Por
Alessander Laurentino*
Contrariando todas as previsões e apostas, eu acho que o Carolina Hurricanes
tem todas as chances de bater o todo-poderoso Detroit Red Wings na final
da Stanley Cup. Se estou brincando? A resposta é um sonoro não! O Detroit
Red Wings foi montado nessa temporada para ser campeão e qualquer resultado
que não seja o título máximo do hóquei será considerado um fracasso
em Motown.
Não bastam Troféu dos Presidentes, recorde de vitórias, pontos, título
da divisão nem a conquista do campeonato da Conferência Oeste. Se a
turma de Hasek, Yzerman, Hull, Fedorov, Robitaille, Lidstrom e Chelios
não levar a taça de Lorde Stanley para a Joe Louis Arena a imprensa
e a torcida provavelmente cairão em cima do time.
Do outro lado, o inesperado e surpreendente Carolina Hurricanes, o antigo
Hartford Whalers. Muitos analistas e comentaristas consideram injusta
e desmerecida a presença dos Hurricanes nesta final. Eu não concordo.
Um time que vence três séries melhor-de-7 sem chegar ao jogo 7
em nenhuma delas não pode ser considerado apenas um azarão. Esse time
tem que ter algo de bom; esse time deve ter algo de bom.
E tem.
Os Hurricanes contam com a maior vantagem que um time pode ter em uma
final de qualquer esporte: ser considerado um azarão. Ao contrário do
Detroit, os Hurricanes já superaram de longe todas as expectativas de
sua torcida, sua imprensa e sua diretoria. Eles já são considerados
vencedores. E realmente o são. Se perderem na finalíssima para o Detroit,
o resultado será considerado normal e eles serão festejados durante
os próximos meses por seus torcedores. O que se dizer então se eles
vencerem o supertime de craques do Detroit? Eles estarão nos céus.
O Carolina Hurricanes entrou na final sem compromisso com a vitória.
Prestem bem atenção. Eu disse "sem compromisso", não falei sem vontade.
Os Hurricanes sabem que o favoritismo é total do Detroit e que os veteranos
vencedores estarão pressionados por Deus e o mundo para conseguir esse
título. Não adianta agora na final querer descobrir uma fórmula mágica
para derrotar o favoritismo do Detroit. Então resta aos Hurricanes fazer
o que têm feito de melhor nesses playoffs, quando foram sempre
considerados os azarões: jogar. E jogar de forma simples e objetiva
como têm feito nas últimas semanas. Com essa forma simples de jogar,
o Carolina foi vencendo seus adversários e derrubando um a um. Primeiro
o sempre favorito New Jersey Devils, em seguida o desfalcado Montreal
Canadiens e, por último, o sempre difícil Toronto Maple Leafs.
Na outra ponta, o Detroit, após tomar um susto, conseguiu virar a série
e bater o Vancouver Canucks em seis partidas, depois o St. Louis Blues
e, por último, o rival Colorado Avalanche em sete partidas desgastantes.
Vamos esperar então para ver se a turma de Arturs Irbe, Jeff O'Neill,
Rod Brind'Amour, Bates Batagglia e Ron Francis consegue surpreender
alguns e presentear os poucos que acreditam no seu potencial, assim
como eu acredito.
Meu palpite: Hurricanes 4-3 na série.
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Alessander Laurentino colabora com The Slot BR e escreveu esta
coluna antes do jogo 3.
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