Por: Allan Muir

O Pittsburgh Penguins nunca foi contra a idéia de entregarem a Copa Stanley em Detroit. Eles só preferiam que fosse depois do jogo 7.

Graças ao gol de Petr Sykora em vantagem numérica, aos 9:57 da terceira prorrogação, os Pens garantiram a vitória por 4-3 ontem, na maratona do jogo 5, e adiaram os planos dos Red Wings de comemorar o campeonato em casa. Com a surpreendente zebra, a série retorna à Mellon Arena amanhã para o jogo 6. Com uma vitória lá, os Pens asseguram que a Copa será entregue na Joe Louis Arena.

É que assim eles terão a chance de ver ela ser entregue para eles.

Foi uma noite de reviravoltas dramáticas e memoráveis, nenhuma delas mais improvável que o surgimento de Sykora como herói da prorrogação. Sykora foi bastante ineficaz ao longo do quinto jogo mais longo da história das finais, a não ser pelos instantes finais, quando marcou, aos 36 segundos de uma vantagem numérica de quatro minutos criada quando um cansado Jiri Hudler acertou um taco alto em Rob Scuderi — isso depois de prometer o gol da vitória em rede nacional. Do círculo de faceoff à esquerda de Chris Osgood, Sykora chutou de primeira um passe açucarado de Evgeni Malkin — outro jogador cuja presença no elenco ao longo do jogo era quase considerada um rumor — e mandou o disco por cima do ombro do goleiro do Detroit.

Com isso, a champanhe foi tirada do gelo, os homens das luvas brancas prepararam o caneco de prata para um vôo direto para Pittsburgh e a multidão de torcedores do Detroit foi para casa amargamente decepcionada. Foi uma reviravolta incrível de um jogo que os Red Wings pareciam ter levado com outra atuação dominante no terceiro período. Isto é, até Max Talbot mandá-lo para a prorrogação enquanto o gol dos Pens permanecia vazio e apenas 34,3 tiques restavam no relógio.

Foi uma conclusão emocionante para um confronto controlado pelos Penguins no começo, que depois desandou. A vantagem de dois gols veio com gols de Marián Hossa e Adam Hall — este cortesia de um gol contra de Nicklas Kronwall —, e parecia que os visitantes finalmente viam alguma coisa a seu favor, ajudados pelo Detroit, que parecia atipicamente indeciso com o disco. Com a marcação do Pittsburgh em todos os lados e ganhando as lutas pelo disco consistentemente, o time da casa teve sorte de não sair do primeiro período perdendo por três ou quatro.

Mas mesmo quando os hesitantes Wings reencontraram seu jogo no começo do terceiro período, o salvador do Pittsburgh começou a se destacar como um jogador que tinha todas as intenções de mudar o curso da série.

Não o Garoto (Sidney Crosby), apesar de ele estar jogando muito bem até o cansaço começar a pesar na segunda prorrogação. Não, o acréscimo da temporada pode ser atribuído em sua quase totalidade ao goleiro Marc-André Fleury. Jogando com o tipo de autoridade calma que o time previa quando o selecionou com a primeira escolha em 2003, Fleury usou a noite como sua festa de debutante, parando 55 dos 58 chutes que os engatilhados atiradores do Detroit dispararam em sua direção.

Mesmo quando Pavel Datsyuk e Brian Rafalski marcaram com 2:40 de diferença no terceiro período, dando aos Wings uma vantagem por 3-2, Fleury estava em seu melhor dia. Depois de o principal defensor do time, Sergei Gonchar, ter de deixar o jogo por causa de um maldoso tranco contra as bordas, os Pens começaram a recuar e perderam em chutes, 27-6, ao longo do terceiro e quarto tempos.

Naquele ponto, Fleury não foi a única defesa. Ele era a única defesa.

Sua atuação justificaria a compra de um gravador digital. Foram defesas que tinham de ser vistas de novo para parecerem plausíveis. Defesa dupla em Datsyuk e Valterri Filppula na segunda prorrogação? Sensacional. A parada de Tomas Holmström com um backhand enquanto girava? Estarrecedora. A defesa com a luva no rebote à queima-roupa de Daniel Clearly? De matar cardíacos.

Não fossem por defesas como uma em cima de Mikael Samuelsson no final do terceiro período, um clássico instantâneo de atravessar a área para bloquear com o protetor de pernas, e o Pittsburgh simplesmente não teria durado o bastante para que o sempre batalhador e falante Talbot contribuísse com seu heroismo de última hora.

Os Pens mostraram muita raça e um toque ofensivo apenas adequado para estragar a festa do Detroit. Mas eles também chegaram a uma conclusão: mesmo que boa parte de sua pólvora não estivesse molhada, eles ainda precisariam de um estelar Fleury lá atrás para se igualarem à experiência e à precisão dos Red Wings. Tendo visto o que ele tem a oferecer, o pessoal no vestiário dos visitantes deve estar se sentindo muito bem a respeito do próximo jogo.

Os Pens ainda têm problemas, incluindo não chutar a gol com freqüência, deixar de gerar qualquer tipo de presença consistente na frente de Osgood e, o gol da vitória de Sykora à parte, produção insignificante de sua segunda linha.

Mas eles conseguiram a chance que eles mais queriam, e ela será amanhã.

Depois de perder o jogo 4 em casa, as chances de virar uma desvantagem de 3-1 na série pareciam implacáveis.

Mas virar uma desvantagem de 3-2? Os Pens preferem essas chances.

Allan Muir é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 3 de junho de 2008.