Atlanta Thrashers
2007-08: 30-40-8 (14.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: D Ron Hainsey, P Junior Lessard, C Marty Reasoner, D Mathieu Schneider, C Grant Stevenson, C Jason Williams. Quem saiu: C Bobby Holik, C Jason Krog, P Mark Recchi.
Outro recomeçar em Atlanta. Após uma fugaz passagem pelos playoffs de 2007, o time da Geórgia retornou à amarga rotina de ser sparring. Com o sistema defensivo menos eficaz da liga comprometendo a campanha, a equipe não pôde segurar Marian Hossa, negociado no dia-limite de trocas. O goleiro Kari Lehtonen até apresentou números decentes, considerando a quantidade de chutes que recebeu, mas com um grupo de defensores vulgares — à exceção do surpreendente Tobias Enstrom — e sua coletânea de contusões, não pôde salvar os Thrashers. Por isso Mathieu Schneider desembarcou na cidade, o que significará em melhora brutal da equipe de vantagem numérica e na transição entre defesa e ataque. Também para a retaguarda chega Ron Hainsey, agraciado com um contrato obsceno. O time usou sua escolha alta no recrutamento para buscar o defensor Zach Bogosian, que pode pular etapas e aparecer na equipe principal. O novo treinador John Anderson avisou que a grande mudança tática será o maior envolvimento dos defensores no setor ofensivo — eles foram às redes apenas 13 vezes na última temporada. No ataque há o indelével Ilya Kovalchuk, capaz de ultrapassar novamente a barreira dos 50 gols, mesmo sem ter um central ideal. Erik Christensen e Todd White não possuem o perfil ideal para a função e Bryan Little é ainda muito inexperiente para ser seu sócio. Até mesmo o polivalente e inconstante Jason Williams pode ser testado na vaga. A equipe finalmente se livrou de Bobby Holik, perfeito caso de adição por subtração. Se Anderson conseguir colocar esse time na pós-temporada, terá direito ao Troféu Jack Adams e canonização instantânea. Isso dificilmente acontecerá.
Carolina Hurricanes
2007-08: 43-33-6 (9.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: D Joni Pitkanen, D Anton Babchuk, D Josef Melichar, P Darcy Hordichuk. Quem saiu: D Glen Wesley, D Bret Hedican, C Keith Aucoin, P Erik Cole.
Melhor avisar aos Hurricanes que 2006 já terminou. O vacilo no final da última temporada, quando perderam o título da divisão e, conseqüentemente, a vaga nos playoffs, foi épico, incluindo um RBCanazo contra os Panthers no último prélio. Para mudar o cenário, o time se desfez do raçudo atacante e ídolo local Erik Cole para reforçar a linha azul, seu setor mais carente. Recebeu em troca de Cole o bom passador Joni Pitkanen, que vem contribuir com o arisco Joe Corvo na vantagem numérica. Como o time ainda tem um mix interessante na frente, a troca foi pontual. O capitão Rod Brind’Amour, aparentemente recuperado das mazelas físicas que o tiraram de boa parte da temporada passada, e Eric Staal, com um novo contrato de cifras nababescas, terão a companhia de Sergei Samsonov, que, para surpresa geral, parece ter reencontrado seu hóquei em Raleigh. Uma adição interessante é o talentoso Tuomo Ruutu. Pena que este sofre da síndrome de Martin Havlat. Por falar nela, o ponta direita Justin Williams, polivalente e (até pouco tempo atrás) durável jogador, já está na enfermaria, onde deverá ficar por até seis meses, devido a uma contusão no tendão. Foi lá que ele passou boa parte de 2007-08. Se a maré de contusões continuar, será difícil a corda sair do pescoço do técnico Peter Laviolette. Já na meta temos o nome que pode significar glória ou desgraça do projeto de ressurreição: temos de ver a verdadeira face de Cam Ward. Em caso de bom desempenho, os Canes terão chances de brigar pela segunda posição da divisão e uma das últimas vagas do Leste. Caso contrário, o time amargará a terceira ausência consecutiva no melhor da festa. Ward e um elenco saudável são as chaves do sucesso na Carolina do Norte.
Florida Panthers
2007-08: 38-35-9 (11.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: D Keith Ballard, D Nick Boynton, D Bryan McCabe, D Rory Fitzpatrick, C Janis Sprukts, PE Cory Stillman. Quem saiu: D Mike Van Ryn, D Steve Montador, D Jassen Cullimore, D Magnus Johansson, C Jozef Stumpel, PE Garth Murray.
A situação dos Panthers não é lá muito diferente da dos Thrashers. Os felinos já não contam com o capitão Olli Jokinen, líder em quase todas as estatísticas ofensivas do time, e têm um novo treinador, Peter DeBoer. A diferença é que sua jovem base já está com certa quilometragem na NHL. A defesa contém peças interessantes e que se completam. Keith Ballard e Jay Bouwmeester são dois ótimos zagueiros. Esse último poderá mudar de endereço se o time chegar ao dia-limite de trocas sem chances reais de classificação. Se quiser manter o jogador que mais minutos atuou em 2007-08, o time terá de ser competitivo. No gol estará Tomas Vokoun, o mais confiável atleta de sua posição no Sudeste e um dos melhores da NHL. Ele viverá fortes emoções com a chegada do errante Bryan McCabe — que pelo menos deve contribuir no ponto durante situações de vantagem numérica. Nas quatro linhas de ataque, muita juventude. Fique de olho em Shawn Matthias, central com visão e patinação ímpares. De tão bom, ele é considerado um raro erro do GG dos Red Wings, Ken Holland, que incluiu o então prospecto no pacote que levou Todd Bertuzzi a Detroit em 2007. Michael Frolik é outro central que pode aparecer bem. Uma grande dúvida é como Nathan Horton se comportará sem a presença de Jokinen. É a hora de provar que ele ainda poderá ser o rosto da franquia. DeBoer pretende copiar o modelo da moda e fazer sua equipe valorizar e manter a posse do disco — mais fácil de falar do que de fazer. Contem com os Panthers fazendo algum estrago nesta temporada, mas só o tempo irá dizer se será o bastante para alcançarem os playoffs após longo hiato. Sinceramente, vejo boas chances de Bouwmeester ser trocado em fevereiro.
Tampa Bay Lightning
2007-08: 31-42-9 (15.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: G Olaf Kolzig, D Andrej Meszaros, D Matt Carle, P Mark Recchi, P Ryan Malone, P Gary Roberts, C Adam Hall, P Radim Vrbata, P Steven Stamkos. Quem saiu: D Dan Boyle, D Brad Lukowich, D Filip Kuba, D Alexandre Picard.
Poucos times despertam tanta curiosidade quanto os Bolts: novos donos, fim da era John Tortorella, início do ciclo Barry Melrose, milhares de atacantes contratados e apenas dois bons defensores chegando — e dois saindo. Como prêmio (?) pela lanterna em 2007-08, Tampa hospeda Steven Stamkos, que, na condição de novíssima estrela do hóquei, terá seus passos seguidos por todos e deverá centrar Ryan Malone, atacante de força que veio do vice-campeão da Copa Stanley a peso de ouro. Também dos Pens chegam Gary Roberts e Adam Hall. Mark Recchi é outro reforço que chega para dar ao time um caráter (?) mais vencedor — e lento. A grande linha de Vaclav Prospal, Vincent Lecavalier e Martin St. Louis reunir-se-á mais uma vez. Lecavalier foi um dos poucos a desempenhar um bom papel no ano passado, mas sofreu uma terrível contusão no ombro no final da temporada. Ainda temos de ver como seu corpo reagirá às agruras dos rinques no pós-operatório. Dan Boyle e Filip Kuba ganharam novos lares. Matt Carle e Andrej Meszaros, ambos com bom potencial, serão os substitutos. Paul Ranger é um dos melhores bloqueadores de chutes da liga e merece sua cota de destaque. No entanto, a defesa não é profunda o bastante para fazer o time brigar por posições de destaque na tabela: se um desses três se machucar, a coisa desanda de maneira brutal, como quando Boyle se contundiu na última temporada. No gol reside o mais velho problema do time: com atuações de fazer inveja à goleira da seleção búlgara feminina, os guardiões que tentaram fazer a torcida esquecer Nikolai Khabibulin falharam miseravelmente. Mike Smith e o veterano Olaf Kolzig vão dividir a ingrata tarefa de encarar muitos chutes a cada jogo. Há cinco anos Kolzig seria um bom reforço. É evidente que o time irá melhorar — nem teria como piorar —, mas dependerá demais do enferrujado Melrose, que terá de encontrar a química de um elenco muito mudado.
Washington Capitals
2007-08: 43-31-8 (3.° no Leste, eliminado na primeira fase pelos Flyers). Quem chegou: G José Théodore, P Keith Aucoin. Quem saiu: G Cristobal Huet, G Olaf Kolzig, P Matt Cooke.
Os Capitals sentem que já estão prontos para vôos maiores, e existem motivos para confiar nos comandados de Bruce Boudreau. Após cravar uma campanha de 37-17-7 no comando, o vencedor do Jack Adams tem praticamente o mesmo elenco para buscar o bicampeonato da divisão. Óbvio destaque para o mais excitante atleta da NHL: Alexander Ovechkin deverá flertar novamente com a casa dos 60 gols e conta com um grupo de apoio de muita qualidade para brigar pela manutenção dos troféus Hart e Art Ross. Ofensivamente a equipe está muito bem servida. Michael Nylander volta de contusão e pode ser um grande parceiro para o russo na linha principal. Niklas Backström e Alexander Semin têm todos os predicativos para se destacar. Backström somou 55 pontos nos 56 últimos jogos e não deve arrefecer, mas a torcida espera que ele marque apenas tentos a favor. A experiência do elenco fica a cargo de Sergei Fedorov, Chris Clark e Viktor Kozlov. Clark e Nylander voltam após longa inatividade. Mike Green, um atleta completo, disputa com Dion Phaneuf, dos Flames, a condição de melhor defensor jovem da NHL. Deverá ser o jogador de linha com maior tempo de gelo no time. Milan Jurcina, Jeff Schultz e Shaone Morrisonn também fazem parte de uma defesa que é melhor do que os nomes podem indicar e que pode receber o promissor Karl Alzner, destaque da WHL e capitão da seleção júnior do Canadá. A longa jornada de Olaf Kolzig e a curta passagem de Cristobal Huet chegaram ao fim, abrindo caminho para José Theodore. Infelizmente para os Caps, ele assinou por duas temporadas; mantida a tradição, só deverá atuar decentemente na última delas. Se ele não comprometer tanto e Boudreau fizer a desvantagem numérica funcionar, os rápidos Caps deverão vencer a divisão com certa tranqüilidade.