Por Humberto Fernandes

Quando Kyle McLaren pediu para ser trocado, o Boston Bruins era tido como um provável fracasso nesta temporada — e não apenas pela iminente saída do defensor. Àquela altura, já não estavam por lá Bill Guerin e Byron Dafoe. Guerin foi responsável por 41 gols na temporada passada, enquanto Dafoe venceu 35 jogos. McLaren é tido como um sólido defensor, apesar do histórico de contusões e de seu mais famoso "gol": mandar Richard Zednik, do Montreal, para o hospital com uma severa concussão, nariz quebrado, garganta contundida e um corte acima do olho direito, nos últimos playoffs.

Sete temporadas após ser escolhido na primeira rodada do recrutamento, McLaren encontra-se fora do jogo procurando uma equipe, ou melhor, esperando que os Bruins a encontrem para ele. Enquanto isso, estes podem deixar o tempo passar, especular, criar o clima que quiserem. Afinal, eles têm o direito sobre o defensor e nem precisam se preocupar com a indefinição, já que a equipe vem fazendo ótima campanha até o momento — em situação contrária, possivelmente já teria acontecido uma negociação.

Muitos times inteligentemente adotam uma posição de "se você não vai jogar por nós, pode se sentar ali e esperar até nós conseguirmos o que queremos". É exatamente esta a posição dos Bruins. Somente vão negociá-lo por um grande jogador, como descreveu o gerente geral Mike O'Connell. "Nós estamos recebendo várias propostas, mas Kyle é um jogador de impacto, e, se nós o liberarmos, temos que adquirir um jogador de impacto em retorno".

Evidentemente, eles não vão trocar McLaren por um saco de discos. Nem mesmo quando perderam Sergei Samsonov e Martin Lapointe por contusão animaram-se a tal ponto. Além disso, estas contusões não serão mais problema em breve, já que Samsonov está prestes a retornar, e Lapointe ficará de fora por mais duas semanas, no máximo.

Dentre os vários rumores divulgados, o último que fez bastante barulho envolvia o Detroit Red Wings. Eles estariam dispostos a enviar o versátil Mathieu Dandenault e uma escolha no recrutamento por McLaren. Segundo o jornal Boston Globe, era a melhor proposta recebida pelos Bruins. Do Edmonton Oilers poderia vir Janne Niinimaa — dez vezes mais defensor que Dandenault —, e do Colorado Avalanche, Martin Skoula. Toronto Maple Leafs, New York Islanders, Tampa Bay Lightning, Florida Panthers e Atlanta Thrashers também demonstraram interesse pelo defensor de 1,93 m e 104 kg.

Como sempre acontece, os gerentes declaram que não estão negociando ou não fizeram aquela proposta que vazou para a imprensa. Se estão dizendo a verdade, ninguém sabe. Ken Holland, dos Red Wings, disse que "ninguém desta organização [Detroit] conversou com alguém dos Bruins".

Piorando a situação de McLaren, os Wings adquiriram o defensor Jason Woolley para suprir a ausência de Jiri Fischer, recentemente contundido. E, seguindo nesta linha, o Avalanche parece mais interessado em conseguir um atacante de força, não outro defensor.

Esvaziam-se as possibilidades de troca. Enquanto Joe Thornton continuar liderando os Bruins às vitórias, dificilmente O'Connell vai pegar o telefone e concretizar alguma troca. Afinal, os Bruins nada têm a perder sem McLaren jogando.