Os torcedores do Colorado Avalanche estão começando a se acostumar
a ver seus jogadores tendo reencontros com os times que os revelaram.
Primeiro foi Patrick Roy, que em 1997 jogou pela primeira vez em Montreal
depois de conquistar duas vezes a Copa Stanley com os Canadiens nas
12 temporadas em que esteve lá. A expectativa era tanta que a entrevista
coletiva que ele deu antes do jogo foi transmitida ao vivo na TV local.
Dois anos depois, o recém contratado Theo Fleury jogou pela primeira
vez em Calgary como visitante depois de 11 temporadas e uma Copa Stanley
como ídolo dos Flames.
Em 2001 foi a vez de Ray Bourque, que arrancou lágrimas da torcida do
Boston Bruins, onde jogou por 20 temporadas. No mesmo ano Rob Blake
gerou sentimento oposto em Los Angeles quando enfrentou os Kings pela
primeira vez: era vaiado sempre que tocava no disco. Paul Kariya foi
o próximo na lista. Em 2004 ele teve a mesma recepção de Blake quando
jogou pela primeira vez em Anaheim vestindo o uniforme de outro time,
após 10 temporadas nos então Mighty Ducks — sete delas como capitão
do time.
Na terça-feira passada mais um encontro foi promovido pelo Avalanche.
Ryan Smyth, que foi um ícone do Oilers, voltou a jogar em Edmonton pela
primeira vez desde que foi mandando para o New York Islanders numa troca
no final da temporada passada. Depois de Wayne Gretzky, Mark Messier
e outros poucos jogadores da época da dinastia dos Oilers, nenhum jogador
foi tão idolatrado em Edmonton como Smyth.
Andrew Brunette, agora companheiro de equipe, reconhece isto: "Smyth
representa os Oilers, com muito orgulho e empenho. É muito bom ter ele
fazendo isso pra nós."
Smyth foi negociado pelo Edmonton depois de uma desentendimento com
o gerente geral Kevin Lowe em relação a uma diferença de valores entre
o que o jogador queria e o clube gostaria pagar na sua renovação no
final da temporada. Ele foi mandado para os Islanders em troca de Robert
Nilsson, Ryan O'Marra e a primeira escolha no recrutamento de 2007.
Depois Lowe admitiu que a troca foi um erro. Em abril o Avalanche assinou
com o jogador um contrato de 31,25 milhões de dólares por cinco anos.
Nesse reencontro, Smyth ficou visivelmente emocionado por ver um vídeo
de quase um minuto que exibia momentos seus como jogador dos Oilers
por 12 temporadas e receber aplausos por quase 30 segundos de mais de
16 mil torcedores do Edmonton, reconhecendo o buraco que ele deixou
no clube desde a sua saída.
"Foi um tributo maravilho para mim e minha família. Obviamente é uma
emoção muito grande." Disse Smyth. "É uma honra voltar a cidade que
iniciou a sua carreira na NHL e ser reconhecido como eu fui. A torcida
foi fantástica e eu agradeço a eles por isso."
De fato, não é apenas o buraco deixado por Smyth que os Oilers têm que
preencher. Em relação aos Oilers que disputaram a Copa Stanley em 2006,
o desta temporada não tem identidade. Aquele time de defesa forte e
ataque rápido e oportunista não existe mais, especialmente com os principais
nomes daqueles times tendo saído. Primeiro foi Chris Pronger, depois
Smyth e por fim o capitão Jason Smith.
Todos os setores dos Oilers foram influenciados pela ausência de Smyth,
mas nenhum sentiu mais do que a equipe de vantagem numérica. Quando
está com jogador a mais no gelo, o Edmonton é o pior time da liga, marcando
gols em apenas 6,3% das chances que tem de vantagem. Na temporada passada
o aproveitamento foi de 14,2%.
No reencontro com a torcida que vibrava com seus gols e o clube que
lhe deu os melhores momentos de sua carreira, Smyth tentou, mas passou
em branco. Nenhum ponto. Mas o seu novo time levou dois, os primeiros
fora de casa. No fim do jogo, o atacante saudou sua antiga torcida,
que vê um ícone dos Oilers ajudar uma outra equipe a buscar sua identidade.
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![]() Agora no Avalanche, Smyth se aquece cercado por cartazes de torcedores que se sentem um pouco órfãos desde sua saída |