Por
Marcelo Constantino
Durante o último verão norte-americano, qualquer time
mediano que adicionasse Jaromir Jagr ao elenco seria naturalmente elevado,
no mínimo, à condição de classificado para
os playoffs. Jagr, cinco vezes vencedor do Art Ross e considerado o
melhor jogador do mundo, estava sendo rifado pelo Pittsburgh Penguins.
O Washington Capitals adquiriu-o, e chegou-se a dizer que eram francos
candidatos à Stanley Cup. No papel, com Adam Oates, Peter Bondra,
Sergei Gonchar e Olaf Kolzig, até seriam mesmo. Qualquer um teria
medo de uma linha com Oates centrando Bondra e Jagr.
Com o tcheco, a franquia da capital americana elevou-se à sexta
posição entre os times com folha salarial mais alta da
Liga, atingindo US$ 56 milhões. Começaram mal e, de novembro
de 2001 a março de 2002, jamais atingiram o índice de
50% de aproveitamento, tendo problemas com uma defesa cheia de furos.
Mas não só isso, sofreram com jogadores gravemente contundidos
no começo da temporada, como Calle Johansson, Steve Konowalchuk
a Jeff Halpern.
O Washington havia sido o melhor time da NHL na segunda metade das duas
temporadas anteriores, com grandes arrancadas nos meses de janeiro e
fevereiro para conquistar títulos consecutivos da Divisão
Sudeste. Desta vez isso não aconteceu na mesma época:
os Caps só vieram a arrancar dois meses mais tarde -- e aí
já era tarde demais: seus concorrentes diretos, Montreal Canadiens
e Carolina Hurricanes, continuaram jogando bem e se classificaram. A
campanha ficou nos 35-33-11-1. Esta foi a terceira vez em seis anos
que os Capitals não se classificaram para os playoffs e eles
não vencem uma série de na pós-temporada desde
a campanha vice-campeã da Stanley Cup de 1998. Pela primeira
vez em sua carreira de 12 anos na NHL, Jaromir Jagr assistirá
aos playoffs somente como expectador.
Azar da cidade de Washington. Na NBA, o maior jogador da sua história,
Michael Jordan, resolveu voltar às quadras pelo Washington Wizards.
Sua volta fez o time dobrar sua produção neste ano, mas
uma contusão que o tirou da temporada acabou por matar qualquer
esperança que o time tivesse de chegar aos playoffs.
Futuro -- O gerente geral George McPhee acredita que o time já
é bom e que basta melhorá-lo pontualmente para que chegue
aos playoffs e dispute o título. Ele conta ainda com uma nova
geração de jovens jogadores que poderão ajudar
nesta empreitada. "Se jogarmos na próxima temporada o que
jogamos no final desta, chegaremos facilmente a 90, 100 pontos",
diz McPhee. Isso é que é otimismo.
As boas apresentações do ex-ala, agora central, Dainius
Zubrus, e dos novatos Jean-Francois Fortin e Nolan Yonkman podem deixar
os torcedores também otimistas para a próxima temporada.
Mas do que adianta? Todos estavam otimistas para esta também.
De pré-candidato ao título, os Caps foram eliminados na
temporada. Fracasso absoluto.
Passaram a temporada em busca de um central para substituir o veterano
Adam Oates e um jovem, grande e rápido defensor para melhorar
o plantel já envelhecido desta posição. Convenhamos,
defensor jovem e, principalmente, grande e rápido são
características que não são encontradas na esquina.
Conta-se nos dedos da pata de passarinho o número de bons defensores
da NHL que são grandes e rápidos. Nenhum disponível.
Como Zubrus destacou-se na posição de central, a gerência
congelou a idéia de sair à caça de um jogador para
esta posição. Jogando ao lado de Jagr, formou uma dupla
que encontrou sua boa química. Ainda outra dupla, formada por
Andrei Nikolishin -- que deverá ter seu contrato renovado --
e Peter Bondra, parece ter convencido a comissão técnica.
Importante ressaltar que essas impressões estão permeadas
pelas boas atuações nas semanas finais da temporada. Faltariam
então alas rápidos e habilidosos do outro lado de cada
dupla para fazer com que essas linhas estourem e é disso que
a gerencia deverá sair em busca.
O time não deverá ser incisivo no mercado dos jogadores
com passe livre, já que o objetivo é não elevar
ainda mais a folha de pagamento. A idéia é fazer trocas
para tentar trazer jovens jogadores que estejam prestes a entrar no
auge da carreira. Veteranos como Joe Sacco, Benoit Hogue e o enganador
Dmitri Khristich terão passe livre e não deverão
retornar. Ainda há a cara opção de renovar por
mais um ano com Chris Simon, a um custo de US$ 2,5 milhões. Intimidador
que também pontuava bastante, Simon está em franca decadência
e é mais provável que ele receba do clube uma proposta
para assinar por menos.
Os Capitals terão nada menos do que nove escolhas nas três
primeiras rodadas do recrutamento de 2002 -- o que não significa
muito num ano que parece ser fraco de grandes prospectos. Ainda assim,
fica mais fácil para a gerência negociar trocas quando
se tem tantas escolhas nas primeiras rodadas. O próprio goleiro
adquirido dos Flyers na incrível troca por Adam Oates, Maxim
Ouellet, deverá ser usado como moeda de troca. Senão,
deverá substituir o veterano reserva Craig Billington na próxima
temporada. O problema é que a posição estava sendo
preparada para Sebastien Charpentier, que teve grande temporada na AHL.
Jaromir Jagr diz que seu melhor momento foi no último mês.
"Havia tudo o que eu buscava: a pressão para estarmos no
ponto a cada jogo; não podíamos perder nenhuma partida;
o clima. É muito chato que o final não tenha sido feliz.
É isso que nos faltava: se fosse só pelo que fizemos no
fim, seria perfeito. Talvez na próxima temporada."
Talvez, Jagr?
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Marcelo Constantino Monteiro é grande admirador do hóquei de Jaromir
Jagr, tendo adquirido certa simpatia também pelo Washington Capitals
em conseqüência da transferência do jogador. |
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DEMORARAM PARA ENGRENAR Jaromir
Jagr lutou e foi excelente no fim da temporada, mas isso nao foi
suficiente para levar o time aos playoffs (David Zalubowski/AP -
19/03/2002) |
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