Por
Rafael Roberto
Na classificação geral, até a rodada de segunda-feira, o Colorado Avalanche
tinha a mesma quantidade de pontos que o Philadelphia Flyers, mas com
duas partidas a menos; na classificação da Conferência Oeste, o clube
de Denver estava dois pontos à frente do Detroit Red Wings com um jogo
a menos; na Divisão Noroeste, os Avs tinham seis pontos de vantagem
sobre o Vancouver Canucks com duas partidas a menos. Além dessa boa
vantagem na tabela de classificação, o Colorado possui também o melhor
aproveitamento em situações de vantagem numérica em toda a liga, dois
jogadores entre os cinco maiores artilheiros da NHL e uma seqüência
de doze jogos pontuando.
Mas o que tem feito o Avalanche um time tão eficiente?
Goleiro consistente -- David Aebischer pode ser considerado a primeira
resposta para a pergunta acima. Ele chocou a todos por fazer o time
não sentir a falta de Patrick Roy.
Antes de começar sua quarta temporada, Aebischer trabalhou a mente para
suportar as pressões de ser o substituto do maior goleiro de todos os
tempos, as pressões de ser o goleiro de um time cheio de estrelas e
que não aceitar nenhum outro resultado a não ser o título e os rumores
da mídia de que ele não era um goleiro capaz de vencer uma Copa Stanley
e que o Avalanche precisava de um goleiro confiável.
Durante a pré-temporada Abby trabalhou para superar tudo isso. Preparou
o corpo para as provações de ser o goleiro titular, porque uma coisa
é jogar ocasionalmente e outra é jogar regularmente. Fez uma dieta para
ganhar peso, mas sem comprometer sua mobilidade em baixo das traves.
Agora, 44 jogos depois, Abby possui uma mobilidade muito maior da que
tinha nas temporadas passadas, seus reflexos estão mais apurados, seus
números estão melhores que os de Roy nessa altura da temporada passada,
ele vem deixando o time sempre vivo e com chance de vitória em todos
os jogos e ganhou a confiança de todos do clube.
Porem, o verdadeiro teste só virá na pós-temporada, quando ele realmente
terá de confirmar sua boa fase quando o jogo se torna mais mental e
detalhista. Quando as pressões que ele minimizou com suas grandes defesas
voltarão com intensidade ainda maior.
Defesa sólida -- Na frente de Aebischer, fazendo a sua proteção,
está uma defesa sólida, consistente e bem eficiente que vem surpreendendo
muita gente. Mesmo bastante enfraquecida com a saída de Greg DeVries
e Brian Marchment o atual sistema defensivo do Avalanche é um dos melhores
da breve história do clube. John-Michael Liles e Karlis Skrastins estão
surpreendendo, Martin Skoula recuperou seu bom jogo, Derek Morris teve
um começo muito ruim mas vem recuperando suas boas atuações da ultima
temporada e Adam Foote continua eficiente e físico como sempre.
Porém, ninguém se destaca mais nesta defesa do que Rob Blake. Considerado
um dos grandes favoritos ao Troféu Norris, concedido ao melhor defensor
da liga, Blake combina o jogo físico dos defensores mais duros da NHL
com boas subidas ao ataque e, como resultado, possui 40 pontos na temporada,
mais dos que muitos atacantes da NHL, e um +/- de +13.
Além de atuações magníficas, fora do gelo Blake dá aos companheiros
as maiores razões para acreditar que o Avalanche pode ser campeão. "Existem
poucas organizações que realmente tem a chance de vencer e o Avalanche
é uma delas", disse ele ao Denver Post certa ocasião.
Agora Blake está machucado e não tem data para voltar. A fratura na
perna esquerda foi causada pelos discos que ele bloqueou e o impacto
de sua ausência ainda não foi tão sentido, já que ele está de fora a
apenas três jogos e nestas três partidas os outros membros do sistema
defensivo conseguiram elevar um pouco seu jogo a ponto de suprir sua
ausência.
Forte ataque -- No ataque o Avalanche tem, em teoria, as melhores
duas primeiras linhas de toda a NHL. Na prática isso não vem acontecendo
porque Teemu Selanne e Paul Kariya estão em má fase. Selanne está bem
longe do que era esperado dele a ponto de passar mais tempo jogando
na terceira linha do que na segunda. Já Kariya foi bastante prejudicado
pelas contusões e ainda não se encontrou no gelo depois do ultimo problema
no pulso.
Joe Sakic, que deveria centrar os dois, joga com vários companheiros
durante a partida. No jogo contra o Detroit Red Wings o capitão jogou
com cinco asas diferentes e a cada turno o treinador Tony Granato tentava
uma combinação diferente. Ainda assim Sakic tem conseguido grandes atuações,
sendo um dos artilheiros da atual temporada, o que prova que se Kariya
a Selanne estivessem numa fase ao menos razoável esta linha poderia
ser uma das mais dominantes da liga.
Mas quem realmente vem dominando é Peter Forsberg. Ele é o melhor jogador
de hóquei da atualidade. Com um talento que ninguém tem hoje e que poucos
já tiveram na história do esporte, Forsberg é capaz de fazer qualquer
coisa no gelo. Se não fossem as contusões, ele acabaria a temporada
com 127 pontos e o Avalanche provavelmente não teria nem dez derrotas
nesta altura da temporada porque, quando ele marca gols, o Avalanche
tem uma campanha de 120-14-19-5, um aproveitamento de 83,54%.
Forsberg joga com Milan Hejduk e Alex Tanguay e o motivo pelo qual essa
linha é tão eficiente é que nela ocorre a combinação perfeita de tipos
diferentes de jogadores. Forsberg dispensa comentários na criação das
jogadas, Hejduk é o goleador da linha, finaliza como poucos, e Tanguay
é aquele que movimenta todos os dois com seus passes, confundindo a
defesa adversária.
Além das estrelas, o Avalanche não vem tendo grande contribuição ofensiva
devido a várias contusões. Marek Svatos, Dan Hinote e Steve Konowalchuk
poderia fazer uma interessante terceira linha não fosse a contusão dos
dois primeiros.
Mesmo com todas as contusões e a falta de eficiência dos substitutos,
as estrelas estão carregando o ataque nas costas. Hoje ele é o terceiro
melhor da liga. O ataque, aliado à eficiência da defesa e às boas atuações
de Aebischer, vem dando a chance do Avalanche se distanciar na tabela
e conseguir destaque em várias categorias da liga. Rafael Roberto escreveu
esta matéria ainda na ressaca do fim de semana quando teve uma festa
que começou na sexta a noite e acabou no domingo pela manhã.
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Rafael Roberto escreveu esta matéria
ainda na ressaca do fim de semana quando teve uma festa que começou
na sexta a noite e acabou no domingo pela manhã. |
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