Por: Marcelo Constantino

É verdade que a linha de Pavel Datsyuk é a principal do Detroit Red Wings e que o russo é capaz de lances desconcertantes, de rara beleza. Ao lado de Henrik Zetterberg e Tomas Holmstrom, não há time que não escale seus melhores defensores para fazer frente a esta linha.

Porém, a linha mais decisiva do time tem sido a centrada por Valterri Filppula com Johan Franzen e Todd Bertuzzi nas asas. Franzen, quando não está machucado, é o jogador mais temido e efetivamente o mais perigoso dos três. Mas quem vem surpreendendo nesta temporada é Todd Bertuzzi.

Após o jogo da última quinta-feira, em que o Detroit derrotou o Calgary Flames por 4-2, Bertuzzi tornou-se o líder do time em pontos na temporada, com oito pontos em seis jogos (claro, seis jogos na temporada ainda não é nada, mas estamos vendo uma fotografia do momento). Mais que isso (e sobretudo mais surpreendente), Bertuzzi passou a liderar o time com +5.

Logo ele, reconhecidamente deficiente nos aspectos defensivos do jogo e constantemente esculhambado em Detroit por esse motivo ao longo dos meses em que o time penava para tentar chegar entre os oito primeiros da Conferência Oeste na temporada passada.

Críticos (daquela época ou não) poderão argumentar, e com toda razão, que ele segue sendo uma temeridade defensiva. É verdade, Bertuzzi e defesa são palavras que me parecem antagônicas. Pode ser meramente uma questão psicológica, mas toda vez que o vejo tendo que executar alguma jogada defensiva, sinto uma insegurança no ar. Dificilmente se confia nele nesses casos.

Porém, apesar de o Detroit ser um time reconhecidamente onde os jogadores necessariamente têm de saber jogar defensivamente, Bertuzzi vem se saindo bem, mesmo burlando essa regra. E isso não é de agora, desta temporada. A temporada passada dele já foi satisfatória.

Preste atenção: Bertuzzi está se saindo bem diante do que se espera dele, e diante do peso do salário dele no montante do time. Não se espera que ele seja uma das estrelas do time, ou que seja um dos goleadores. Mas os 18 gols (sendo quatro da vitória, dois deles na prorrogação) e 44 pontos da temporada passada estão de muito bom tamanho para o patamar salarial (US$ 1,5 milhão para esta temporada) dele.

Além disso, falando agora exclusivamente da temporada atual, podemos dizer que seus deslizes, ou sua pouca habilidade defensiva, não estão custado muito aos Red Wings até aqui. Por outro lado, quando vejo o belo chute dele contra o Calgary, que resultou no quarto gol do time, concluo que ele ainda tem boa parte daquilo que comumente se chama de "scoring touch".

Outro fator importante que Bertuzzi tem conseguido provar aos críticos é com relação às suas contusões tidas como crônicas. Ele não tem se machucado — jogou todas as partidas da temporada passada e todas deste ano. Ofensivamente, podemos dizer que apresentou boa regularidade na temporada passada e excelente regularidade nesta.

Em 2009-10, o máximo que ele ficou sem pontuar foi por seis jogos consecutivos. Pontuou em 34 dos 82 jogos. Repito, para o peso do salário dele sobre o elenco, está bem razoável.

Vivendo ainda sob o indelével manto da agressão a Steve Moore, e com o currículo contendo um período em que já foi um dos mais perigosos atacantes da liga, o papel de Bertuzzi hoje em dia — bem mais limitado, é claro — vem sendo bem executado.

Marcelo Constantino é colunista de TheSlot.com.br.

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 24 de outubro de 2010.