NOTAS e FOTOS • Por: Humberto Fernandes e Thiago Leal

Aconteceu no ano passado, mas o feito de Marian Gaborik merece destaque em nossa primeira edição de Prorrogação em 2008. O atacante do Minnesota Wild marcou cinco gols no mesmo jogo, tornando-se o primeiro jogador da história da equipe e o primeiro de toda a liga em 11 anos a alcançar o feito. O última havia sido Sergei Fedorov, em dezembro de 1996, na vitória do Detroit Red Wings contra o Washington Capitals por 5-4 na prorrogação. Apenas 55 vezes em todos os tempos um jogador marcou cinco ou mais gols em um único jogo, sendo 30 de 1968 em diante. Os recordistas, com seis gols, são Red Berenson e Darryl Sittler. A lista também traz Wayne Gretzky (quatro vezes), Mario Lemieux (três), Bryan Trottier (duas), Jari Kurri, Mats Sundin e Joe Nieuwendyk, entre outros. E agora, Gaborik.

O capitão do Colorado Avalanche, Joe Sakic, esteve neste espaço há três semanas. E a nota atual não é nada motivadora para os fãs dos Avs e o próprio jogador: Sakic estará afastado do gelo até meados de março, graças a uma cirurgia de hérnia realizada no último dia 28. A ausência de progresso no tratamento tornou a cirurgia indispensável. O Avalanche já não contava com seu maior artilheiro desde o fim de novembro. Sakic marcou sete gols e 22 pontos em 24 jogos nesta temporada. Menos de uma semana depois desta péssima notícia, a equipe descobriu durante um exame que Ryan Smyth havia quebrado o tornozelo direito. O prognóstico? Dois meses afastado. Smyth tinha 11 gols e 28 pontos em 36 jogos e deverá retornar ao gelo no princípio de março, talvez simultaneamente ao capitão. Sakic e Smyth engrossam a lista dos contundidos da temporada, que na segunda-feira somava 68 jogadores (em 600 titulares possíveis). A contusão mais recorrente é a de joelho, com 19 atletas, seguida por concussão (cabeça) e ombros, com dez cada, e virilha / hérnia, com oito. Nenhuma novidade aqui.
A NHL anunciou na terça-feira os titulares do Jogo das Estrelas 2008, a ser disputado em Atlanta no dia 27 de janeiro. Como de costume, os titulares foram escolhidos pelos fãs através de votação eletrônica, via Internet e celular. A Conferência Leste será representada por Martin Brodeur, Andrei Markov, Zdeno Chara, Vincent Lecavalier, Sidney Crosby e Daniel Alfredsson. Já a Conferência Oeste terá Roberto Luongo, Dion Phaneuf, Nicklas Lidstrom, Henrik Zetterberg, Pavel Datsyuk e Jarome Iginla. Dos doze titulares, apenas Markov nunca participou do evento. Os demais foram convocados em anos anteriores. Os reservas das duas equipes serão anunciados no decorrer desta semana.
Rapidinhas: Chris Chelios tornou-se o segundo jogador mais velho a atuar na NHL, aos 45 anos e 348 dias, na vitória do Detroit Red Wings sobre o Colorado Avalanche na terça-feira. O defensor superou Moe Roberts, que encerrou a carreira em 1951. Para alcançar o primeiro posto, Chelios terá que se manter em atividade por mais seis anos e 24 dias, porque Gordie Howe atuou até os 52. Mas nem a longevidade de Chelios e Howe é tão impressionante quanto a nota a seguir. O Carolina Hurricanes requisitou o atacante Sergei Samsonov na desistência do Chicago Blackhawks. Em 23 jogos pelos Hawks o russo não marcou sequer um gol, tendo apenas quatro assistências e -7. O Carolina será o quinto time de Samsonov nos últimos dois anos, em que ele não produziu absolutamente nada que justifique ainda ter um emprego na liga. Sem Justin Williams e Matt Cullen, contundidos, os Hurricanes foram buscar no inútil Samsonov o reforço para o ataque. Candidatos enviem seus currículos para hurricanes.nhl.com. Requisitos para o cargo de atacante: ser bípede e perfeitamente capaz de patinar nas quatro direções enquanto segura um taco.
Você sabe o que acontece quando o goleiro é substituído pelo atacante extra nos minutos finais da partida? O que motiva o treinador a adotar esta medida desesperada é a possibilidade de marcar o eventual gol de empate, em busca da vitória inesperada, tendo em mente que a derrota, seja por um, dois ou dez gols de diferença, tem o mesmo peso. As estatísticas comprovam a validade da estratégia. A taxa de gols marcados nos últimos seis minutos de jogo, no 5-contra-5, com uma das equipes sem goleiro é de 20 gols a cada 60 minutos. Destes, 5,5 gols são a favor da equipe sem goleiro, enquanto o restante é contra. Conclusão: o time adversário, que segura a liderança, numericamente tem muito mais chances de marcar o gol e selar a partida, mas, por outro lado, substituir o goleiro por outro atacante aumenta as chances de gol do time que adota a estratégia em quase quatro vezes. Ao todo, entre 40 e 60 jogos por ano são empatados com rede vazia, comparados a menos de dez com goleiro. Isso representa um ganho de 2 a 2,5 pontos na classificação por equipe, o que claramente justifica a estratégia.
Dave Sandford /Getty Images
"Eles embaçaram a tarde"
O primeiro dia do ano trouxe a novidade mais aguardada da temporada regular: o primeiro jogo da NHL a céu aberto nos Estados Unidos. O Buffalo Sabres recebeu o Pittsburgh Penguins, repetindo o que Edmonton Oilers e Montreal Canadiens protagonizaram em solo canadense em 2003. Se naquela temporada vivemos o Heritage Classic, este foi o AMP NHL Winter Classic, que ganhou algum destaque até na mídia brasileira. E o que era para ser uma festa da liga e do Buffalo Sabres acabou virando uma tarde inesquecível para os Penguins e seu uniforme retrô, inspirado na camisa original da equipe. Sidney Crosby e Coldy Armstrong comandaram os Pens na vitória por 2-1 sobre os rivais. Com este time, os Sabres não venceriam o jogo com ou sem um teto sobre suas cabeças. Chego a pensar que a solução para o Buffalo não seria jogar sem cobertura, mas sim jogar sem... rinque. Só assim não perderiam.
(01/01/2008)
A última edição de Prorrogação discutiu o declínio do número de jogadores europeus presentes na NHL. Descobriu-se que a participação dos atletas russos na NHL diminuiu nos últimos anos, em parte graças à falta do acordo de transferência entre as partes. Admitindo-se que os europeus estão em menor número na liga, surge a pergunta: de onde estão vindo os calouros? De 2000-01 em diante, considerando apenas os novatos que disputaram no mínimo 30 jogos em seu primeiro ano na liga — a mesma condição vale para os estreantes desta temporada —, mais da metade deles vieram do Canadá (50,3%). A Europa contribuiu com 32,1% e os Estados Unidos ficaram em último lugar, 17,6%. Mas a temporada atual marca a virada dos números, porque pela primeira vez nesta década há mais calouros americanos que europeus (20 a 13). Se até 2003 os canadenses e europeus praticamente dividiam a liga meio a meio, em 2008 os americanos já atingiram a casa dos 30%, rebaixando os "imigrantes" para 20%. O Canadá continua como o maior produtor de talentos para a NHL, mas agora existe um definitivo número dois.

Há muita discussão em relação ao número de gols na NHL e o desejo da liga de elevá-lo. Traves maiores, menores equipamentos de goleiros, menor complacência dos árbitros são algumas das idéias consideradas. Nos últimos 20 anos, os maiores responsáveis por essa dor de cabeça foram os próprios goleiros, que evoluíram continuamente. Martin Brodeur, aos 34 anos, estabeleceu dois recordes na temporada passada: maior número de vitórias (48) e mais minutos jogados por goleiro (4.697). Nesta temporada, Evgeni Nabokov está a caminho de quebrar o recorde, com projeção de 4.875 minutos. O que nos leva a pensar: a) estão sendo jogados mais minutos como resultado de mais jogos irem para a prorrogação?; ou b) o papel do goleiro reserva, em alguns casos, é cada vez mais inexistente? A resposta é b. A temporada atual tem 18 goleiros a menos que a de 2003-04 (76 a 94) e os os minutos jogados por goleiro também são menores. Tanto a média de gols é decrescente, quanto também o número de chutes. Na temporada 2005-06 cada goleiro enfrentava 29,65 chutes por jogo. Hoje, este número é de 28,44. O percentual de defesas também subiu, atingindo 90,7%, o que configura a quinta maior marca em toda a história da NHL, desde que estes dados são computados.
A disputa de pênaltis é um método eficaz para desempatar partidas, mas influencia excessivamente a classificação da temporada. Algo que anteriormente era utilizado apenas no Jogo das Estrelas agora decide quem vai para os playoffs e quem não vai. Diante da redução da média de gols o cenário se torna ainda pior. Se não houvesse a disputa de pênaltis nesta temporada, o Edmonton Oilers estaria a caminho da pior campanha do ano, com 15 vitórias, 39 derrotas e 28 empates. Em 2006, os Oilers venceram sete jogos nos pênaltis, conquistando a oitava posição da conferência. Na temporada passada, o New Jersey Devils venceu dez de 18 disputas, o que ajudou Martin Brodeur a quebrar o recorde de vitórias. Neste ano, os Oilers participaram de 19% dos pênaltis disputados, projetando 20 vitórias em 24 disputas. Um absurdo. Menos mal que os pênaltis estão menos frequentes neste ano, um a cada 9,2 jogos, contra um a cada 7,5 jogos na temporada passada. Existe um método mais fácil de evitar esta maneira infeliz de decidir as partidas: estender a prorrogação a dez minutos. Não é algo incomum no hóquei. Em 116 partidas que terminaram empatadas nesta temporada após o tempo regulamentar, 54 foram decididas com gol e 62 nos pênaltis. De acordo com os cálculos, caso a prorrogação tivesse dez minutos de duração, considerando-se a mesma proporção de gols do tempo extra atual, em vez das 62 disputas de pênaltis, teríamos apenas oito. Conclusão: se a prorrogação é o momento mais emocionante do jogo, por que não proporcioná-lo em maior escala aos fãs?
Comparar diferentes eras de um mesmo esporte é sempre muito difícil. Por isso nunca saberemos quem foi melhor, Wayne Gretzky ou Mario Lemieux. Um exemplo: nos anos 1980, Gretzky sem dúvida alguma se beneficiou da péssima condição dos goleiros da NHL para compilar tantos gols e assistências que o tornaram o recordista absoluto em todos os tempos. Então, em um exercício de imaginação, foram comparadas as maiores temporadas ofensivas de grandes nomes da liga, de 1980 em diante, para projetar qual a mais impressiva destes tempos. Para tanto foram selecionadas as nove temporadas mais impressionantes de jogadores neste período (duas de Gretzky, quatro de Lemieux, duas de Jaromir Jagr e uma de Sidney Crosby), em seguida foram determinadas as médias de pontos por jogo e então divididas pela média de gols por jogo da NHL na temporada em questão. O resultado é a participação percentual do jogador nos gols por jogo, ou seja, quanto ele produziu em comparação com a média geral da liga naquele ano. O próximo passo foi projetar o total de pontos de cada jogador em cada uma das demais temporadas — em outras palavras, dizer quantos pontos Jagr teria marcado em 1981-82 em equivalência com seus 127 pontos de 1998-99. Diante de todas as projeções, o resultado é surpreendente: Lemieux é dono das duas melhores temporadas ofensivas da história moderna da NHL, baseado na sua taxa de envolvimento ofensivo das temporadas de 1992-93 e 1995-96. Se Lemieux tivesse jogado em 1981-82 com o mesmo nível de onze anos depois, teria marcado 236 pontos, o que seria recorde absoluto. Por curiosidade, Crosby marcaria 166 pontos se jogasse naquela época, contra 212 de Gretzky. Talvez agora já se possa dizer que Wayne Gretzky detém a imensa maioria dos recordes ofensivos, mas Mario Lemieux é o verdadeiro dono das melhores temporadas ofensivas na história da NHL.
David Duprey/AP
Ângulo sugerido aos torcedores do Buffalo Sabres. De agora em diante, acompanhe o seu time sempre por esta câmera. Assim, você jamais enxergará o que acontece com ele!
(01/01/2008)
Dave Sandford/Getty Images
Para você ver até onde chega a cara de pau de um "astro" da NHL: a onda de roubo de squeezes chegou até ao Winter Classic! Desta vez Ryan Malone foi pego pulando a cerca!
(01/01/2008)
Dave Sandford/Getty Images
O esquenta-banco Dany Sabourin aproveitou o jogo ao ar livre para realizar um sonho antigo: brincar de "A Marcha dos Pingüins" caminhando uniformizado ao lado de um montinho de neve.
(01/01/2008)
Dave Sandford/Getty Images
E quando você achava que o Winter Classic não renderia mais abobrinhas, Sabretooth, o mascote palerma do Buffalo, foi papear com alguns torcedores bêbados e loucos que estavam sem camisa exibindo orgulhosos suas panças de cerveja!
(01/01/2008)
Ronald Martinez/Getty Images
Na calada da noite os jogadores do Minnesota Wild abandonaram a arena do American Airlines Centre para disputar campeonatos de rodeio em Dallas. Martin Gaborik liderou a fuga dos peões de boiadeiro!
(07/01/2008)
Paul Chiasson/AP
TheSlot.com.br alertou: Alexander Ovechkin está doido para se mandar de Washington! Aqui vemos o safado tentando fugir do pior time do mundo pulando a borda!
(05/01/2008)
Bruce Bennett/Getty Images
Craig Anderson fica tão abestalhado olhando as dançarinas das arenas pela América que não pega nada (literalmente).
(03/01/2008)
John Amis/AP
Kevin Doell, do Atlanta, ensina a Andrew Peters, do Buffalo, como fazer o pilão giratório de Zangief, do clássico dos videogames "Street Fighter".
(06/01/2008)
Brian Kersey/AP
Há quem diga que estes são Troy Brouwer, do Chicago, e Aaron Downey, do Detroit. Mas quem jogou Street Fighter na infância não se deixa enganar: na foto, Ken e Ryu se nocauteiam! Double KO!
(06/01/2008)
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Página publicada em 9 de janeiro de 2008.