Por: Marcelo Constantino

Muito mais do que a série estar empatada em 2-2 após o jogo 4 de sexta-feira, a final da Copa Stanley de 2010 entre Chicago Blackhawks e Philadelphia Flyers demonstra um equilíbrio poucas vezes visto na história recente de finais da NHL.

Repare que todos os jogos terminaram com placares apertados. Mesmo o jogo 4, em que a diferença pulou para dois gols, foi apertadíssimo: não fosse pelo vacilo final de Duncan Keith, o jogo possivelmente teria terminado 4-3, com o quarto resultado consecutivo com diferença de apenas um gol.

O grau de equilíbrio nas partidas é algo que não vejo numa final de Copa Stanley desde Tampa Bay Lightning x Calgary Flames,talvez. Ainda que as finais consecutivas dos dois últimos anos tenham chegado ao jogo 7, o jogo a jogo das séries entre Detroit Red Wings e Pittsburgh Penguins não era tão equilibrado como têm sido a série atual. E, regra geral, eu vejo o Chicago com mais time, enquanto o Philadelphia é aquele com mais fibra.

Rápida revisada nas partidas
O jogo 1 provavelmente foi o melhor da série até aqui, levando em conta a quantidade de gols, as incríveis e constantes trocas de liderança e o herói final, Tomas Kopecky, autor do gol da vitória do Chicago por 6-5 no terceiro período. Kopecky, ex-jogador do Detroit que assinara como agente livre antes da temporada, andava barrado do time nesses playoffs.

Veio o jogo 2 e toda aquela festa de gols da partida inicial foi refreada, com uma magra vitória dos Hawks por 2-1. Vejam vocês, até mesmo o sumido Marian Hossa marcou gol nesse jogo. As defesas de ambos os times se recompuseram dos espaços concedidos no jogo 1 e a partida acabou tornando-se um grande embate entre dois sistemas defensivos.

Se o jogo 1 talvez tenha sido o melhor da série, o jogo 3 foi o mais emocionante. Afinal, foi o único que seguiu para a prorrogação até aqui. Foi o jogo também que marcou a reação dos Flyers na série. O jovem Claude Giroux, que já vinha fazendo uma temporada de playoffs mágica, foi o herói da vez com o gol da vitória na prorrogação.

E então veio o jogo 4, único em que um time abriu uma larga vantagemsobre outro. Os Flyers chegaram a abrir 4-1, num jogo em que, se não era fácil, parecia pender para o lado do Philadelphia. Parecia, porque no terceiro período o Chicago veio cobrar a fatura, encurtando a vantagem para o tradicional “apenas um gol” e trazendo de volta a emoção e a tensão à partida. Isso até Duncan Keith — logo ele, que havia participado dos 3 gols do time —, não conseguir segurar o disco na zona de ataque e deixar Jeff Carter livre para marcar o gol em rede vazia e selar o empate na série.

Jogadores-chave
Chris Pronger é a referência da defesa dos Flyers? Mais que isso, talvez seja a referência do time inteiro. Pronger é daqueles jogadores que não decepcionam na NHL (esqueça as Olimpíadas), sobretudo quando se trata de playoffs. Desde que passou a peregrinar por times, geralmente liderando-os, Pronger sempre dá conta do recado nessa época. Porém, vale destacar também o quanto o defensor Matt Carle tem sido importante para os Flyers nesta final, sobretudo ofensivamente.

Já falamos do incrível Claude Giroux acima, mas vale reforçar: o atacante vem lembrando, de certa forma, a explosão que outro Claude, também de sobrenome francês, se caracterizava: o velho Claude Lemieux, lembrado, dentre outras coisas, pela forma como se transformava quando era hora de playoffs.

E como está o candidato a tri-vice, Marian Hossa? Apagado, de um modo geral. É bem verdade que o jogo defensivo dele tem sido surpreendentemente bom, o que já vem desde os tempos de Detroit, aliás. Mas Hossa não foi contratado para ser um bom jogador defensivo. Os meros três gols nesses playoffs são uma vergonha que somente poderá ser amenizada com o título. Qualquer coisa abaixo disso acarretará num novo caminhão de críticas ao craque.

Mas eis que a chave do Chicago talvez esteja exatamente nisso: o despertar de quem anda dormindo ofensivamente. Não apenas Hossa, mas também Jonathan Toews. Com zero gols e uma mera assistência nessa finais, Toews decepciona e muito — assim como toda a linha centrada por ele. Se o despertar de ambos ocorrer (e se os Flyers permitirem), a série será do Chicago.

Marcelo Constantino já deve ter recomendado, mas reitera: “Quando éramos reis” é daqueles documentários absolutamente imperdíveis. Para quem gosta de documentários e de boxe, mas também para todos os que gostam de cinema, esportes e uma história sensacional — e verídica.

Jim McIsaac/Getty Images
Marian Hossa: se não acordar, é tri-vice à vista.
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Página publicada em 26 de maio de 2010.