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23 de outubro de 2002
Thomaz: O verdadeiro Eric Lindros, queira ficar de pé

Por Thomaz Alexandre

Eric Lindros demorou cinco jogos para marcar seu primeiro gol da temporada.

Nada de estranho para um jogador que, por mais qualificado que seja, perdeu um jogo e fração de outro nos quatro compromissos anteriores.

Não, vocês erraram. Lindros não estava dando sinais de mais uma temporada empesteada de contusões e mais contusões. Pelo menos por enquanto.

O fato é que, por quase metade dos jogos disputados até agora, Lindros esteve uma vez suspenso e outra expulso. Mesmo após uma temporada relativamente tranqüila — eu disse relativamente, com 138 minutos de penalidade — em sua estréia pelos camisas azuis, a indisciplina e eventual covardia do antigo capitão Flyer não devem deixar de ser motivo de discussão.

Logo no segundo jogo da temporada, Lindros desferiu um golpe alto com a lâmina do taco contra o defensor Stephane Quintal, dos Canadiens. Nada de mais ocorreu com Quintal, e Lindros foi penalizado normalmente no momento da falta. Incapaz de produzir ofensivamente na noite, Lindros viu seus Rangers cair por 4-1 para os Habs, time que haviam varrido na temporada passada.

No dia seguinte o comitê disciplinar da NHL resolveu suspender Eric por uma partida. No cumprimento da suspensão, Lindros viu seus Rangers ser envergonhados na Mellon Arena pelos Penguins. 6-0 para o time da casa, que contava com seu goleiro reserva, Jean-Sebastien Aubin.

Para compensar aquilo que deixara faltar nas noites anteriores, Lindros certamente iria mostrar contra o Toronto Maple Leafs o vencedor do Troféu Hart para jogador mais valioso da liga que há alguns anos foi, jogando como um homem que é capaz de destruir um time.

O mais próximo que esteve foi de destruir o seu próprio time.

Com cinco minutos decorridos no segundo período, os Rangers perdiam por 1-0. Numa corrida pelo disco, Lindros chegou atrasado e acabou fazendo colidir a cabeça do também grandalhão Wade Belak contra as bordas. Lindros recebeu uma penalidade maior, uma advertência de 10 minutos por conduta anti-desportiva e, como previsto nas regras da NHL, uma expulsão automática.

Coincidência ou não, a linha principal de Nova York acordou para o jogo com a saída do seu camisa 88 e o deslocamento de Jamie Lundmark para a mesma. Participando de três gols, a linha alimentou uma reação do time, que venceu os Leafs: 5-4.

Após o jogo, várias reclamações do gerente geral Glen Sather quanto ao rigor dos árbitros para com Eric Lindros foram ouvidas. Ao que parece, sem nenhum sucesso junto a Andy Van Hellemond, ex-juiz, membro do Salão Da Fama, que hoje dirige o corpo de arbitragem da NHL.

Sather não está de todo enganado quando afirma que Eric é um jogador visado pelos oficiais. Agora, não é por ele ter maneirado durante seu ano de estréia em Manhattan que essa postura da arbitragem deixaria de ser justificada.

Lindros é uma figura grande e forte. Um dos maiores talentos da liga. Só que também sabe, e seus adversários não menos, que sua saúde é suspeita e que está sempre ao alcance das lesões. E, mesmo assim, parece que não é capaz de amadurecer e perceber que sua postura de garoto metido a malvado só pode prejudicar a si mesmo: não apenas nas mãos da arbitragem, mas também nas mãos de um Wade Belak ou qualquer outro intimidador. Todos eles podem resistir a mais golpes na cabeça que você, Eric.

Não há dúvidas de que esse mesmo jogador foi instrumental para que fosse salvo um empate contra os desgovernados Sabres. Mas quantas vezes na temporada será esse Eric Lindros a entrar no gelo? E vou além: quantas vezes qualquer uma das facetas de Eric Lindros lhe permitirão jogar, em meio a contusões e desvios de comportamento?

Thomaz Alexandre aposta que os Rangers 2003 vão custar mais milhões de dólares por ponto ganho do que qualquer time na história. Até que a versão 2004 venha batê-los, é claro.
 
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Página publicada em 21 de outubro de 2002.