro goleiro Mathieu Garon
não pode mais ser mandado para as ligas menores sem passar pelo
Recrutamento de Desistência. Há quatro anos na AHL, chegou
a hora de ele subir em definitivo.
Entretanto, este começo de temporada reservou surpresas: Théodore
está bem abaixo do esperado e Hackett é a sensação
em Montreal. Com sólidas atuações na vitória
sobre o Detroit Red Wings e no empate contra os rivais Maple Leafs,
o goleiro reserva parece estar de volta à antiga forma, já
que perdeu boa parte das duas últimas temporadas por causa de
contusões na mão e no ombro.
Eis que surge então o primeiro dilema para a equipe: o que fazer
com Jeff Hackett?
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Marcelo Constantino Monteiro está cansado de ler que a
NHL vai coibir o anti-jogo, ano após ano. A encenação
acaba antes do fim do ano. |
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