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28 de fevereiro de 2003
Sharks não perderam só jogos neste ano

Por Alexandre Giesbrecht

Peraí... Eu já falei sobre os Sharks aqui antes. Eu não me esqueci disso. O problema é que eles continuam em voga. Um dos times de quem mais se esperava no início da temporada levou um tombo tão feio, que pode ser considerado um dos maiores fiascos na história da NHL. Eles tinham vaga praticamente assegurada na difícil corrida aos playoffs do Oeste. Tinham um elenco que, se não era recheado de estrelas, ao menos tinha jogadores sólidos, de qualidade inquestionável. Tinham um técnico que os levou a campanhas melhores a cada temporada que passava. Tudo isso antes mesmo de a temporada começar.

No entanto, onde estão eles? Dez pontos atrás da última vaga para os playoffs, praticamente sem chances, motivo de risadas até para franquias patéticas, como Atlanta e Buffalo. O tal do técnico, Darryl Sutter, já está treinando outro time, o Calgary. Para seu lugar, o gerente geral Dean Lombardi trouxe Ron Wilson, um técnico durão que já conseguiu alguns resultados bons em outros times.

Mesmo Wilson já parece ter perdido as esperanças. Depois da derrota por 3-0, em casa, para os Islanders, na última quinta-feira, ele deu uma declaração no mínimo curiosa: "Nunca estive tão confuso e perplexo com um elenco. O que os faz se mexer? Nada os faz se mexer. Eu poderia usar um daqueles pedais para reanimar corações, e ainda assim não conseguir resultados. Mesmo um marcador de gado não funcionaria."

O que uma campanha ruim não faz com uma pessoa... Enquanto isso, Owen Nolan, capitão e estrela do time, que faz uma temporada decepcionante, parece estar de saída. Ou ao menos era isso que Lombardi gostaria. Ao que parece, o GG está tentando trocá-lo, mas ainda não achou interessados em assumir seu contrato, que lhe paga US$ 5,5 milhões nesta temporada, mais US$ 13 milhões pelas próximas duas.

O time que parece mais próximo de ficar com Nolan é o Toronto, que, se quiser mesmo o jogador, vai ter de ceder Brad Boyes, o principal prospecto de ataque dos Leafs, uma escolha de primeira rodada em 2003 e Alyn McCauley, um central de quarta linha. Boyes, escolhido na primeira rodada do recrutamento de 2000, lidera a artilharia da AHL, com 22 gols e 48 pontos em 63 jogos. Lombardi e um de seus olheiros, Cap Raeder, foram vistos em um jogo do time de Boyes, o St. John's, no começo do mês. Outro time interessado seria o Philadelphia.

Quem sabe uma troca dessas não traz os Sharks de volta para os playoffs na próxima temporada? Por enquanto, eles podem esquecer aquele status de favoritos que tinham até o primeiro jogo da temporada. No início da próxima, eles serão um belo ponto de interrogação. Repetirão a campanha medíocre de 2002-03 ou voltarão a se destacar na elite da NHL, como em 2001-02?

O fato de não ir para os playoffs vai também mexer com as finanças do time. Eles vão deixar de ganhar cerca de US$ 1 milhão por jogo em casa na primeira fase; US$ 1,2 milhão por jogo em casa na segunda. Nos últimos cinco anos, o time mandou boletos para pagamento de ingressos de playoffs já em fevereiro. No caso de as partidas não serem jogadas, o dinheiro podia ser usado na compra de ingressos para a temporada seguinte. Esse adiantamento gerava, na pior das hipóteses, algum rendimento em fundos de investimento. Já estamos no fim do mês, e ainda não se viu tais boletos. A diretoria do time vai esperar até o início de março para decidir se eles vão sequer emitir os boletos.

Ah, sim, os ingressos aumentaram de preço no início da temporada. Claro, as pessoas pagam mais para ver um time favorito. Mas pergunte a um torcedor o que ele acha. Michael Carey diz que é quase uma fraude pagar tais preços para ver um time não dar tudo de si: "Não interessa se nós temos 12 jogadores no banco de penalidades, mas mostre que você está tão frustrado quanto a torcida".

Como dizer a esse torcedor que é bem possível que os ingressos venham a aumentar no final da temporada? Eu não gostaria de estar na pele do encarregado disso.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, vai passar quase todo o Carnaval em São Paulo, mesmo, que vira uma cidade do interior nessa época.
CENA NADA FREQÜENTE Gol dos Sharks (Selanne): cena que não vista tantas vezes quanto o esperado. Ainda mais contra o Dallas do goleiro Marty Turco (Tony Gutierrez/AP - 16/02/2003)
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Página publicada em 27 de fevereiro de 2003.