Edição n.º 21 | Editorial | Colunas | Jogo da semana | Notas | Fotos
 
20 de novembro de 2002
As duras batalhas da expansão

Por Alexandre Giesbrecht

Apesar de a temporada ainda estar no início, as boas campanhas do Columbus Blue Jackets e do Minnesota Wild, quando comparadas aos percalços que o Nashville Predators tem enfrentado, levantam a questão: será que seus irmãos de expansão, dois anos mais novos, deixaram os Preds para trás? O time do Tennessee, em seu quinto ano de existência, viu seu total de pontos declinar pela primeira vez na última temporada e, com uma campanha desastrosa de 2-8-2-4 depois de 16 jogos, está a caminho da pior temporada da história da franquia.

Enquanto isso, o Wild (11-5-3) e os Blue Jackets (7-7-1-1), de apenas três anos de idade, têm os melhores começos de temporada de suas curtas histórias, aparentemente tendo evoluído bastante desde a temporada passada.

Não resta dúvida que uma série de contusões, além de uma tabela que começou com uma grande carga de jogos fora de casa, atrapalhou bastante os Predators, a ponto de deixá-los disparados na última colocação da Conferência Oeste. Outro fator que pesa é a política do gerente geral David Poile, de manter seus jovens prospectos no elenco, algo que o diferencia de seus colegas em Columbus e St. Paul.

Poile acha que a política trará resultados em longo prazo, mas, no presente, não há como ignorar o fato de que, ao menos por alguns jogos, os Predators estarão atrás de qualquer time do Oeste que venham a enfrentar. Com a palavra, o GG do Nashville: "Definitivamente, não acho que estejamos sendo ultrapassados. Acho que podemos jogar de igual para igual com qualquer time e que estamos no caminho certo".

Quem amargou a última posição no Oeste em 2001-02 foi justamente o Columbus, que teve, além disso, o pior ataque da liga, com apenas 164 gols — uma média de exatos dois por jogo. Mas os Jackets fizeram sérios ajustes no elenco no fim da temporada e nas férias, notadamente ao adquirir o zagueiro Jaroslav Spacek e assinar com os agentes livres Andrew Cassels, Luke Richardson e Scott Lachance. Cassels lidera o time com 21 pontos, enquanto Richardson e Lachance, com seus mais de 20 minutos por jogo cada, têm dado experiência à zaga.

O gerente geral Doug MacLean também fez uma troca em busca da primeira escolha no último recrutamento, usando-a para trazer o talentoso atacante Rick Nash, que, ainda novato, conseguiu vaga no elenco. "Temos cerca de dez novos jogadores em relação ao começo da temporada passada, então acho que temos um time melhor", filosofa MacLean. "Acho que os três agentes livres realmente mudaram a cara do nosso time. Eles não têm uma presença tão vocal no vestiário, mas são todos veteranos de qualidade, com experiência e boas reputações, que lideram pelo exemplo. E Cassels foi uma grande adição para nossa vantagem numérica".

Já o Minnesota terminou o ano passado apenas quatro pontos à frente dos Predators, mas têm hoje a segunda melhor campanha na conferência. A mais famosa cara nova é justamente um ex-Predator, Cliff Ronning, que marcou 19 pontos em seus primeiros 18 jogos. Ele tem sido um companheiro de linha perfeito para a estrela em ascensão Marian Gaborik, que marcou 30 gols em seu segundo ano como profissional e já tem 11 em 2002-03.

Junte a isso um grupo de anônimos que trabalham duro, ao comando do técnico Jacques Lemaire e às excelente atuações de Manny Fernandez no gol, e dá para se ter uma idéia de por que o Wild já tem 11 vitórias.

O central Doug Weight, do St. Louis, tem a sua versão: "Quando você abre a porteira logo nos primeiros cinco jogos e tem sucesso como um time jovem, como o Minnesota fez, você ganha muita confiança. Eu assisti aos jogos deles, eles foram umas quatro ou cinco vezes seguidas para a prorrogação, e dava para sentir, pelo estádio e pela eletricidade no elenco, que eles iriam ganhar. Por outro lado, se você tem um time jovem e começa perdendo alguns jogos, como o Nashville, você se abate, e isso acaba com a sua confiança. Você pega a síndrome do 'Oh, não, lá vamos nós de novo'".

Os Predators têm o time mais novo entre os quatro mais recentes times de expansão. A média de idade em Nashville era de 27,1 no começo da temporada, a sétima mais jovem da liga. Com as contusões de veteranos como Scott Walker, Greg Johnson e Vitali Yachmenev, a média de idade caiu para 26,6. No seu último jogo, o elenco dos Preds tinha 18 jogadores com menos de 300 jogos no currículo, o que dá cerca de quatro temporadas da NHL.

Com a juventude vem a inconsistência. Como exemplo, tomemos Denis Arkhipov, que marcou 20 gols no ano passado e tem um até agora em 2002-03, ou Scott Hartnell, que, de 41 pontos no ano passado, passou para apenas dois neste.

"Dos três times (Nashville, Minnesota e Columbus), nós fomos o que escolheu colocar mais rápido os jovens no time", avalia Poile. "Nossa filosofia é que, no final das contas, estaremos melhores se os jogarmos no fogo de cara. Um time como o Minnesota escolheu deixar mais de seus principais prospectos nas ligas menores, ao invés de no elenco da NHL. Então a pergunta é se deveríamos ter deixado alguns dos nossos nas ligas menores ou de juniores, e esta pergunta não poderá ser respondida provavelmente por muitos anos".

A julgar pelos resultados até agora na temporada, o Nashville vai ter de confiar nesse futuro.

E o atacante Brett Hull, do Detroit, concorda com ele: "Cada um tem seu estilo e seu time. Se você vir a NFL e comparar o jeito que o Jacksonville [Jaguars] e o Carolina [Panthers] entraram, o Carolina chegou e se recheou de veteranos. Eles eram bons no começo, mas depois todos se aposentaram e eles foram direto para o chão. Então eu acho que você tem de ficar com os seus jovens e os desenvolver. Não vai ser fácil".

E não é para ser.

Alexandre Giesbrecht, 26 anos, continua ouvindo direto o novo CD de Jerry Cantrell.
VENDO OS OUTROS COMEMORAR A dura rotina do Nashville de Vladimir Orszagh (à direita) segue nesta temporada (Paul Warner/AP - 12/11/2002)
Edição atual | Edições anteriores | Sobre The Slot BR | Contato
© 2002 The Slot BR. Todos os direitos reservados.
É permitida a republicação do conteúdo escrito, desde que citada a fonte.
Página publicada em 18 de novembro de 2002.