| Por 
          Thomaz Alexandre
 No reencontro dos artilheiros, ninguém contava com o goleiro-herói. 
          Ninguém, exceto o próprio Johan Hedberg.
 
 Sem conseguir repetir na temporada passada seu sucesso da estréia 
          de 2000-01, quando levou os Penguins de Lemieux e Jagr às finais 
          do Leste, Moose chegou a ficar famoso por quebrar seus tacos contra 
          a própria trave em sinal de frustração, notadamente 
          em março e abril deste ano.
 
 Enfrentando isso, Hedberg se submeteu a seções de hipnose 
          na entressafra para recuperar a compostura e a tranqüilidade. Se 
          funcionou nesse sentido, sua atuação na última 
          terça-feira, por sua vez, recuperou de vez sua confiança. 
          E a de seus companheiros nele.
 
 Partindo com tudo para tirar o máximo das poucas chances que 
          criavam, os Penguins deram muitas chances no sentido oposto para os 
          Capitals, que vinham com três, quatro jogadores direto à 
          área de Hedberg. Isso para não falar das sete chances 
          em vantagem numérica que tiveram, todas infrutíferas frente 
          ao número 1 de preto e dourado. Hedberg esteve pronto para tudo, 
          com Shean Donovan e Wayne Primeau também contribuindo tremendamente 
          nessas situações.
 
 Para começar, 30 segundos após Alexandre Daigle ser punido 
          por uma segurada, Primeau lançou Donovan livre pela asa direita. 
          Cortando para o meio, ele colocou um suave chute nas costas de seu ex-companheiro 
          em Colorado, Craig Billington.
 
 Billington, reserva dos Caps, entrou na fogueira quando Kolzig se contundiu 
          ainda no aquecimento. Teve 21 defesas em 24 chutes sofridos, levando 
          sua campanha para 0-2-1. Vale lembrar que é leviano chamar Kolzig 
          de carrasco dos Pens, quando o sul-africano naturalizado alemão 
          guarda 8-12-4, com uma média de 3,28 gols sofridos contra o time 
          de Pittsburgh.
 
 Foi a sétima vez em nove jogos em que o Washington começou 
          perdendo, além de ter sofrido em todos os jogos pelo menos um 
          gol nas chamadas vantagens numéricas rápidas, aquelas 
          que duram menos de 2 minutos.
 
 Oito minutos depois de o Washington ser castigado em sua própria 
          vantagem numérica, foi a vez de a unidade de Pittsburgh fazer 
          o serviço. Convertendo rebote de Aleksey Morozov, Jan Hrdina 
          ampliou a vantagem para 2-0 e aí estava o primeiro período. 
          Lemieux recebeu a assistência secundária no gol e, quatro 
          minutos depois, recebeu também um disco desviado entre sua boca 
          e o nariz, precisando de 25 suturas.
 
 No duelo das estrelas, tanto Lemieux quanto Jagr terminaram com índice 
          -1. Mas Lemieux superou Jagr em todos os outros números, com 
          um gol, uma assistência e 25 suturas.
 
 Na volta para o segundo período, os Capitals continuaram pressionando 
          Hedberg. Peter Bondra, um dos maiores rivais do goleiro sueco, aproveitou-se 
          de jogada do ex-Penguin Kip Miller e da visão do goleiro encoberta 
          por Ian Moran para trazer o Washington a uma desvantagem de apenas um 
          gol. O que, desta vez, durou por dez minutos, até que Lemieux 
          viesse cobrar o preço de seu sangue derramado.
 
 Fazendo um passe-bala para Kovalev, Mario, Le Magnifique, viu seu colega 
          sendo negado por Billington. Dick Tarnström dominou o rebote, esperou, 
          esperou e, quando Lemieux voltou ao círculo esquerdo, serviu-lhe 
          para um chute de primeira: 3-1 em mais um gol de vantagem numérica. 
          Oitavo jogo seguido pontuando para Lemieux, marca que Kovalev também 
          igualava e que ambos mantêm crescendo (dez jogos quando do fechamento 
          desta edição).
 
 Por pouco os Penguins não saem do segundo período com 
          uma folga de dois gols. Mais uma vez jogando mais duro que o time da 
          casa em cinco-contra-cinco, o Washingon lutou para conseguir seu segundo 
          gol, saído das mãos de Jeff Halpern, que desde menino 
          aprendeu a odiar os Penguins em sua cidade natal, Potomac.
 
 Ele queria o empate, possivelmente a vitória. Seu gol contagiou 
          o time, que teve meios para isso no terceiro e último período.
 
 Já Johan Hedberg tinha planos diferentes. Lembrando os tempos 
          de seu primeiro shutout na NHL, justamente contra os Caps em 2001, ele 
          viu seus companheiros encurralados na zona defensiva, subjugados por 
          14-4 em chutes a gol no período, e acatou a única opção 
          que tinha: segurar a vitória sozinho.
 
 Foram duas vantagens numéricas contra. Uma delas, um seis-contra-quatro 
          proporcionado pela substituição de Billington pelo atacante 
          extra. Jaromir Jagr, incessantemente rondando a área adversária, 
          terminou o jogo com oito chutes, sendo um deles a três segundos 
          do fim, quando parecia que o goleiro era sua presa. Ao invés 
          de morder a isca de Jagr e se jogar pelo disco, Hedberg foi apenas com 
          a mão da luva em cima da lâmina do taco do tcheco, deixando 
          seu corpo diretamente em frente e fechando o lado oposto com o aparador. 
          Hedberg forçou, e Jagr não teve outra chance a não 
          ser acertá-lo com força no escudo dos Pens e ver o tempo 
          se esvair. Quando jogava do outro lado, Jagr geralmente acertava o fundo 
          da rede.
 
 Com 40 defesas em 42 chutes, Hedberg foi a estrela principal do jogo. 
          Mario Lemieux, com um gol e uma assistência, foi a segunda e Kip 
          Miller, dos Capitals, com duas assistências, +1 e 100% de aproveitamento 
          em cara-a-cara, foi a terceira.
 | 
           
            |  |  
            | AONDE VOCÊ PENSA QUE VAI? De 
              volta a Pittsburgh, o caminho do gol pareceu ter virado mistério 
              para Jagr (68). E Lemieux (66) não quis dar chance para que 
              ele o reencontrasse (Keith B. Srakocic/AP - 28/10/2002) |   
            |  |   
            |  |   
            | MOOOOOSE! Johan Hedberg recebe 
              os merecidos cumprimentos de Dan LaCouture após as vitória, 
              com 40 defesas (John Heller/Pittsburgh Post-Gazette - 28/10/2002) |   
            |  |  
           
            | Washington Capitals | 0 | 2 | 0 | 2 |   
            | Pittsburgh Penguins | 2 | 1 | 0 | 3 |   
            | PRIMEIRO PERÍODO 
                -- Gols: 1, Pittsburgh, Shean Donovan 1 (desvantagem 
                numérica) (Wayne Primeau), 5:56. 2, Pittsburgh, 
                Jan Hrdina 2 (vantagem numérica) (Aleksey Morozov, Mario 
                Lemieux), 13:13. Penalidades: A Daigle, Pit (holding), 
                5:21; K Klee, Was (tripping), 12:22; Banco, Was (Too many men), 
                13:55; D Tarnstrom, Pit (hooking), 14:49; A Kovalev, Pit (obstruction 
                tripping), 14:49; J Halpern, Was (cross checking), 19:10. |   
            | SEGUNDO PERÍODO 
                -- Gols: 3, Washington, Peter Bondra 4 (Kip Miller, Ken 
                Klee), 2:54. 4, Pittsburgh, Mario Lemieux 5 (Dick 
                Tarnstrom, Aleksey Kovalev), 12:49. 5, Washington, 
                Jeff Halpern 2 (Sergei Gonchar, Kip Miller), 19:53. Penalidades: 
                K Klee, Was (hooking), 11:38; V Nieminen, Pit (roughing), 13:59; 
                W Primeau, Pit (hooking), 17:28.
 |   
            | TERCEIRO PERÍODO -- Gols: 
              Nenhum. Penalidades: ; J Halpern, Was (tripping), 
              1:21; J Hrdina, Pit (tripping), 5:45; A Kovalev, Pit (hooking), 
              18:00. |   
            | Washington Capitals | 17 | 11 | 14 | 42 |   
            | Pittsburgh Penguins | 13 | 7 | 4 | 24 |   
            | Vantagem numérica: WAS 
                - 0 de 7, PIT - 2 de 5. Goleiros: Washington, Craig Billington 
                (24 chutes, 21 defesas; campanha: 0-2-1). Pittsburgh, Johan Hedberg 
                (42, 40; campanha: 4-0-2). Público: 14.303. Árbitros: 
                Chris Lee, Dan Marouelli. Assistentes de linha: Stephane 
                Provost, Troy Sartison. |  |