Por: Thiago Leal

Tudo bem que Anaheim é a sede da Disneyland Resort e comporta parques de diversões gigantescos. Mas a maior montanha russa da cidade tem sido seu time de hóquei. Depois de chegar à vice-liderança da Conferência Oeste, liderando a Divisão do Pacífico por alguns jogos, a bizarra seqüência de resultados mostra um Anaheim Ducks cada vez mais instável.

No dia 18 de janeiro os Ducks foram a Minnesota, onde enfrentaram e derrotaram o Wild por 4-2. O resultado, numa partida que teve Ryan Getzlaf e Todd Bertuzzi como destaques, fechava uma fileira de seis vitórias consecutivas do Anaheim. Antes, foram 2-1 nos Preds, 4-2 nos Stars, 4-3 nos Sharks, 5-0 nos Leafs e 5-2 nos Preds. Em todas as partidas citadas, o ataque dos Ducks foi constantemente apoiado pela defesa, grande responsável pelos resultados junto à dupla de ataque Getzlaf-Corey Perry.

Foi essa seqüência que pôs os Ducks na frente no Pacífico, embora a franquia preta-laranja-dourada seja desde sempre o time com mais jogos na temporada regular. Foi a melhor campanha do time não só na temporada atual, mas comparando também com a temporada passada, quando o máximo de vitórias que aquele Anaheim, bem superior a este aqui, conseguiu acumular foi cinco.

A alegria acabou antes do Jogos das Estrelas e as derrotas voltaram a aparecer. E em grande estilo. Derrota por 5-2 para os Stars, perda da liderança provisória e início da inversão de situação. Antes de pôs o pé na estrada por dez rodadas consecutivas, os Ducks ainda receberam e foram derrotados pelos Wings por 2-1. A última partida antes do Jogo das Estrelas dava início à turnê do Anaheim, embora não tenha sido uma viagem longa: ir à vizinha Los Angeles para perder dos irregulares Kings por 3-1.

Pausa para o evento festivo anual da NHL e os Ducks mandam quatro patinhos para a farra em Atlanta, sendo o clube que mais teve atletas no evento (se é que isso é algum mérito). No total, dois pontos somados pelos Ducks no Jogo, ambos por Ryan Getzlaf: um gol e uma assistência.

De volta ao que interessa, os Patos voaram de novo para Minnesota onde tomaram uma surra considerável do Wild. Seguiram para St. Louis onde caíram diante dos Blues nas cobranças de pênaltis após um chato 0-0 e o pesadelo só veio a acabar na Filadélfia, 3-0 para os Flyers com direito a hat trick de Mike Knuble.

Próximo ponto de parada, Long Island em Nova Iorque. Hora de encarar os Islanders, que já estão perdendo o gás na briga para chegar à pós-temporada. Teemu Selanne finalmente estava de volta ao time e era o momento ideal para iniciar uma reação. E foi justamente Selanne que deu início ao lance que originou o primeiro gol do Anaheim, passando por Chris Pronger e finalizando com Scott Niedermayer. Era a primeira vez em sete jogos que o clube abria o marcador. Todd Marchant e Doug Weight fecharam uma boa vitória por 3-0.

A franquia seguiu em Nova Iorque e visitou o Madison Square Garden para enfrentar o rival dos Isles, o New York Rangers. Teemu Selanne voltou a assinalar uma assistência e Bertuzzi dá sinais de evolução, marcando um dos gols do Anaheim na vitória por 4-1. No embalo, veio a passagem por Nova Jérsei e em Trenton quem brilhou foi o jovem Ryan Carter, marcando seus primeiros dois gols na carreira, e os Ducks venceram por 2-1. Com a turnê seguindo de volta para o Oeste, parada em Detroit e vitória sobre os Red Wings por 3-2, e em seguida nova vitória em Denver, 2-1 no Avalanche com direito ao primeiro gol de Selanne desde sua volta.

Agora os Ducks voltam para casa onde têm uma seqüência de sete jogos. Respectivamente, o Condado Laranja receberá a visita de Stars, Flames, Avalanche, Blues, Blackhawks, Flames novamente e Senators. Qual seria o prognóstico? Impossível. Certamente Jonas Hiller e Jean-Sebastien Giguere vão se revezar em alguns jogos, e o Anaheim descobriu ter um bom goleiro reserva. O trabalho de defesa apoiando o ataque melhorou consistentemente com a volta de Niedermayer, e, aparentemente, a julgar a seqüência pós-Selanne, sua volta empolgou o ataque dos Ducks, muito embora o apoio dos defensores lá na frente seja fundamental.

Se comportando dessa forma, alternando boa fase, má fase, dá para acreditar tanto que os Ducks pode perder os sete jogos quanto, de repente, vencer quatro, cinco, seis ou mesmo as sete partidas. Depende em termos de como vão se sair os medalhões e de como a turma do serviço sujo — Marchant, Carter... a evolução de Bertuzzi também precisa se confirmar. Vale lembrar que quatro das sete partidas são fundamentais na briga pela pós-temporada: as duas diante dos Flames, o Avalanche e os Stars. A franquia também foi a que mais jogou na temporada atual, com 61 partidas, vindo logo atrás o rival Stars com 60. Os Ducks somam 71 pontos no quarto lugar e logo atrás vêm os Sharks, com 70 e apenas 56 jogos.

O comportamento gangorra tem prejudicado os Ducks, que se colocam numa posição virtual. Confirmar essa posição como real pede que o clube vença pelo menos quatro dessas sete partidas que tem em casa, de preferência as quatro listadas. Seja por Selanne, seja por Bertuzzi, seja por quem for, a responsabilidade tem de ser chamada e a inconsistência precisa acabar. Isso é, no mínimo, fundamental para conseguir uma boa classificação à pós-temporada. A reta final da temporada regular chega primeiro em Anaheim, e os Ducks precisam traçá-la com a mesma precisão de sua última turnê pelo Leste dos Estados Unidos.

Thiago Leal resolveu criar um blog com tirinhas em quadrinhos para zoar vegetarianos.
Bill Kostroun/AP
Ryan Carter marca seus primeiros gols na NHL, em cima do New Jersey Devils.
(08/02/2008)
Frank Franklin II/AP
Getzlaf comemora com Perry (centro) o gol do "vovô" Bertuzzi (direita). Finalmente o veterano está rendendo alguma coisa.
(07/02/2008)
Bruce Bennett/Getty Images
A volta de Teemu Selanne parece ter levantado a moral do time.
(05/02/2008)
David Zalubowski/AP
A vitória sobre o Avalanche fechou com chave de ouro a turnê dos Ducks.
(12/02/2008)
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Página publicada em 13 de janeiro de 2008.