O panorama da Divisão Sudeste é diferente do que vimos no ano passado
— e que serviu de base para traçar cenários para esta temporada.
O Atlanta Thrashers está desnorteado desde a varrida sofrida perante
o NY Rangers nos playoffs passados. E o Carolina Hurricanes, campeão
em 2006 e eliminado dos playoffs seguintes, desponta, disparado, como
o principal time da divisão — inclusive brigando pela liderança
da própria Conferência Leste.
E quem lidera o time — no gelo, no vestiário, em pontos, assistências
e +/- — é ele, claro, sempre, o grande Rod Brind'Amour. Aliás,
Rod também está na briga pela liderança geral na liga nesses quesitos
numéricos. Nada mau para este subvalorizado jogador de 37 anos de idade,
sendo 17 de NHL. Brind'Amour não é uma estrela renomada da NHL, daquelas
que certamente já têm seu lugar reservado no Salão da Fama — como
Joe Sakic, por exemplo, para ficarmos entre os de idade semelhante e
que ainda estão em atividade. Porém, é ainda um dos jogadores mais importantes
que um time pode ter. Esbanjando raça e liderança, ele parece ainda
melhor numa NHL mais rápida após as mudanças nas regras.
Não apenas pela pequena coleção de troféus Selke que ele tem em casa,
mas pelo conjunto da obra. Fosse ele apenas um bom jogador defensivo,
compara-lo-íamos (vejam que bela construção!) a um Mike Peca da vida.
Mas Rod é mais que isso, bem mais. É um jogador completo, incansável,
de presença necessária em qualquer situação-limite de jogo. Num time
com bons jovens talentos, como é o caso dos 'Canes, Brind'Amour é referência.
Ultimamente jogando ao lado de Chad LaRose e do eficiente Justin Williams,
Rod começou a temporada indicando que essa história de declínio de produção
diante da avançada idade ainda vai levar tempo. Até agora ele só não
pontuou contra o Washington Capitals, quando o Carolina perdeu por 2-0.
No sábado os Hurricanes jogaram contra o New York Islanders, e cumpriram
a missão com louvor: despejaram pancadas no saco, metendo 8 - 3. O capitão
anotou um hat-trick, o terceiro de sua carreira, e ainda deu uma assistência.
Isso acabou por eleger Brind'Amour como uma das estrelas da semana na
NHL — a segunda, especificamente. Pudera, foram cinco gols e nove
pontos.
O jogo com os Isles foi a redenção de todo o time, sobretudo do goleiro
John Grahame, que havia tomado uma sova do Montreal Canadiens no dia
anterior. Foi o sexto jogo da equipe em nove dias, ou seja, a primeira
prova de fogo para os questionamentos quanto a conseguir manter-se sem
aquele festival de contusões da temporada passada ficou para trás.
Não apenas espera-se que o time não sofra tantas contusões como na temporada
passada — esse é o principal motivo alegado para o fracasso da
equipe, ainda que pareça mais como uma desculpa mais fácil —,
mas sobretudo as peças que faltaram funcionar a contento estão produzindo:
Cam Ward parece outro até o momento, ainda que não aquele goleiro sensacional
que levou o Conn Smythe; e Eric Staal vem liderando o time em gols,
projetando uma pontuação condizente com o status de jovem mais valioso
da franquia e um das mais da NHL. O resultado é que o Caroline é o time
de melhor ataque da NHL na temporada.
Por fim, eu já mencionei isso mais de uma vez ao longo desses anos,
mas, como o assunto desta coluna na semana passada foi o Philadelphia
Flyers e Bob Clarke, vale recordar: Rod Brind'Amour chegou ao Carolina
vindo do Philadelphia, em troca de Keith Primeau. Esqueça que Primeau
lamentavelmente não pode mais jogar na NHL, mas imagine: o que tinha
Bob Clarke na cabeça quando perpetrou esse crime? Os Hurricanes agradecem.
E, claro, Brind'Amour mais ainda.
![]() |
![]() Rod Brind'Amour marca um de seus três gols contra os Isles no fim de semana: o tempo parece não ter efeitos sobre o capitão. |