Por Alessander Laurentino

Você já andou de montanha-russa? Sabe aquela ansiedade quando está subindo e depois vem uma queda súbita?

Bem, esse parece ser um sentimento constante para o pessoal do estado de Colúmbia Britânica, no Canadá, principalmente se for torcedor do Vancouver Canucks. O time tem sido marcado nas últimas temporadas por verdadeiros altos e baixos. O problema é que os baixos têm prejudicado mais do que os altos têm ajudado. Basta ver que, nas últimas temporadas, os Canucks tiveram dois tipos de campanha: uma primeira metade horrível, seguida de uma magnífica recuperação após o ano novo, ou então um início fulminante, para depois cair e acabar fora dos playoffs.

Devido a essas duas combinações de resultados, o time acabou ficando fora dos playoffs entre 1997 e 2000. No ano passado, o time começou muito mal, e, quando todos já davam o time como eliminado, por volta de janeiro e fevereiro o time de Vancouver surpreendeu a NHL e obteve uma seqüência inacreditável de vitórias, convincentes, contra os principais times da liga. A NHL se surpreendeu com o ataque formado por Todd Bertuzzi, Markus Naslund e Brendan Morrison, a consistência defensiva de Ed Jovanovski, Mathias Ohlund e Brent Sopel, além das grandes atuações de Dan Cloutier no gol.

Mas uma dúvida ficou no ar. Será que o time conseguiria manter o mesmo nível na temporada seguinte? A surpresa só não foi maior porque o time, após abrir 2-0 sobre o eventual campeão Detroit Red Wings nos playoffs, deixou o time americano virar a série.

Quando a atual temporada começou e os Canucks não conseguiam apresentar o mesmo padrão de jogo, logo surgiram comentaristas e analistas dizendo que o fogo do time era de palha no ano passado, e que o time não tinha a qualidade ou consistência necessárias para vencer novamente. O problema do time era simples: não conseguia marcar gols.

Até que a velha química resolveu dar as caras e parece que o time, aos poucos, vai encontrando sua melhor forma novamente. Os primeiros sinais disso foram as últimas vitórias sobre Wild, Avs, Coyotes, Blues, Kings e Rangers.

Em 18 partidas nesta temporada, Bertuzzi já acumula 21 pontos, enquanto Naslund e Morrison têm 19 cada um. Agora as demais linhas do time também vêm dando as caras nas partidas e Cloutier tem se mantido firme no gol. Na temporada passada eu já tinha comentado que esse é o melhor time do Canucks que eu já vi jogar, sem dúvida alguma. Não me recordo, em todos esses anos, de ter visto esse time com tamanha capacidade e força ofensiva, tanta qualidade na defesa e um goleiro, até o momento, confiável.

A posição de goleiro tem sido, de longe, a mais problemática do time nestas últimas cinco temporadas, quando já passaram por lá goleiros como Sean Burke, Arturs Irbe, Garth Snow, Kevin Weekes, Alfie Michaud, Corey Hirsch, Bob Essensa e até mesmo um Martin Brochu. Nenhum deles conseguiu se manter estável e acabaram saindo devido a sua inconstância e falta de regularidade. Com certeza a qualidade da defesa deixava a desejar na época, mas os goleiros também não contribuíram muita coisa. Em raras ocasiões eles foram capazes de vencer uma partida sozinhos, o que é esperado de um goleiro que possa ajudar um time a ser campeão, ou pelo menos, competitivo. E Dan Cloutier tem feito isso. Quando a defesa não ajuda e o ataque tem seus colapsos, ele tem sido decisivo, tanto na temporada anterior, como em algumas partidas da atual temporada.

Cloutier parece estar totalmente recuperado das falhas que ocorreram nas últimas duas partidas da série contra o Detroit nos playoffs e tem mostrado que é um goleiro confiável. Afinal, todo grande goleiro tem seus momentos ruins, e Cloutier ainda é um garoto jogando apenas a sua segunda temporada de verdade.

Espero que essa subida seja bem maior e mais demorada, e que os Canucks possam ir bem mais longe que na temporada passada. Por tudo isso, por ver quão bem o time tem jogado e conhecendo as possibilidades, eu tenho muito prazer em dizer ao Vancouver Canucks: bem-vindos à NHL.