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21 de março de 2003
Agora o futuro é certo?

Por Alexandre Giesbrecht

Os Penguins pediram concordata em 1998, e Mario Lemieux, a maior estrela de sua história, veio salvá-los, comprando o time. Já os Sabres não puderam contar com Dominik Hasek, mas parecem ter finalmente achado um comprador. O empresário B. Thomas Golisano, de Rochester, apresentou sua proposta à Corte de Falências americana, e deverá passar a ser o dono do time daqui a um mês. Outra pessoa ou empresa ainda pode fazer uma proposta mais alta pelo time por meio da Corte, mas isso é altamente improvável, já que qualquer dono em potencial precisaria de semanas, ou até mesmo meses, para estudar a situação financeira do time e enviar uma proposta.

Uma proposta do também empresário Mark Hamister, de Buffalo, já tinha sido aprovada pela NHL em novembro, mas acabou caindo por terra em fevereiro, principalmente porque ele não conseguiu arranjar cerca de US$ 40 milhões em ajuda do governo. A proposta de Golisano já era considerada melhor mesmo nessa época, não por seus números, mas pelo fato de não precisar de ajuda governamental.

O que isso significa? Por enquanto, nada. O time ainda corre sério risco de ser obrigado a se mudar, porque, como os detalhes do acerto não foram divulgados, ainda não se sabe quanto Golisano está disposto a investir no time. Além disso, ele não tem o apoio da comunidade empresarial de Buffalo, e a situação pareceu ter se agravado mais na última semana, quando ele divulgou seu interesse em ver os Sabres jogando algumas partidas em Rochester.

Os Sabres já começaram a se preparar para o novo regime, e também para o possível teto salarial que pode passar a vigorar na NHL a partir de 2004-05. Ainda falta definir qual vai ser o valor máximo da folha de pagamento do time para a próxima temporada, mas alguns salários altos já foram limados, como os de Vaclav Varada, Rob Ray, Stu Barnes e Chris Gratton, o que diminuiu o total de gastos em cerca de US$ 6 milhões a US$ 7 milhões. Provavelmente, o número ficará em torno dos US$ 30 milhões em 2003-04.

A troca de Ray foi especialmente dolorosa: apesar de ser um ídolo da torcida, que sempre vai se lembrar de suas históricas "batalhas" com Tie Domi, não havia como mantê-lo no time. Não enquanto ele estivesse ganhando US$ 1 mil por minuto jogado e, ainda por cima, tivesse planos de voltar na próxima temporada. Foi-lhe dada a opção de ficar, embora não se saiba se teria de aceitar um corte salarial, mas ele acabou indo para Ottawa, aspirando por uma chance de chegar ao título.

Como os Penguins, o Buffalo está começando a investir no futuro. Eles não deverão estar muito melhor no ano que vem, mas as expectativas são menores, também, pelos nomes desconhecidos do elenco. Mike Ryan e Jakub Klepis ainda são meras sopas de letrinhas no noticiário de trocas, mas eles poderão ser ídolos da torcida em anos vindouros.

As trocas feitas deixaram Miroslav Satan e Alexei Zhitnik como as estrelas solitárias do time. Zhitnik não deve ficar muito tempo. Ele — e seu salário de US$ 3,75 milhões por ano — já pediu para sair e não deverá estar de volta em outubro. Satan deve ficar ainda por um bom tempo, e parece que o gerente geral Darcy Regier planeja construir os novos Sabres à sua volta. Assim que Golisano assumir de vez o time, saberemos se essa vai ser mesmo a tendência.

Também está nos planos de Regier assinar com algum agente livre veterano, que possa ajudar a dar experiência a um time jovem. Vai precisar ser um jogador especial, alguém que queira abrir mão não apenas de um salário maior em outro time, como também dos sonhos de chegar à Stanley Cup, em troca de ajudar um time no longo prazo.

Já a parte da torcida e da imprensa em Buffalo têm outros planos. Para eles, o segundo maior culpado, logo depois do ex-dono John Rigas, é justamente Regier. Para eles, a troca do ex-capitão Mike Peca para os Islanders, em troca de promessas, foi uma faca de dois gumes, já que, para aplacar a torcida, Regier deu um substancial aumento (basicamente, o dinheiro que não quis dar a Peca) para Barnes, que se tornou o novo capitão. E agora Barnes também é um ex-capitão, tendo ido tentar o título em Dallas, em grande parte porque os Sabres — a-ha! — não conseguiriam continuar pagando seu salário. Para Bob DiCesare, colunista do jornal Buffalo News, essa história é "um esquete do Gordo e do Magro".

Com a perspectiva de um novo dono, as cenas de comédia típicas de times em má situação financeira, com uma exceção inacreditável em Ottawa, parecem estar com os dias contados em Buffalo. Se não estiverem, é o time que está com os dias contados na cidade.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, acha que o Ottawa só é exceção à regra da comédia porque o time era uma comédia nos tempos em que tinha algum dinheiro.
RINDO À TOA? Ainda não. Golisano e o comissário da NHL, Gary Bettman, trocam sorrisos na coletiva em que foi anunciada a provável compra dos Sabres (Gary Wiepert/Reuters - 14/03/2003)
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Página publicada em 19 de março de 2003.