Por
Marcelo Constantino
Bobby Francis é demitido do Phoenix Coyotes -- Francis não era
o problema dos Coyotes, e isso parece ser consenso. Até as terríveis
últimas semanas o time vinha fazendo um bom papel numa temporada em
que, lá no início, ninguém acreditava que eles chegariam aos playoffs.
Por um momento, especialmente durante a fantástica série de shutouts
de Brian Boucher, acreditou-se que isso era possível.
Mas não é, até porque a gerência posiciona-se claramente como vendedora
de jogadores, não como uma que busca talentos para uma corrida mais
longa. Logo depois da ascensão de Boucher, Sean Burke finalmente foi
negociado, encerrando a boataria acerca de qual time oferecia tanto
por ele, que já durava uns dois anos. Só que uma coisa é você
deixar seu time nas costas de Burke, outra é deixar nas costas de Boucher;
há quilômetros de bagagem de diferença.
A leitura que se faz é simples: a gerência não acreditava em playoffs
este ano. Dese quando você se desfaz de seu principal goleiro no meio
da temporada se você planeja um vôo mais alto? A gerência demitiu Francis,
detentor de um Troféu Jack Adams com os Yotes, veiculando que o motivo
era que o time estava praticamente eliminado da corrida pelos playoffs
com ele no comando (Wayne Gretzky afirmou esperar que Rick Bowness [o
novo técnico] leve o time até a pós-temporada). Mentira. O modo como
age a gerência dos Coyotes não condiz com esperanças de playoffs.
Joel Quenneville é demitido do St. Louis Blues -- Verdade seja dita,
a campanha dos Blues é um dos maiores desastres atualmente (ainda que
consideremos também a progressiva queda dos Thrashers na temporada).
Podem jogar a culpa disso nas contusões de jogadores-chave, no retorno
de Osgood à sua velha forma (ou seja, deus nos acuda!), na queda de
rendimento de jogadores importantes, como Keith Tkachuk, no que for.
Não cola. Um time desses não é para estar num patamar tão medíocre a
esta altura da temporada, decaindo a ponto de estar cambaleando por
uma vaga nos playoffs.
Este é um time que há vários e vários anos se classifica para os playoffs.
Tudo bem, geralmente é apenas para fazer figuração e/ou perder para
os Red Wings. Independentemente da crença de que Quenneville faz um
bom trabalho com o time, o fato é que os Blues parecem não avançar além
desse patamar. Não há grandes limitações financeiras, dois dos maiores
defensores da liga jogam lá (será mesmo que eles abriram as portas
para a saída de Chris Pronger?!), há um bom plantel de atacantes,
há um trabalho bem considerado da comissão técnica e, ainda assim, nenhuma
final de Copa Stanley, pelo menos. No Oeste dominado por Wings, Avs
e Stars nessa década, os Blues jamais apareceram como um grande favorito,
nem mesmo quando conquistaram o Troféu dos Presidentes, em 2000. Daquela
os algozes vez nem foram os Wings, havia tubarões no caminho, e logo
na primeira fase.
Ou seja, ainda que o problema não esteja no comando do time, é como
se o tempo de Quenneville estivesse mesmo no fim. E disputar vaga de
playoffs com esse time é mesmo o fim. O destino natural dele
pode ser o time-problema da liga, de que tratamos logo abaixo.
Glen Sather demite a si próprio do cargo de treinador do New York Rangers
-- Difícil saber o que é pior, se o Glen Sather gerente ou o Glen
Sather treinador. Vejamos: um gerente normalmente busca formar a equipe
em comum acordo com a comissão técnica; nesse caso as duas figuras eram
apenas uma. Sather, o gerente, comprava o que lhe aparecia de caro pela
frente, e Sather, o treinador, tentava (?) fazer com que o bando jogasse
alguma coisa no gelo.
Mal ou bem, no fim das contas muito mal, Sather, o gerente, conseguia
comprar o que queria. Também, o que os Rangers conseguiam, pelo preço
que eles pagavam, ninguém mais pagaria para ter. Sather, o treinador,
com uma equipe cara e cheia de estrelas na mão, não conseguia sequer
levar o time (?) aos playoffs.
Agora falta alguém demitir Glen Sather do cargo de gerente dos Rangers.
Não sei se resolve, mas certamente abre caminho para um novo time. Mas
fica aqui a pergunta a todos: o que tem sido pior, Sather gerente ou
treinador? Mande sua resposta.
Robert Lang é contratado pelo Detroit Red Wings -- Eis que um dos
times que mais precisavam de um "central grande e forte" contrata um
central que pode não ser exatamente nem grande nem forte, mas que tem
uma estatura muito boa para o jogo. Não é também precisamente o que
o time mais prescindia, que seria um central com um melhor jogo defensivo,
para cobrir parte do papel que Sergei Fedorov executava. Mas estamos
falando do líder em pontos da NHL, ora! E, pela estréia contra os Flyers,
tudo indica que Lang segue quentíssimo.
Sobre o preço supostamente alto que foi pago, lembrem-se: em primeiro
lugar, nada sai barato quando os Wings estão comprando. Em segundo,
os olheiros do time fazem um trabalho muito melhor recrutando jogadores
naquelas rodadas em que ninguém presta a atenção (Pavel Datsyuk: 171ª
escolha de 1998; Henrik Zetterberg: 210ª de 1999; Vladimir Konstantinov:
221ª de 1989; Thomas Holmstrom: 257ª de 1994) do que com escolhas altas
(Anders Eriksson: 22ª de 1993; Yan Golubovsky: 23ª de 1994; Maxim Kuznetsov:
26ª de 1995; Jesse Wallin: 26ª de 1996). Em terceiro, repito: estamos
falando do líder em pontos da NHL!
Semana podre do Avalanche -- Antes de começar a temporada muitos
disseram que o ataque dos Avs não seria tão mortal como se imaginava
com a chegada de Teemu Selanne e Paul Kariya e que a dupla dificilmente
reviveria os bons tempos de Anaheim. Estavam certos. Ainda assim, creio
que nem mesmo os mais pessimistas esperavam uma produção tão baixa dos
dois.
Os maus resultados da semana (até segunda-feira, dia 01) revelaram
problemas na defesa (levaram cinco gols dos Blue Jackets) e no ataque
(sofreram dois shutouts). A defesa está sem Rob Blake e ainda perdeu
o reforço recente de Bob Boughner, mas o ataque está todo lá. Inclusive
as feras da casa, Sakic, Forsberg e Hejduk. Inadmissível, mas é apenas
um lapso numa temporada de 82 jogos.
O mercado de trocas -- Essa parte da matéria já
estava pronta quando Sergei Golchar foi negociado para os Bruins e os
Rangers começaram a rifar o time pela liga. Eram para ser pitacos
sobre os boatos que circulavam, mas a maior parte deles já deixaram
de ser meros boatos! Fica para a próxima edição,
quando tradicionalmente analisaremos as trocas que serão realizadas
no (ou até o) dia-limite de trocas.
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Marcelo
Constantino gostaria de ver Rod Brind'Amour disputando os
playoffs novamente, num time em condições de chegar ao título.. |
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AGORA É ASSIM Os Blues
mal conseguem marcar mais de dois gols numa partida, mas sofrer
é fácil. Sem Al MacInnis e Barret Jackman na defesa
e com Chris Osgood no gol então, tudo fica mais fácil.
Para os adversários, claro. E quem sofre é o (ex-)técnico
Joel Quenneville (Richard Lam/AP - 28/02/04) |
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ADEUS, JACK ADAMS A foto é
do final de janeiro, quando as coisas já estavam ruins. Depois,
pioraram (Paul Connors/AP - 29/01/04) |
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MENOS UM! Glen Sather já
não nos diverte mais como treinador dos Rangers, agora só
falta a franquia arrumar um novo gerente geral (Chris Gardner/AP
- 08/02/03) |
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