Por: Fernnando Dittmar

"Mais um gol do Florida Panthers e mais um gol dele, Alexander Ovechkin, líder do time em gols nesta temporada. Três a zero para os Panthers contra o time da casa, o Washington Capitals."

Notaram algum erro? Certamente devem ter percebido a troca entre os nomes de Mike Santorelli e Alexander Ovechkin na frase, mas se você achou que o erro seria pela vitória de 3-0 do time do Florida Panthers contra o todo poderoso ataque do Washington Capitals em pleno Verizon Center não se preocupe, isso até se pareceu mais lenda do que Ovechkin vestindo a camisa do clube de Miami.

É difícil imaginar que um dia Ovechkin ainda pegue suas malas e vá curtir as praias de Miami Beach vestindo as cores dos Panthers, mas no recrutamento de 2003 isso quase se tornou realidade.

Naquele ano, muitas movimentações aconteceram com as escolhas da primeira rodada, inclusive com o Florida Panthers, que até então detinha a primeira escolha geral, que posteriormente viraria uma terceira escolha. Mas as cabeças de seus gerentes estavam de olho em um talento raro que viria a ser elegível apenas em 2004, um tal de Alexander Ovechkin. Ovechkin, nesse tempo, já era bastante conhecido por ter se tornado o jogador mais jovem a marcar um gol pela equipe principal da seleção russa e após suas aparições de gala nos campeonatos mundiais de juniores.

Naquele recrutamento, os jogadores nascidos até 15 de setembro de 1985 estavam elegíveis, portanto Ovechkin, que nascera em 17 de setembro de 1985, não entrava nas condições por apenas dois dias. Mas os Panthers juravam que tinham uma carta na manga para fazer com que esses dias sumissem do calendário russo. Foi aí que entrou em cena um plano que Rick Dudley e seus comparsas jugavam infalível.

O argumento para tornar a estrela russa em condições para a escolha seria de que nos 18 anos de vida que Ovechkin tinha na época, houve quatro anos bissextos no calendário — aquele que soma mais um dia ao mês de fevereiro de quatro em quatro anos —, o que faria com que Ovie ficasse quatro dias mais velho e, assim, entrasse no prazo estipulado pela NHL. O famoso "migué" era perfeito. Talvez a inspiração tenha vindo do caso de um outro russo que também teve sua história ligada aos Panthers, Pavel Bure, recrutado em 1989 pelo Vancouver Canucks.

No caso de Bure o empecilho ficou por conta de sua idade na época. Com seus 18 anos ele só poderia ser escolhido nas três primeiras rodadas do recrutamento de 1989, caso contrário, o jogador poderia ser escolhido nas rodadas seguintes se tivesse jogado pelo menos as duas últimas temporadas pela sua equipe em questão, o CSKA Moscow, com o mínino de 11 jogos por temporada. Como Pavel Bure aparentemente não havia completado o mínimo de jogos e não havia sido escolhido entre as três primeiras, o russo não estaria disponível no restante do recrutamento. No entanto, Pat Quinn, gerente geral dos Canucks na época, vasculhando os arquivos obscuros da liga soviética, descobriu que Bure havia participado de jogos amistosos com sua equipe e que juntando-os atingiria o mínimo proposto pela liga. Naquela ocasião, a decisão da NHL também foi contrária a princípio, mas depois dos Canucks recorrerem na justiça e contarem com a ajuda de Igor Larionov, Pavel Bure finalmente teve o passaporte carimbado para ir para Vancouver e consequentemente jogar na NHL.

Infelizmente para o Florida Panthers e sua torcida, a liga não caiu no conto de Dudley e rejeitou todas as quatro tentativas da equipe para trazer Ovechkin já em 2003. Lá se ia a chance dos Cats terem um dos maiores "roubos" de um recrutamento. Lá se foi a chance do time de Miami de se tornar uma grande franquia que hoje o Washington Capitals de Alexander Ovechkin e Cia. se apresenta.

Fernnando Dittmar é torcedor do TP Mazembe desde criancinha.

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Página publicada em 12 de dezembro de 2010.