Por Alexandre Giesbrecht

Teorias da conspiração a respeito do possível locaute na próxima temporada já pipocam por aí. A moda agora é ligar as negociações do acordo coletivo de trabalho às mudanças de regras anunciadas na semana passada. Alexei Kovalev costumava dizer que a média de gols por jogo estava baixa porque os donos de times queriam assim. Quanto mais os jogadores marcassem gols, mais eles teriam de receber. Seguindo essa linha de pensamento, o comissário Gary Bettman pode ter decidido que poderia soltar as estrelas do esporte assim que os donos de times tivessem a garantia de salários mais baixos.

Outra teoria: os executivos da emissora de televisão com quem Bettman tem de negociar um novo contrato antes da próxima temporada deixaram claro que querem mudanças para o esporte ficar mais empolgante. Desta vez, eles não pediram discos iluminados ou câmeras dentro das traves; pediram mais gols. E, quando eles reclamam, Bettman não tem como ignorar.

Apesar de toda a atenção que o anúncio por parte da liga de que os times tiveram um prejuízo combinado de US$ 273 milhões na última temporada, quase ninguém percebeu que o prejuízo não é recente. Há cinco temporadas, por exemplo, os times perderam US$ 234 milhões, de acordo com números divulgados pela liga. Eles perderam ao menos US$ 120 milhões em cada uma das três temporadas que se seguiram.

Don Cherry, o comentarista canadense mais polêmico, recentemente foi repreendido pelo canal de televisão onde trabalha, por ter dito no ar que a maioria dos jogadores da NHL que usa viseiras são "europeus ou [franco-canadenses]". Uma pesquisa feita depois pelo jornal Toronto Star provou que seu comentário não era tão absurdo assim. Cerca de um terço (232) dos 728 jogadores da liga usam viseiras. Desses, 50,4% são europeus. Dos 66 jogadores nascidos na província de Quebec, 39,3% usam viseiras, uma porcentagem maior que entre os canadenses de outras províncias (20,1%) ou americanos (23%).

A NHL está começando a incentivar a Associação de Jogadores da NHL a tornar as viseiras obrigatórias, mas discussões sérias a respeito não são esperadas enquanto o acordo coletivo de trabalho estiver sendo negociado. Como os capacetes, as viseiras seriam obrigatórias apenas para os novos jogadores, mantendo-se opcional para os veteranos.

Apesar de estar com a mandíbula fechada, por causa de um disco que chocou-se violentamente contra seu rosto na semana passada, Jeremy Roenick deu declarações bombvásticas ao jornal Philadelphia Inquirer: "Estou refletindo sobre várias coisas agora e não descarto a possibilidade de me aposentar." Depois de nada menos que nove concussões, a aposentadoria precoce é uma opção razoável.

Na falta de gol dos jogadores de linha... Mika Noronen, do Buffalo, tornou-se o oitavo goleiro na história da NHL a marcar um gol. Só que, na verdade, foi Robert Reichel, do Toronto, que mandou o disco contra sua própria rede vazia, com um passe errado. Como Noronen tinha sido o último jogador dos Sabres a tocar no disco, com uma defesa com seu protetor de pernas, ele acabou creditado com o gol, mas apenas dez minutos depois do fim da partida. Por isso, não pôde comemorar na hora. "Quem sabe na próxima vez", brincou o goleiro. O último arqueiro a marcar um gol tinha sido José Théodore, do Montreal, em 2 de janeiro de 2001, contra os Islanders.

Com um par de assistências durante a vitória de seu Anaheim por 2-1 contra o Vancouver, o atacante Sergei Fedorov tornou-se o primeiro jogador russo a alcançar a marca de mil pontos na NHL. Ele agora tem 419 gols e 582 assistências, com um total de 1001 pontos.

O San Jose desferiu 50 chutes na sua vitória por 2-1 contra o Columbus, na prorrogação, o que estabeleceu um novo recorde para a franquia. As 48 defesas do goleiro Marc Denis, dos Blue Jackets, também representaram um recorde para o Columbus.

O Pittsburgh Penguins pode acabar a temporada com dois goleiros que a começaram no Wilkes-Barre/Scranton Penguins, da AHL. Na terça-feira, os Pens chamaram Andy Chiodo, de 20 anos (recrutado com a 199.ª escolha em 2003), para se juntar a Jean-Sébastien Aubin no time de cima, enquanto Sebastien Caron vai para a AHL pela segunda vez em 2003-04. Caron, que assinou um contrato de quatro anos no último verão do hemisfério norte, tem ido muito mal nesta temporada, com 5-22-3, uma média de 3,91 gols sofridos por jogo e 87,9% de defesas. Caron começou a temporada em Pittsburgh, como reserva da primeira escolha do último recrutamento, Marc-Andre Fleury, que há pouco menos de um mês foi mandado por motivos financeiros de volta para o Cape Breton Screaming Eagles, da QMJHL. Por enquanto, Aubin é o titular novamente, apesar de a diretoria do time estar com uma boa impressão do trabalho de Chiodo no time de baixo.

Por falar nos Penguins, as coisas não vão nada bem por lá. Na segunda-feira, o time foi goleado em casa por 8-4 pelo Toronto. Mas não foi só isso. O resultado garantiu à franquia o recorde da liga de derrotas seguidas em casa, com 12. E contando.