Entrar nos playoffs como o dono da última vaga, aquele time que se classificou por último e em quem poucos apostavam que sequer se classificaria, geralmente é sinal de um corrida curta nos playoffs.

Ainda bem que isso não é verdade para o Edmonton Oilers, oitavo colocado na Conferência Oeste, que já desbancou o todo-poderoso melhor time da temporada regular, o Detroit Red Wings, despachou o time mais quente do final da temporada regular, o San Jose Sharks, com Joe Thornton e Jordan Cheechoo, e agora está a apenas uma vitória de despachar os patos da Califórnia.

A história parece se repetir para os Ducks, que, após varrerem o Colorado Avalanche na semifinal do Oeste, agora encontram-se numa delicadíssima situação inversa.

Os Oilers lideram a série por 3-0 e precisam vencer apenas uma das possíveis quatro partidas ainda a ser disputadas, sendo que dois desses jogos serão em Edmonton, onde os Ducks não conseguem bater seus adversários há muito tempo.

No jogo 1 da série, os Ducks entraram no gelo com a teórica vantagem de estar descansados, afinal haviam fechado sua série em quatro partidas, enquanto os Oilers foram até um jogo 6 contra os fortes Sharks e haviam disputado sua última partida dois dias antes.

Como a vantagem dos Ducks era apenas teórica, os Oilers trataram de mostrar quem é que estava no comando e, jogando em Anaheim, derrotaram os donos da casa por 3-1, com direito a mais um show particular de Dwayne Roloson, que, além de defender muito, fazer 31 defesas na partida, segurar o ataque dos Ducks e garantir mais uma vitória, também mostrou seu lado ofensivo ao armar um contra-ataque durante uma desvantagem numérica. O lance culminou no gol de Michael Peca, no final do primeiro período.

Tudo bem que os Ducks empataram a partida logo depois, mas, no segundo período, Ales Hemsky marcou e, no terceiro, foi a vez  de Todd Harvey, dando números finais à vitória canadense na abertura da série.

Os Ducks não conseguiram digerir bem a derrota na abertura da série e acharam que a brilhante atuação de Roloson foi sorte e que Bryzgalov logo logo voltaria a garantir o empate e a virada na série. Sem falar no fato de que, no papel, o time californiano seria melhor que o time de Alberta. Mas, como no hóquei da NHL nem sempre vale o que está no papel, os Oilers surpreenderam novamente no jogo 2, novamente em Anaheim.

Sob os domínio dos Ducks e na presença de sua torcida, os Oilers novamente derrotaram os donos da casa, e o placar também foi o mesmo: 3-1. Roloson outra vez foi fantástico e fez 33 defesas.

No primeiro período, Chris Pronger deu a liderança aos Oilers, mas, na primeira metade do segundo período, os Ducks conseguiram igualar o marcador, graças a Jeff Friesen.

A igualdade no placar durou até perto do final do período intermediário, quando, numa bela jogada, Sergei Samsonov deixou Fernando Pisani na cara do gol adversário. Pisani não decepcionou, marcando o segundo gol dos Oilers e dando a liderança definitivamente para os visitantes.

No terceiro período, os Ducks tentaram empatar a partida de todas as formas possíveis e deram dez chutes a gol contra apenas quatro dos Oilers, porém Roloson segurou as pontas e, a menos de 20 segundos do fim do jogo, Michael Peca deu números finais ao placar, enterrando de vez as chances dos Ducks na partida.

Com uma inacreditável vantagem de 2-0 na série, os Oilers retornariam para Alberta, onde receberiam os Ducks para mais duas partidas.

Pela segunda temporada seguida, um time da província de Alberta decide a conferência, e os Oilers esperavam repetir o feito conseguido na última temporada pelo arqui-rival Calgary Flames, que se sagrou campeão do Oeste.

Para complicar mais ainda a vida dos Ducks, o confronto partia para a 14.ª partida seguida sem vitória do time de Anaheim contra os Oilers, incluindo quatro derrotas nos confrontos da temporada regular.

No jogo 3, os Oilers puderam finalmente reencontrar sua maravilhosa torcida, que comprou parte do time anos atrás, para que os Oilers não precisassem mudar nem decretar falência. Com o fantástico clima de sonho e magia novamente invadindo o oeste do Canadá, poucos poderiam imaginar o show que seria realizado naquela noite.

Os Oilers chegaram a abrir 4-0 no começo do terceiro período, numa verdadeira chuva de gols. Em menos de cinco minutos, Staios, Peca e Pronger construíram esse placar, mas, numa reação inacreditável, os Ducks marcaram três gols em quatro minutos, com O'Donnell, Selanne e Kunitz.

Com os visitantes encostando no placar, os Oilers se sentiram ameaça-dos pela primeira vez na partida. Roloson tomou quatro gols pela pri-meira vez em bastante tempo, e os Ducks mostraram que também poderiam marcar gols.

Foi quando Pisani marcou seu nono gol nos playoffs e deu a tranqüili-dade para os Oilers até quase no final da partida, quando Selanne voltou a marcar. Com os Ducks voltando a pressionar em busca do empate, desta vez Roloson foi novamente o paredão que vinha sendo na série e não deixou passar mais nada, garantindo a sólida liderança por 3-0 na série.

Um dos fatos mais marcantes na partida foram as 16 penalidades assinaladas apenas no primeiro período, incluindo quatro por brigas e uma para Joffrey Lupul por conduta anti-esportiva, totalizando 44 minutos em penalidades acumulados em pouco mais de cinco minutos de jogo.

O jogo 4 será nesta quinta-feira, e os Oilers terão a chance de encer-rar a série com uma imponente varrida. O time de Edmonton, que foi campeão da Copa Stanley cinco vezes na década de 1980, construindo uma dinastia na sua época, pode voltar a disputar uma final depois de mais de 16 anos.

Se conseguir fechar a série na quinta-feira, os Oilers aguardarão o vencedor de Sabres x Canes, uma série aparentemente mais equilibra-da. Caso contrário, os Ducks forçarão a realização de uma quinta partida, a ser realizada em Anaheim. Contra os patos pesam os tabus de não conseguir vencer os Oilers em Edmonton e há 15 jogos não conseguir vencê-los em lugar algum!


Alessander Laurentino gostaria de ver algumas partidas das finais pela TV, mas tem de se contentar com rádio via internet e downloads de melhores momentos.
44 MINUTOS Tudo isso de penalidades em menos de cinco minutos de jogo (Tim Smith/Getty Images - 23/05/2006)
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Página publicada em 25 de maio de 2006.