Por
Alexandre Giesbrecht
Os Penguins pediram concordata em 1998, e Mario Lemieux, a maior estrela
de sua história, veio salvá-los, comprando o time. Já
os Sabres não puderam contar com Dominik Hasek, mas parecem ter
finalmente achado um comprador. O empresário B. Thomas Golisano,
de Rochester, apresentou sua proposta à Corte de Falências
americana, e deverá passar a ser o dono do time daqui a um mês.
Outra pessoa ou empresa ainda pode fazer uma proposta mais alta pelo
time por meio da Corte, mas isso é altamente improvável,
já que qualquer dono em potencial precisaria de semanas, ou até
mesmo meses, para estudar a situação financeira do time
e enviar uma proposta.
Uma proposta do também empresário Mark Hamister, de Buffalo,
já tinha sido aprovada pela NHL em novembro, mas acabou caindo
por terra em fevereiro, principalmente porque ele não conseguiu
arranjar cerca de US$ 40 milhões em ajuda do governo. A proposta
de Golisano já era considerada melhor mesmo nessa época,
não por seus números, mas pelo fato de não precisar
de ajuda governamental.
O que isso significa? Por enquanto, nada. O time ainda corre sério
risco de ser obrigado a se mudar, porque, como os detalhes do acerto
não foram divulgados, ainda não se sabe quanto Golisano
está disposto a investir no time. Além disso, ele não
tem o apoio da comunidade empresarial de Buffalo, e a situação
pareceu ter se agravado mais na última semana, quando ele divulgou
seu interesse em ver os Sabres jogando algumas partidas em Rochester.
Os Sabres já começaram a se preparar para o novo regime,
e também para o possível teto salarial que pode passar
a vigorar na NHL a partir de 2004-05. Ainda falta definir qual vai ser
o valor máximo da folha de pagamento do time para a próxima
temporada, mas alguns salários altos já foram limados,
como os de Vaclav Varada, Rob Ray, Stu Barnes e Chris Gratton, o que
diminuiu o total de gastos em cerca de US$ 6 milhões a US$ 7
milhões. Provavelmente, o número ficará em torno
dos US$ 30 milhões em 2003-04.
A troca de Ray foi especialmente dolorosa: apesar de ser um ídolo
da torcida, que sempre vai se lembrar de suas históricas "batalhas"
com Tie Domi, não havia como mantê-lo no time. Não
enquanto ele estivesse ganhando US$ 1 mil por minuto jogado e, ainda
por cima, tivesse planos de voltar na próxima temporada. Foi-lhe
dada a opção de ficar, embora não se saiba se teria
de aceitar um corte salarial, mas ele acabou indo para Ottawa, aspirando
por uma chance de chegar ao título.
Como os Penguins, o Buffalo está começando a investir
no futuro. Eles não deverão estar muito melhor no ano
que vem, mas as expectativas são menores, também, pelos
nomes desconhecidos do elenco. Mike Ryan e Jakub Klepis ainda são
meras sopas de letrinhas no noticiário de trocas, mas eles poderão
ser ídolos da torcida em anos vindouros.
As trocas feitas deixaram Miroslav Satan e Alexei Zhitnik como as estrelas
solitárias do time. Zhitnik não deve ficar muito tempo.
Ele e seu salário de US$ 3,75 milhões por ano
já pediu para sair e não deverá estar de
volta em outubro. Satan deve ficar ainda por um bom tempo, e parece
que o gerente geral Darcy Regier planeja construir os novos Sabres à
sua volta. Assim que Golisano assumir de vez o time, saberemos se essa
vai ser mesmo a tendência.
Também está nos planos de Regier assinar com algum agente
livre veterano, que possa ajudar a dar experiência a um time jovem.
Vai precisar ser um jogador especial, alguém que queira abrir
mão não apenas de um salário maior em outro time,
como também dos sonhos de chegar à Stanley Cup, em troca
de ajudar um time no longo prazo.
Já a parte da torcida e da imprensa em Buffalo têm outros
planos. Para eles, o segundo maior culpado, logo depois do ex-dono John
Rigas, é justamente Regier. Para eles, a troca do ex-capitão
Mike Peca para os Islanders, em troca de promessas, foi uma faca de
dois gumes, já que, para aplacar a torcida, Regier deu um substancial
aumento (basicamente, o dinheiro que não quis dar a Peca) para
Barnes, que se tornou o novo capitão. E agora Barnes também
é um ex-capitão, tendo ido tentar o título em Dallas,
em grande parte porque os Sabres a-ha! não conseguiriam
continuar pagando seu salário. Para Bob DiCesare, colunista do
jornal Buffalo News, essa história é "um esquete
do Gordo e do Magro".
Com a perspectiva de um novo dono, as cenas de comédia típicas
de times em má situação financeira, com uma exceção
inacreditável em Ottawa, parecem estar com os dias contados em
Buffalo. Se não estiverem, é o time que está com
os dias contados na cidade.
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Alexandre Giesbrecht, publicitário, acha que o Ottawa só
é exceção à regra da comédia
porque o time era uma comédia nos tempos em que tinha algum
dinheiro. |
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RINDO À TOA? Ainda
não. Golisano e o comissário da NHL, Gary Bettman,
trocam sorrisos na coletiva em que foi anunciada a provável
compra dos Sabres (Gary Wiepert/Reuters - 14/03/2003) |
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