Por Marcelo Constantino

Domingo, 20 horas, o que você faz em casa? Pratica o sadomasoquismo assistindo à TV aberta? Fantástico? Bom, neste último domingo você ao menos teve a oportunidade de assistir hóquei ao vivo. A ESPN nos agraciou com a apresentação de Dallas Stars x Chicago Blackhawks, direto da United Arena, em Chicago.

O jogo precedeu a primeira parte do especial "The Season", sobre a temporada atual do Detroit Red Wings, e ainda foi marcado pela comemoração do aniversário do narrador Dave Strader — conhecido aqui por sempre narrar as finais da Stanley Cup.

Era a disputa entre o melhor time da NHL atualmente contra um que está em queda livre, em tese ainda brigando por uma vaga nos playoffs. Em tese mesmo, porque os Blackhawks não irão a lugar algum daquela forma.

Os Stars venceram por 3-0, com uma incontestável superioridade ao longo da partida. O reserva Ron Tugnutt conseguiu seu shutout sem ter sido muito exigido. Quase todos os 20 chutes defendidos foram de baixa qualidade. Aliás, o Dallas venceu sem fazer muito esforço, esta é a verdade. O Chicago ameaçou praticamente nada.

Com o time indo de mal a pior na temporada, com seus melhores defensores machucados (Phil Housley e Alexander Karpovtsev) o técnico Brian Sutter decidiu ainda não começar com o goleiro Jocelyn Thibault, outro que está em má fase. Veio então Steve Passmore, que não faz milagres.

Mais: sacou do time Theoren Fleury, o alcoólatra inveterado, que nada vem fazendo nos últimos jogos. Sacou também Sergei Berezin. Com suas estrelas apagadas, Sutter tentou sacudir o time com as mexidas. De nada adiantou.

Os Stars dominavam as ações, até que Mike Modano, na frente do goleiro adversário, foi atingido na perna esquerda por um chute do próprio time. Ele saiu mancando do gelo e, na confusão de troca de linhas, o banco acabou penalizado.

Depois da vantagem numérica inútil — não é à toa que o Chicago tem o pior time especial de vantagem numérica da NHL —, os Hawks conseguiram então o único domínio em toda a partida. Encurralaram o Dallas na sua defesa e só pararam de pressionar quando o jogo parou. Na volta, fim de festa para o Chicago, exceto por uma chance desperdiçada por Kyle Calder, de backhand, que acabou na trave.

Modano, já prontamente recuperado, estava novamente passando pela frente do goleiro adversário, quando um rebote de um chute de Scott Young sobrou na sua frente. Stars 1-0.

Logo no início do segundo período, Young desviou um chute de Derian Hatcher para dentro do gol. Jogada clássica: Passmore ia para um lado e o disco, para o outro.

No fim do período, Claude Lemieux estava nas bordas, e Chris Simon deu-lhe um duro tranco. Enquanto Lemieux saía do gelo cambaleante, Simon esbravejava contra o juiz pela marcação de uma penalidade dupla, de quatro minutos. Como prêmio, recebeu ainda uma adicional, de dez minutos, por conduta anti-desportiva.

A vantagem numérica para os Stars foi inútil também. O jogo parecia fácil demais, eles mal se importavam. Claro, além de faltar competência para dar ao menos um chute a gol nos quase quatro minutos que tiveram com vantagem de um homem no terceiro período. A melhor chance foi perdida por Steve Sullivan, em desvantagem, que preferiu errar um passe a tentar marcar o gol.

Sem problemas, qualquer coisa que vinha de Chicago estava pobre demais para ameaçar o gol de Tugnutt. No único chute a gol dos Stars no período, Modano marcou seu segundo gol na partida, durante uma vantagem numérica.

E que golaço. Daryl Sydor passou o disco para o meio da zona de ataque, e o capitão do Dallas mandou de primeira, num violenta chute para o gol de Passmore, que nem viu o que veio nem por onde passou.

Futuro negro para os Blackhawks neste restante de temporada.