Boston Bruins
2007-08: 41-29-12 (8.° no Leste, eliminado na primeira fase pelos Canadiens). Quem chegou: G Alex Auld, C Glen Metropolit, P Glen Murray. Quem saiu: P Michael Ryder, C Stephane Yelle.
Começo da temporada de 2007-08: uma franquia desacreditada e destituída de quase toda sua principal linha de anos anteriores, especialmente seu símbolo por anos a fio, começa buscando evitar um papelão. Fim de temporada: sem um dos jovens centrais mais dinâmicos da liga, que sofreu por toda a temporada com sintomas pós-concussão, os Bruins encerram honrosamente após sete duros jogos frente aos favoritos Canadiens. O que aconteceu? Boa parte do time comprou a idéia vendida pelo treinador Claude Julien, que implantou um sistema de se defender primeiro, utilizando um jogo de presença física, sem necessariamente tirar o dinamismo da equipe, mostrando que uma equipe consciente defensivamente não precisa utilizar esquemas entediantes como a armadilha de zona neutra. Sob esse novo sistema, desabrocharam jogadores que pareciam fadados a passagens apagadas por Boston. Marc Savard, conhecido pela produtividade ofensiva e pelos lapsos defensivos, tornou-se símbolo do novo sistema, apoiando jogadores como Marco Sturm (que finalmente mostrou por que foi peça fundamental na troca de Scott Thornton) e Milan Lucic, que se tornou ídolo pela vontade no gelo, tal qual um McCarty de Boston. Completam o elenco as excelentes âncoras defensivas Zdeno Chara, cavalo de força capaz de atuar regularmente 25 a 30 minutos por jogo, e Tim Thomas, recuperado das más atuações de 2006-07. E ainda há uma peça fundamental (não estamos falando de Michael Ryder, aposta pessoal para decepção da temporada): um saudável e renovado Patrice Bergeron, louco para compensar o tempo perdido. É mais do que suficiente para assegurar que os Bruins vêm novamente com o maior aspecto de surpresa — mas podem almejar vôos mais altos.
Buffalo Sabres
2007-08: 39-31-12 (10.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: D Craig Rivet, G Patrick Lalime. Quem saiu: P Steve Bernier, D Dimitri Kalinin.
Ao longo dos anos 1990, os Sabres tinham um goleiro capaz de carregar um time de elenco limitado até fases muito além das expectativas, inclusive uma final. O nome dele era Dominik Hasek. Anos se passaram, e a franquia chegou a ser ameaçada de mudar de cidade, assumindo seu papel de franquia de mercado pequeno com um teto salarial imposto internamente, com dificuldades para manter o elenco intacto por muitas temporadas. O golpe de Kevin Lowe ao tentar assinar Thomas Vanek por valores absurdos foi fatal para muitos dos jogadores que defendiam a franquia: os antigos símbolos Daniel Briere, Chris Drury e Brian Campbell já são lembranças remotas. Apesar disso, a franquia foi capaz de manter sua base de jovens talentos quase intacta. Garotos como Derek Roy, Jason Pominville e Ales Kotalik evoluíram para compensar as perdas, e a equipe conta ainda com veteranos como Jochen Hecht, Maxim Afinogenov e o eterno contundido Tim Connolly. Some-se a isso uma equipe de baixo capaz de produzir talentos a toque de caixa (Rochester Americans), e a garantia de produtividade ofensiva é certa. A perda de Campbell também será rapidamente reposta pelo retorno de Teppo Numminen, após uma temporada parado devido a uma cirurgia cardíaca. Henrik Tallinder, Jaroslav Spacek, Nathan Paetsch e Craig Rivet asseguram que o goleiro Ryan Miller, termômetro do time, terá o apoio necessário. Se mantiverem o nível, os Sabres são mais uma vez candidatos a lutar por uma das últimas vagas do Leste. Caso contrário, certamente os Americans contarão com mais reforços de peso na próxima temporada.
Montreal Canadiens
2007-08: 47-25-10 (1.° no Leste, eliminado na segunda fase pelos Flyers). Quem chegou: P Georges Laraque, P Alex Tanguay, C Robert Lang. Quem saiu: P Michael Ryder, D Mark Streit, C Bryan Smolinski.
Essa história é velha em qualquer esporte. O time, em ano de festa por atingir uma data histórica, organiza-se em busca de um grande feito. Não raro, o que era para ser motivo de comemoração vira desespero. O planejamento estruturado de Bob Gainey, gerente geral dos Canadiens, pode trazer um final diferente no caso da centésima temporada dos Habs. Desde o locaute, ele já dizia estar trilhando um plano de cinco anos para tornar a equipe candidata em potencial à Copa. Dito e feito: embasado em excelentes recrutamentos e adições pontuais, o time entra na temporada como favorito a pelo menos repetir o feito de conquistar a primeira posição do Leste. Oito dos atuais titulares (Tomas Plekanec, Mike Komisarek, Christopher Higgins, os irmãos Kostitsyn, Kyle Chipchura, Guillaume Latendresse e Carey Price) foram contratados via recrutamento. Esse volume de bons jogadores com contratos ainda baixos, somado ao talento já presente em Alex Kovalev, Saku Koivu, Roman Hamrlik e Andrei Markov, dá aos Canadiens uma profundidade absurda, especialmente na frente — a franquia teve o melhor ataque de 2007-08. Para completar, a equipe ainda foi reforçada, e as perdas (?) de Bryan Smolinski e Michael Ryder foram compensadas com as chegadas dos experientes Alex Tanguay e Robert Lang. Para a falta de jogadores físicos no elenco, Gainey adicionou um dos ícones modernos desse estilo: Georges Laraque. O técnico Guy Carbonneau é mesmo um felizardo: conta com um elenco poderoso e versátil e pode rodar três linhas sem perder o poderio ofensivo. As únicas dúvidas: agora que o Montreal é favorito, será capaz de manter o ritmo? Kovalev finalmente assumirá o papel de líder da jovem equipe? Se a resposta for sim às duas perguntas, este poderá ser o ano em que a Copa voltará ao Canadá.
Ottawa Senators
2007-08: 43-31-8 (7.° no Leste, eliminado na primeira fase pelos Penguins). Quem chegou: D Filip Kuba, D Jason Smith, G Alex Auld, P Jarkko Ruutu. Quem saiu: D Andrej Meszaros, D Mike Commodore, P Cory Stillman, D Wade Redden, G Ray Emery.
Finalistas duas temporadas atrás, os Senators pareciam destinados a mais uma ida tranqüila aos playoffs, até os antigos problemas fora do gelo finalmente darem as caras em Ottawa. Boatos sobre excesso de festas, drogas ilícitas e indisciplinas comprometeram a campanha do time, que fechou 2007-08 com uma classificação apertada, seguida de uma varrida, e sem técnico, depois das demissões de John Paddock e Bryan Murray. Por tudo isso, não foi novidade a saída de rostos conhecidos da franquia. Wade Redden, que jogou toda a sua carreira em Ottawa, saiu sem sequer receber uma proposta. Ray Emery e Brian McGrattan, famosos por se envolverem em problemas públicos, também saíram. O último famoso a sair foi Andrej Meszaros. Em compensação, os Sens adicionaram jogadores sólidos, raçudos e de personalidade, como Jarkko Ruutu e Jason Smith. O problema de goleiro, tão comentado no ano passado, resolveu-se com a chegada de um claro reserva para Martin Gerber. A adição do técnico Craig Hartsburg, famoso por exigir dos jogadores responsabilidade pelas suas ações dentro e fora do gelo, completa a reformulação de caráter proposta pela gerência. Sem dúvida, este é o grupo mais frágil a atuar na capital canadense nas últimas temporadas, quando a profundidade da franquia era o destaque. Porém, a mudança de ares deve garantir ao menos um recomeço para boa parte dos jogadores. Além disso, a manutenção da base, montada sobre o talentoso dueto de Jason Spezza e Dany Heatley, mais o capitão Daniel Alfredsson (que parece melhorar a cada temporada que passa) e um dos melhores pares defensivos da liga em Chris Phillips e Anton Volchenkov, deve assegurar uma vaga nos playoffs. Mas para cumprir tabela: o time dificilmente lutará pelo título.
Toronto Maple Leafs
2007-08: 36-35-11 (12.° no Leste, não foi aos playoffs). Quem chegou: D Mike Van Ryn, C Ryan Hollweg, D Jeff Finger, P Niklas Hagman, P Jamal Mayers. Quem saiu: C Mats Sundin, D Bryan McCabe, G Andrew Raycroft, P Darcy Tucker, C Kyle Wellwood.
Já são anos a fio de decepções. Após algumas campanhas medíocres nos playoffs, somadas a outras tantas quase classificações, finalmente a MLSE decidiu que era hora de começar do zero para ter alguma chance na era do teto salarial. A primeira ação nesse sentido foi a saída de John Ferguson Jr. para a chegada de Cliff Fletcher. Sob seu comando, os Leafs finalmente se desfizeram de jogadores de uma fase que deve ser deixada para trás, como Darcy Tucker, Kyle Wellwood, Bryan McCabe e até o popular capitão Mats Sundin, ainda sem time mas que não deve voltar. Fletcher já alertou: a limpeza pode não ter terminado ainda. Para compensar as perdas, chegaram jogadores bem menos famosos e populares. Jeff Finger, contratado a peso de ouro, é serio candidato a surpresa ou piada do ano. Jamal Mayers, apesar de sua raça e ética, não passa de um jogador para as linhas de baixo, mesmo em um elenco repleto de novatos. Niklas Hagman, idem. Ron Wilson, famoso pelas boas estratégias e pelo insucesso em pós-temporadas, vai conduzir o barco. No gol, estabilidade: Vesa Toskala será o titular, com o quarentão Curtis Joseph na reserva. O problema começa na proteção a eles: à exceção de Pavel Kubina e Tomas Kaberle, candidatos a sair durante a temporada, o time padece com defensores ineptos ou inexperientes. O ataque baseia-se em promessas que ainda não vingaram, como Alexander Steen e Matt Stajan, e no gigante Nik Antropov. De qualquer jeito, esta temporada tem muitos positivos e poucos negativos para a torcida. Se o time surpreender sob o novo comando, ótimo. Senão, a chance de poder recrutar Victor Hedman ou John Tavares pode compensar uma temporada decepcionante.