Por
Marcelo Constantino
Peço desculpas antecipadas aos leitores por não falar dos jogadores
recrutados. O fato é que eu praticamente desconheço o que acontece em
ligas menores, ligas de juniores etc. Como conseqüência, desconheço
os jogadores que são recrutados. Vejo muita onda para cima de Alexander
Ovechkin e sempre acho que exageram quando promovem esse vendaval para
cima da primeira escolha geral.
Lembro-me de quando Joe Thornton foi recrutado. Diziam que era o melhor
jogador disponível num recrutamento desde Eric Lindros (!), que ele
começaria a jogar diretamente na NHL, sem passar por ligas menores,
porque nem precisava etc. Thornton é um hoje um dos pilares do Boston
Bruins, mas ainda não consigo ver realizada toda aquela onda.
Outro que veio para a NHL com grande expectativa era Vincent Lecavalier.
O gerente do Colorado Avalanche, Pierre Lacroix, fez das tripas coração
para obter a primeira escolha daquele recrutamento e não conseguiu.
Lecavalier é dos grandes jogadores do time campeão da Copa Stanley desse
ano, mas vem atrás de Martin St. Louis e Brad Richards.
Os troféus -- St. Louis despontou como o grande vencedor do Hart,
ainda que fosse algo previsível. Pasmem, ele é o primeiro jogador a
levar os troféus Hart e Art Ross e a Copa Stanley para casa, num mesmo
ano, desde.... Wayne Gretzky! Ok, ok, as comparações terminam por aí.
Ponto final.
Scott Niedermayer merecidamente levou o Norris para casa depois de três
anos de reinado de Nicklas Lidstrom. Muitos gostaria de ter visto o
ótimo Zdeno Chara vencendo o troféu, mas o defensor dos Devils fez uma
temporada brilhante de ponta a ponta. Boa parte dela sem ter o monstro
Scott Stevens ao lado.
Ainda nos Devils, Martin Brodeur venceu o Vezina naquele que foi o prêmio
mais discutido da temporada. Muitos argumentam que a temporada de Brodeur
não foi brilhante como outras e que Roberto Luongo foi o grande da temporada,
ou ainda que Miikka Kiprussof é que merecia, mesmo com um número
de jogos disputados bem menor. Enfim, ótima pauta para uma conversa
no bar, difícil é retirar os méritos de qualquer
um deles.
E Kris Draper, oito anos depois de ter seu maxilar arrebentado nas bordas
como resultado de um tranco por trás desferido por Claude Lemieux, e
ainda de ter que ouvir do próprio que estava tentando se promover com
isso, eis que seu excelente trabalho defensivo foi finalmente reconhecido
ao vencer o Selke. Mas só foi reconhecido porque sua produção ofensiva
também foi formidável, a melhor de sua carreira.
Adeus, Hull -- O Detroit Red Wings mandou Brett Hull passear. Hull
fez três ótimas temporadas em Detroit e ganhou mais uma Copa Stanley
com o time. Dificilmente Pavel Datsyuk teria tanta projeção se não jogasse
ao lado dele. Mas as coisas não andavam lá muito bem entre Hull e os
Wings nos últimos tempos. Depois de ficar o mais longo período de sua
carreira sem marcar gols, ele começou a ver diminuir seu tempo de jogo
cada vez mais. Nos playoffs, diante do mesmo panorama, o sempre falante
Hull calou-se. E não abriu a boca até hoje.
É inegável que Brett ainda tem muito valor na liga e é certo que será
muito bem recebido por algum grande time. Se for pelo desejo confesso
dele, esse time é o Dallas Stars.
Keith Primeau renova com os Flyers -- Depois de finalmente fazer
uma boa série de playoffs -- no caso, nem boa foi, foi sensacional mesmo
-- o capitão do Philadelphia Flyers acertou sua permanência na equipe
por mais quatro anos, com um contrato que lhe dará US$ 17 milhões. Fosse
um ou dois anos atrás, é certo que ele conseguiria mais que isso. Em
tempos de crise e retração, é um sinal de que jogadores estão
claramente trocando aumento de salário por estabilidade.
Doações de defensores -- Na onda das doações no dia do recrutamento,
o Anaheim Mighty Ducks decidiu apostar em Kurtis Foster e livrar-se
de Niclas Havelid, que havia sido uma das boas peças do time no vice-campeonato
de 2003. E o Montreal Canadiens mandou Stephane Quintal, outro bom defensor,
para o Los Angeles Kings em troca de nada. Ou melhor, "considerações
futuras".
Dominik Hasek diz que não volta para Detroit --
Nada de inesperado aqui. O filme de Hasek andava queimadíssimo
em Detroit, até que ele decidiu dispensar o pagamento integral
de seus salários e receber apenas pelo período em que
jogou pelo time no ano passado. Essa bela e incomum atitude equilibrou
os sentimentos em relação a ele, mas não ao ponto
de o querer por mais uma temporada. Ele sabe que, caso exista mesmo
a de 2004-05, Curtis Joseph é o goleiro do time e ninguém,
nem mesmo ele próprio, está disposto a protagonizar um
novo capítulo da novela de goleiros dos Red Wings.
O ambiente para Hasek dentro do grupo já não estava bom
por conta disso e o fato de anunciar inesperadamente, por conta própria,
que a temporada já havia acabado para ele só agravou ainda
mais.
Mas Hasek não disse apenas isso, ele afirmou que o Ottawa Senators
era um dos poucos times em que ele estaria interessado em jogar.
Doações do Ottawa -- O Ottawa Senators dispensou dois valiosos
jogadores do seu elenco: o goleiro Patrick Lalime e o central Radek
Bonk. Difícil de acreditar que nenhum time ofereceria mais do que as
ralas escolhas que o Ottawa obteve por cada um, mas estamos em tempos
de incerteza e contenção de despesas. Bonk, um bom jogador que era a
Geni dos Sens, é agente livre restrito e tem uma opção de renovação
por US$ 3,5 milhões para a próxima temporada. Hoje em dia é difícil
de acreditar também que algum time pagaria tanto por ele.
Já o caso de Patrick Lalime é diferente. É um bom goleiro, que teve
um começo deslumbrante na NHL para depois cair no semi-ostracismo e
mais tarde ser recolocado nas alturas como titular dos Sens. Não é,
nunca foi, aquele goleiro classe A, que todo time gostaria de ter. Com
mais uma eliminação, a gerência do Ottawa parece ter se cansado dele
e, com o aceno de Hasek, não hesitou em detoná-lo da equipe. Depois
disso surpresa será se o goleiro tcheco não vestir a camisa
dos Sens na próxima (?) temporada.
Chris Osgood e a história que se repete -- Leiam a declaração do
gerente do St. Louis Blues, Larry Pleau, sobre a mudança de goleiros
no time: "Sentimos que era importante mudar e fortalecer nossa posição
de goleiro (...). Era algo que queríamos fazer nesse fim de semana e
essa troca se encaixou. Chris Osgood foi bom para nós, mas sentimos
que, se pudéssemos mudar, assim o faríamos".
Foi praticamente a mesma coisa que Ken Holland disse quando contratou
Dominik Hasek e fez Osgood sobrar na equipe. Ainda assim, aí vai uma
larga diferença entre contratar um Lalime e contratar um Hasek, apenas
demonstra que o goleiro campeão de 1998 anda sendo preterido
até mesmo por um Lalime.
Vejam a ironia do destino para Osgood: ele saiu de Detroit por causa
de Hasek (diretamente) e provavelmente sairá de St. Louis por causa
de Hasek (indiretamente)! Osgood comprovadamente não é um grande goleiro,
alterna altos e baixos, mas os baixos são relativamente constantes e
queimam por completo seus bons momentos no gelo.
...
É, amigos, agora a sua The Slot BR entra realmente de férias e estará
de volta em outubro, quando a nova temporada (deveria) começar. Infelizmente
acredito que a liga mergulhará num período obscuro daqui para frente
e não há como saber quando teremos uma nova temporada. Fica a torcida
para que o bom senso prevaleça entre as partes. Sobre o imbróglio entre
NHL e NHLPA, a crise na liga e o Acordo Coletivo de Trabalho (o famoso
CBA), sugiro a leitura do especial
que escrevi meses atrás.
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Marcelo
Constantino, 30 anos de idade, 8 de NHL, decidiu que finalmente
vai aprender a patinar durante as férias da Slot. E ainda
tem pelo menos dois tijolos para ler no período: A
ditadura envergonhada e Chico Buarque do Brasil. |
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WINGS, NÃO MAIS Depois
uma conturbada volta à NHL, Dominik Hasek avisa que não
volta para Detroit. Tudo indica que ele estará com os Senators
SE houver a temporada de 2004-05 (AP - 03/05/2002) |
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HAVIA UM HASEK NO CAMINHO Já
é a segunda vez que Chris Osgood é disponibilizado
por um time por causa de Hasek. O destino dele, como das outras
vezes, é incerto (Arquivo The Slot BR) |
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