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3 de janeiro de 2003
Adeus CuJo, os Maple Leafs têm Belfour

Por Marcelo Constantino

No último verão norte-americano, o goleiro Dominik Hasek anunciou que estava encerrando sua carreira. Seu time, o atual campeão Detroit Red Wings, evidentemente sairia em busca de um substituto e jogaria pesado para tê-lo. Havia basicamente três opções de goleiros de gabarito disponíveis no mercado, com passe livre: Byron Dafoe, Eddie Belfour e Curtis Joseph.

Em Detroit, poucos queriam Dafoe, a maioria ridicularizava Belfour e era quase consenso que o goleiro a ser contratado era Joseph. Assim foi feito. CuJo preferiu sair de Toronto para ganhar menos e tentar ser campeão da Stanley Cup pelos Wings. Os Maple Leafs contrataram, então, Belfour para o seu lugar.

Barrado em Dallas por Marty Turco, Belfour estava em baixa na NHL. Não eram poucos os que o menosprezavam e o viam com a carreira já encerrada. Diversos problemas fora do gelo ocorridos ao longo da carreira do goleiro contribuíam para esta visão.

A torcida, que adorava CuJo, olhou para o novo goleiro com o rabo do olho. Quando alguns mais exaltados começaram a dizer que não o queriam em Toronto, Tie Domi foi quem veio a público defender o goleiro.

Sem a mesma empatia com o público que caracterizava Joseph em Toronto, Belfour teria de ganhar a torcida no gelo, com suas atuações. Teria de colocar em prática o prognóstico que havia feito na pré-temporada, de que ele se supera quando os críticos o dão como superado.

Eddie sabia disso: "Especialmente com Curtis saindo e a forma como os torcedores o adoravam e o apoiavam, quem chegasse aqui para substituí-lo teria uma recepção pouco calorosa. Já era algo esperado. Eu estou feliz que estejam me apoiando agora e fico grato por isso."

De fato, hoje os torcedores não têm do que reclamar quanto ao goleiro.

Até o fechamento desta edição, Eddie The Eagle (A Águia), como é chamado, tinha uma média de gols sofridos de 1,98, ficando atrás apenas, entre goleiros titulares, de Marty Turco, do Dallas, e Jocelyn Thibault, do Chicago.

Lidera a NHL em shutouts, com cinco, ao lado dos dois goleiros citados acima e de Jean-Sebastien Giguere, do Anaheim. Com a mesma quantidade de partidas disputadas, 29, tem uma vitória a mais (16) que Curtis Joseph (15). E ainda possui o excelente aproveitamento de defesas de 92,9%.

Vale dizer que, com 63 shutouts na carreira, é ainda o líder entre os goleiros em atividade, com dois a mais que Patrick Roy, do Colorado.

Enquanto faz sucesso em Toronto, seu rival CuJo sofre com as pressões e críticas em Detroit, onde o reserva Manny Legace vem fazendo bonito toda vez que começa uma partida.

E Pat Quinn, gerente geral e técnico dos Leafs, como deve estar? Pesadamente criticado por substituir um dos grandes goleiros da NHL por um que supostamente estava em queda brusca, ele resume em apenas uma palavra a relação que tem com o goleiro da mesma forma que com outros jogadores: "confiança".

Duro de acreditar, mas, no caso de Belfour, a aposta deu certo.

Marcelo Constantino indica "Cidade dos Sonhos" e "Ônibus 174" como os filmes mais marcantes a que assistiu no cinema em 2002.
MERGULHO PARA A DEFESA Belfour em um momento de inspiração contra o Edmonton (Dan Riedlhuber/Reuters - 28/12/2002)
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Página publicada em 1.º de janeiro de 2003.