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          Alexandre Giesbrecht 
           
          Um lance de gênio que culminou com um gol de empate a 5,7 segundos 
          do fim do jogo. De um jogo 7, para ser mais exato. Quer mais emoção 
          do que isso? 
           
          Era tudo o que os Canucks achavam que seria necessário para ganhar 
          a série. Jarome Iginla, que tinha marcado os dois gols dos Flames 
          no jogo, buscava o hat trick para selar a vitória. O gol do time 
          de Vancouver estava vazio. Iggy chutou da linha azul, de backhand, e 
          o disco seguiu seu caminho, sem ser interceptado por um casaco ou coisa 
          parecida que veio das arquibancadas. Faltavam 20 segundos para o fim 
          do jogo. 
           
          Só que o endereço acabou não sendo o gol. O disco 
          bateu na lateral da rede, caindo no taco de um defensor, que não 
          pensou duas vezes antes de passa-lo para o capitão e astro do 
          time, Markus Naslund. Naslund seguiu com ele dominado até a ponta 
          esquerda, avançou na direção do gol e tentou o 
          chute. O goleiro Miika Kiprusoff deixou o rebote, que Matt Cooke aproveitou, 
          levando a partida para a prorrogação. 
           
          Jogando em casa e com o estádio lotado, o momento estava com 
          eles. Mas, como foi tão comum ao longo da série, o momento 
          não significou nada. 
           
          Aos 85 segundos da prorrogação, Iginla tentou mais uma 
          vez, e Martin Gelinas mandou para dentro o rebote do goleiro Alex Auld, 
          encerrando a série e 15 anos de sofrimento  a última 
          vez que os Flames passaram para a segunda fase foi na campanha de 1989, 
          quando também levaram a Copa Stanley. 
           
          Não foi a primeira vez na série que a prorrogação 
          foi decidida pelo time que entrou nela menos embalado. Dois dias antes, 
          em Calgary, os Flames perdiam por 4-0 na metade do jogo. Com três 
          assistências do brasileiro Robyn Regehr, conseguiram empatar o 
          jogo, levando-o para a prorrogação. 
           
          Para as prorrogações, para ser mais exato. Aos 2:28 da 
          terceira prorrogação, Brendan Morrison recebeu um passe 
          de Naslund e venceu Kiprusoff, forçando o sétimo jogo. 
           
          Com a volta a Vancouver e, mais tarde, o gol de Cooke a poucos instantes 
          do que seria o fim do jogo, os deuses dos playoffs pareciam mais uma 
          vez estar conspirando contra os Flames. Desde a campanha do título 
          de 1989, foram três jogos 7, sempre como favoritos, sempre saindo 
          como derrotados, sempre na prorrogação. Incluída 
          nesta lista está a dolorosa série de 1994, contra os mesmos 
          Canucks. Os Flames tinham 3-1 na série, mas perderam os jogos 
          5, 6 e 7, todos na prorrogação, e foram eliminados, apesar 
          da segunda colocação na conferência. 
           
          A redenção só veio agora, depois de muito sofrimento 
          com times ruins, que geralmente já estavam eliminados da corrida 
          rumo aos playoffs lá pelo Ano Novo. Foram sete anos longe dos 
          playoffs, a maior espera da NHL (que agora pertence aos Rangers, em 
          seu sétimo ano de jejum). 
           
          A parada agora é bem mais dura. Não que os Canucks fossem 
          presa fácil, mas sem dúvida entraram na série abalados 
          pela perda de um de seus mais importantes jogadores, Todd Bertuzzi, 
          suspenso pela NHL. Os Flames terão pela frente nada menos que 
          o Detroit Red Wings, vencedor do Troféu dos Presidentes com a 
          melhor campanha da liga na temporada regular. 
           
          Os Wings despacharam com alguma dificuldade o Nashville Predators na 
          primeira fase, e suas estrelas produziram aquém do esperado. 
          Assim como no ano passado, quando Jean-Sébasten Giguere, do Anaheim, 
          os eliminou praticamente sozinho, o grande problema foi um goleiro em 
          grande fase. Tomas Vokoun foi praticamente imbatível nos dois 
          primeiros jogos em Nashville e fez os favoritos reviverem o drama de 
          12 meses antes até a convincente vitória no jogo 5, que 
          deu a confiança necessária para fechar a série 
          em seis jogos. 
           
          A arma do time de Calgary vai ser justamente essa: um goleiro quente. 
          Kiprusoff fez uma grande temporada regular e só não vai 
          ser um fator na briga pelo Troféu Vezina por ter disputado apenas 
          38 partidas. Ele estabeleceu um novo recorde na temporada, com média 
          de 1,7 gols sofridos. Nos playoffs, foi um tormento para o ataque do 
          Vancouver. Ele liderou todos os goleiros na primeira fase, com 461 minutos 
          e 51 segundos no gelo. 
           
          Kiprusoff não será o único trunfo dos canadenses. 
          Iginla, que tem no currículo o Troféu Art Ross de 2002 
          e perdeu o Troféu Rocket Richard desta temporada nos critérios 
          de desempate, foi o artilheiro dos Flames na primeira fase, com uma 
          atuação decisiva no jogo 7  marcou dois gols e uma assistência. 
          Os Canucks bem que tentaram pará-lo, designando Mattias Ohlund 
          para ser a sua sombra durante o tempo todo. Não adiantou muito. 
          Enquanto Iginla marcou sete pontos, com mais/menos de +5, Ohlund postou 
          -6, pior marca de qualquer jogador na série. 
           
          Entre as estrelas de Detroit, certamente há jogadores mais aptos 
          à função do que Ohlund, e isso pode significar 
          problemas para os companheiros de ataque de Iginla, especialmente se 
          o goleiro Curtis Joseph mantiver os bons números que teve contra 
          os Predators e que tem contra o Calgary. Ele tem uma campanha de 24-8-3 
          em jogos de temporada regular contra os Flames. 
           
          Nunca os enfrentou nos playoffs, mas isso não chega a ser uma 
          surpresa, já que os Flames não disputaram muitos jogos 
          de mata-mata desde que Joseph começou a disputá-los, em 
          1990. Eles jogaram apenas 44 partidas, com campanha de 17-27 em seis 
          séries perdidas seguidas. Já Cujo disputou praticamente 
          três vezes mais partida nesse período, acumulando 60-62 
          em 125 jogos, com média de 2,47 gols sofridos. 
           
          A série começa na quinta-feira. Resta saber se teremos 
          a chance de acompanhar essas partidas. Com os Wings na parada, é 
          bem possível que, se a ESPN Internacional jogar algumas migalhas 
          para cá, elas sejam dessa série. 
        
           
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            Alexandre 
                Giesbrecht, publicitário, queria ter podido acompanhar 
                o extraordinário jogo 7 entre Flames e Canucks.   | 
           
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            | ESPERANÇA Miika Kiprusoff 
              foi um dos principais responsáveis pela vitória dos 
              Flames e é a maior esperança de vitória contra 
              os Wings (Chuck Stoody/CP - 19/04/2004) | 
           
           
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            | DECEPÇÃO Jogadores 
              dos Canucks lamentam a eliminação na prorrogação 
              do jogo 7 (Chuck Stoody/CP - 19/04/2004) | 
           
         
          
        
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