Aninhado na companhia de seis compatriotas tchecos e apadrinhado incondicionalmente pelo técnico do New York Rangers, Tom Renney, o revivido Jaromir Jagr não apenas retomou seu posto de melhor jogador da NHL, como tam-bém o seu lugar na elite da história da liga.
O ponta direita, de 34 anos, estabeleceu novos recordes do time para gols marcados (53 até segunda-feira) e pontos (121), ao mesmo tempo em que ultrapassou Jari Kurri como o mais prolífico jogador europeu da história (1.430 pontos na carreira). Com a diminuição da obstrução, Jagr, de 1,88 m de altura e 106 kg, provou que ainda pode ser dominante quan-do invade o meio do gelo vindo da direita, sua posição normal.
De acordo com seu colega de time Martin Straka, "ele está jogando tão bem quanto o fez na temporada em que marcou 149 pontos [1995-96, pelo Pittsburgh]". Ele é o meu escolhido como MVP da NHL, batendo de longe o central Joe Thornton, dos Sharks, e o ponta Daniel Alfredsson, dos Senators.
Os meus outros indicados seguem abaixo.
Melhor defensor Nicklas Lidstrom, Red Wings — Depois de uma pequena queda de nível antes do locaute, Lidstrom, de 35 anos, retornou à forma que lhe garantiu três Troféus Norris consecutivos entre 2000-01 e 2002-03. Homem pacato, sem escândalos ou declarações bombásticas, ele acaba recebendo muito menos atenção do que merece. Já o seu jogo é pura qualidade. Junto com Andreas Lilja, Lidstrom defende a segunda melhor defesa da Conferência Oeste e ainda acha tempo para ser o quarto-zagueiro da vantagem numérica e marcar 75 pontos. De acordo com Michael Farber, jornalista da revista Sports Illustrated, "seus 28:20 de tempo no gelo por partida, mais que qualquer um na liga, são o que a NHL tem de mais semelhante com uma aula de hóquei". Atrás dele: Zdeno Chara, dos Senators; e Sergei Zubov, dos Stars.
Melhor goleiro Miikka Kiprusoff, Flames — Talvez os outros 29 times tenham sido absorvidos pela nova NHL, mas o Calgary nunca abandonou a era do "Disco Morto", uma predileção quase filosófica por vencer jogos dispu-tados e físicos, confiando em um goleiro que faz os milagres parecer jogadas comuns. Em 2003-04, Kiprusoff teve a menor média de gols sofridos (1,69) da liga desde 1939-40; nesta temporada suas atuações parecem estar ainda melhores. Ele tem a melhor média de gols sofridos (2,15) entre goleiros com no mínimo 50 jogos disputados, defendendo o gol de um time que não lhe dá tanta margem para erro como têm, por exemplo Henrik Lundqvist, dos Rangers, ou Tomas Vokoun, dos Predators (o ataque dos Flames é, disparado, o pior entre os times que vão aos playoffs). Um noite de gala de Kiprusoff, que ainda tem apenas 29 anos, pode ser um pesadelo para seus adversários nos playoffs. Atrás dele: Lundqvist; e Marty Turco, dos Stars.
Melhor novato Alexander Ovechkin, Capitals — O ponta esquerda certamente tem estilo. De seu estilo dinâmico à seu visor estiloso — chamam-no de Darth Visor —, Ovechkin é o cabeça de um dos melhores grupos de novatos da história. Ele ainda está (antes da nossa próxima edição, provavelmente ele já não estará mais) a um gol dos 50 gols, uma marca que o colocará ao lado de Teemu Selanne, Mike Bossy e Joe Nieuwendyk como os maiores artilheiros novatos de todos os tempos, mas é o espetáculo que ele dá — ele chegou a marcar um gol seguran-do o taco com uma mão enquanto estava deitado de costas — que o distingue. Neste quesito, ele está no mesmo nível, senão acima, de Pavel Bure e de Gilbert Perreault. Atrás dele: Sidney Crosby, dos Penguins; e Dion Phaneuf, dos Flames.
No domingo, os Blues aposentaram o número 2 de Al MacInnis no Savvis Center. Ainda nesta temporada, houve cerimônias para Mark Messier em Nova York e Scott Stevens em New Jersey. Na próxima temporada, teremos uma cerimônia dessas em Los Angeles para Luc Robitaille, que anunciou sua aposentadoria, a partir do fim da tem-porada, na terça-feira.
Não há nenhuma dúvida de que os Kings vão aposentar o seu núme-ro 20.
No recrutamento de 1984, o nativo de Montreal recebeu pouca atenção, apesar de ter marcado 32 gols e 85 pontos com o Hull na Quebec Major Junior Hockey League. Os olheiros gostavam do seu faro de gol, mas achavam que ele não patinava bem o bastante pa-ra chegar à NHL. No dia do recrutamento, 170 nomes foram chama-dos antes do dele.
19 temporadas, 668 gols (o maior artilheiro entre os pontas esquer-das), 1.394 pontos e uma Copa Stanley depois, acho que Robitaille provou que seu lugar era, sim, na NHL. Apelidado de "Lucky" ("sor-tudo", em inglês), apesar de seus gols não terem nada a ver com sorte, Robitaille ainda vê levantadas dúvidas sobre sua patinação até hoje.
Mesmo com essas dúvidas, somadas às levantadas pelos seus 40 anos de idade, que o levaram a não ser escalado para vários jogos e a jogar menos de dez minutos em outros tantos, ele conseguiu marcar 15 gols. (A.G.)
Alexandre Giesbrecht, 30 anos, já tem o DVD do título do Super Bowl dos Steelers.
O MVP Jaromir Jagr demorou, mas voltou à velha forma (Lou Capozzola/Sports Illustrated)
ÚLTIMO HAT TRICK Luc Robitaille, que vai se aposentar ao final da temporada, comemora seu terceiro gol contra os Thrashers (Mark J. Terrill/AP - 19/01/2006)